Capítulo 9: Sangue Frio.

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Era uma noite tranquila, na medida do possível. A neve caindo incessantemente fazia daquela noite fria um prelúdio para o árduo trabalho que aguardava ao amanhecer. Mas sob o véu da escuridão e do silêncio opressor, figuras encapuzadas moviam-se com uma missão a ser cumprida.

Corvo, o líder daquele bando de sombras, lançava olhares calculistas para o castelo e para seus companheiros. Eles eram dez ao todo, vestidos com mantos negros que os tornavam quase invisíveis na  noite. A estratégia estava clara em sua mente: nove invadiriam o castelo, cinco deles serviriam de suporte para vigiar os guardas, enquanto os outros quatro teriam a tarefa mais perigosa – entrar no quarto da princesa.

— Vamos. — disse Corvo, sua voz baixa cortando o silêncio como uma lâmina afiada. As nove sombras saltaram entre as árvores com agilidade felina, enquanto uma décima figura permanecia oculta nas trevas, observando.

A invasão do castelo seria surpreendentemente fácil. Devido à situação peculiar de Serena e seus poderes incontroláveis, a maioria dos guardas permanecia do lado de fora das muralhas, deixando apenas dois ou três dentro do castelo para vigiar pontos estratégicos como a entrada dos aposentos reais. Uma falha grande em Cirgo, muitos soldados são mandados para defenderem as ruas, então locais como o castelo não são tão bem guardados. Decisão do próprio rei.

A distração necessária para neutralizar o guarda em frente ao quarto de Serena foi simples mas eficaz. Uma ilusão de névoa conjurada sutilmente fez com que ele visse uma criança perdida nos corredores do castelo, desviando sua atenção e permitindo que o grupo de Corvo se aproximasse da porta do quarto sem serem notados.

A barreira mágica era o único obstáculo restante. Impenetrável por meios normais, mas não para aqueles preparados com artefatos mágicos. Com uma runa negra em mãos, um dos assassinos desativou a barreira com um toque sutil. As runas eram dispositivos pequenos mas poderosos, criados para que cavaleiros pudessem lidar com imprevistos mágicos – e a runa negra era excepcionalmente eficaz contra barreiras e defesas.

Essas coisinhas redondas são um salva vidas em certas situações.

Para garantir que nenhum frio emanado pela princesa os afetasse durante a operação, o grupo utilizou uma runa azul para aumentar sua [Resistência ao Frio]. Era um detalhe pequeno, mas crucial para assegurar o sucesso da missão.

Com a barreira desativada e suas defesas reforçadas, os assassinos adentraram o quarto silenciosamente. O ar estava frio e pesado com a presença do gelo mágico que permeava cada canto do ambiente. E lá estava ela – Serena Snowfall – dormindo pacificamente em sua cama, alheia ao perigo que se aproximava.

O quarto de Serena era um santuário de gelo, refletindo a própria essência da princesa. Cada superfície, cada objeto, estava coberto por uma camada de gelo cristalino, brilhando levemente com o pouco brilho da lua que se infiltrava pelas cortinas congeladas das janelas. O chão era um espelho traiçoeiro, tão liso e frio que um passo em falso poderia ecoar como um trovão no silêncio mortal.

Os assassinos sentiam o peso opressivo do silêncio enquanto avançavam, cada respiração soando como um rugido em seus ouvidos, e seus corações batendo como tambores ensurdecedores. Cada passo era um exercício de controle absoluto, pois qualquer deslize poderia despertar a princesa e desencadear uma tempestade de gelo fatal.

Corvo liderava o grupo com uma cautela extrema, seus olhos percorrendo cada centímetro do chão congelado. Ele sabia que o gelo não era apenas uma barreira física; era uma manifestação do poder de Serena, uma defesa instintiva que poderia reagir ao menor sinal de ameaça.

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