— Graças a Deus que tudo terminou bem! — gracejou Ramon, suspirando aliviado.
Ele estava ao lado de Alano, estralando os ossos do pescoço, tensos pela luta complicada de alguns minutos atrás. O clima havia esquentado muito na arena quando Erick apareceu, anunciando que o novato tinha sido aceito no Esquadrão Zeta do Estado de Avalanche. E que ele ficaria sob a tutela de Niklaus. Vários soldados murmuraram, mas, quando Niklaus apareceu na arena, chamando Alano com a mão, todos ficaram quietos.
O que Niklaus dizia era lei. Dentro do Esquadrão Zeta, o General era a força maior. Todos o seguiam não porque ele exigia, mas sim porque confiavam nele como seu líder. Sabiam o quanto Niklaus era bom e que obedecê-lo era o caminho certo para a prosperidade. Mesmo que ele fosse jovem, não tendo sequer chegado aos trinta anos — o que deixava os anciões de Avalanche revoltados —, Niklaus possuía tato. Era isso que fazia dele um ótimo líder: ele sabia como lidar com seu Esquadrão. Mesmo que o Esquadrão fosse grande e influente, o maior do Estado Avalanche, Niklaus era capaz de manter a ordem com uma agilidade surpreendente.
Quando Alano alcançou Niklaus, ele abaixou-se sobre seu joelho, agachando-se diante do líder em sinal de respeito. Aquilo chocou a todos. A posição de inferioridade e humildade era um símbolo de fidelidade ao Esquadrão. Prostrar-se ante o líder era um ato antigo, pouco usado nos últimos tempos, mas ainda havia os mais cultos, conhecedores dos rituais antiquados. Parecia ser o caso de Alano.
— Não se humilhe a mim, ande sempre com a cabeça erguida — comentou Niklaus, segurando o rosto de Alano e ajudando-o a se levantar. — Você está sob meus cuidados até que peça para sair. Mesmo que, um dia, saia da minha retaguarda, estarei sempre de braços abertos caso queira voltar. Velarei por você onde quer que esteja, agindo pelos bastidores.
Assentindo, Alano manteve-se atento, encarando o líder com respeito e reconhecimento.
— Parabéns por sua admissão. Estou ansioso para começar a interagir com você — disse Niklaus, sério, colocando as mãos nos bolsos.
— Obrigado, Senhor. Igualmente, Senhor.
— Não precisa ser tão formal, Alano — repreendeu, vendo os ombros dele relaxarem. — Vamos.
Caminhando lado a lado, os dois saíram da arena, sendo seguidos de longe por outros soldados. A intenção era voltar à rotina normal do Esquadrão, e era isso o que todos fariam. Transitavam de um lado a outro, trazendo de volta à arena os equipamentos de treinamento. Alano e Niklaus observavam os lugares por onde passavam, vendo como os corredores estavam cheios de homens rindo, conversando e gesticulando. Todos olhavam para os dois, prestando mais atenção a Alano. Alguns até cochichavam e apontavam, mas nunca encaravam Niklaus. Temiam-no.
Por fim, nem Niklaus nem Alano se importavam. Estavam perdidos em seus próprios pensamentos. Enquanto o primeiro pensava no que precisava fazer para acomodar o rapaz, novo integrante de seu grupo, o outro pensava em tudo o que havia sentido dentro da arena. Aqueles sentimentos o haviam confundido, fazendo sua mente se perder, o que causou sua falta de controle, liberando seu lado obscuro. Havia prometido para si mesmo que aquilo não voltaria a acontecer, mas, pelo visto, ainda não estava cem por cento apto a manter aquele poder dormente dentro de si.
~o~
— Você está bem? — indagou Niklaus quando entraram em seu quarto.
— Estou sim, obrigado — agradeceu Alano respeitosamente.
— Não precisa me tratar desse jeito — reclamou o General, indo até o guarda-roupa e tirando a parte de cima de sua farda.
— E como devo tratá-lo?
— Primeiramente: você agora é meu secretário pessoal — explicou, enquanto se sentava no sofá, apontando para a mesa, onde uma garrafa de uísque e alguns copos de vidro estavam dispostos. — Todo tipo de trabalho que eu pedir, desde ensaboar minhas costas até me masturbar, você faz. Se você não quiser, é claro, posso mandá-lo para outro departamento. Posso rebaixá-lo para novato e você será enviado para o campo de treinamento. Apenas saiba que eu não lhe forçarei a nada. — Retirava a bota e o cinto, enquanto discursava.
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[Degustação] Entre flores e espinhos (Romance gay)
FantasíaLivro completo disponível no site: http://goo.gl/JZhrLp O continente de Lubrix é dividido em cinco Estados: Avalanche, Cascatas, Deserto, Nevaska e Tempestade. Nos últimos anos, após a Guerra de Solange, Avalanche vem crescendo política e economicam...