— Como estão as coisas na fronteira Oeste, Capitão? — indagou Niklaus casualmente ao seu comandado.
— General Salim — cumprimentou Artur, prestando continência a Niklaus, pedindo silenciosamente permissão para falar. Um aceno de cabeça deu-lhe a permissão. — A situação na fronteira com o Estado vizinho já foi regularizada. Os invasores fugiram ao ver nosso pequeno grupo.
— Ótimo — disse Niklaus, sorrindo perversamente. Um bando de cães sarnentos não era nenhum incômodo. Niklaus nem se deu ao trabalho de resolver o problema ele mesmo: mandou seu Capitão e um pequeno grupo de soldados. A intenção era assustar e espantar. Aparentemente funcionou.
Seu exército era o melhor do país, modéstia à parte. E não era só Niklaus que achava isso. Ao longo dos anos, foram só elogios — não que eles importassem tanto assim. O Esquadrão Zeta e Niklaus Emir-Salim haviam recebido a nomenclatura de melhores do país por três anos consecutivos. O reconhecimento através de prêmios apenas fazia o número de inimigos crescer.
— Ca-capitão! — A voz eufórica de Noah soou no corredor. Ao ver Niklaus ao lado de Artur, ele endireitou-se e prestou continência. — Ge-General, permissão para falar?
— Permissão concedida — murmurou Niklaus, desinteressado, observando o Subtenente assentir.
Noah, com seu cabelo cor de mel e seus olhos tão verdes quanto a água do mar, inclinou-se na direção de Artur e sussurrou algo em seu ouvido. Este o ouvia atentamente, fazendo careta de tempos em tempos, porém sem interrompê-lo.
Parecia ser algo importante. Talvez tivesse acontecido algo na ida à fronteira.
— Certo, eu já vou resolver isso. Com certeza o enforcaremos diante de todos. Preciso só resolver algo antes, mas vou fazer ainda hoje. — Ante a resposta de Artur, Noah acenou positivamente.
Agora, além de intrigado, Niklaus estava curioso. Enforcar? Quem? E por que ele não estava sabendo de nada? O que significava aquilo?
— Artur. Bennett — chamou o General lentamente, vendo com satisfação Artur endurecer-se no lugar. O líder só se dirigia a alguém pelo nome completo quando algo sério acontecia. — Há algo que você queira dividir comigo?
E aquele "queira" soava mais como um "deve", "vai" e até "tem a obrigação de". O Capitão hesitou em erguer os olhos, contudo, conhecendo o temperamento explosivo do líder, encarou-o antes de engolir em seco.
— Se-senhor... — começou, medindo cuidadosamente suas palavras. — Enquanto patrulhávamos a fronteira, para ter certeza que os invasores se retiraram, encontramos um corpo.
— Prossiga.
— Trouxemos ele para cá e o questionamos, mas ele se recusa a falar! Nem diz seu nome! Foi decidido, por sugestão do Tenente-coronel, que o enforquemos e o penduremos na fronteira, mostrando aos inimigos do que somos feitos.
Havia satisfação na voz de Artur em dizer aquelas palavras. Também havia receio em ser o mensageiro das novidades. Não era segredo para ninguém que Niklaus se tornava violento quando estava estressado — era difícil adivinhar quando ele o estava; ele tinha matado alguns mensageiros ao longo dos anos.
— E planejam fazer isso sem me consultarem? — Os olhos verdes se cerraram, ameaçadores.
— E-eu disse isso ao Tenente-coronel, mas ele disse que não incomodássemos o Senhor com futilidades — respondeu, temendo que a culpa caísse sobre si.
— Sou eu que decido o que é futilidade e o que não é, não o Tenente-coronel por mim — resmungou Niklaus, crispando os lábios. — Quero que escolte a tal pessoa e a leve até meus aposentos, deixe-a lá e fique esperando do lado de fora até que eu volte. Irei interrogá-la eu mesmo — decretou, recebendo um aceno de Artur.
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[Degustação] Entre flores e espinhos (Romance gay)
FantasyLivro completo disponível no site: http://goo.gl/JZhrLp O continente de Lubrix é dividido em cinco Estados: Avalanche, Cascatas, Deserto, Nevaska e Tempestade. Nos últimos anos, após a Guerra de Solange, Avalanche vem crescendo política e economicam...