Kaveh's POV
— Cara. Tinha um cara lá. — Aleguei completamente paralisado sobre o colo de Aether. Meus olhos arregalados encaravam o teto em descrença enquanto eu tentava ainda digerir aquela imagem horrenda que corria solta em minha mente.
— Kaveh, é a décima nona vez que você repete a mesma frase. — Em compensação, essa loirinha do Tchan não me ajudava em nada e apenas continuava lendo aquele livro tolo.
— Eu sei, merda! Mas dá pra acreditar nisso?!! Tinha um cara jantando com ele! Jantando no meu lugar da mesa! Isso é inadmissível! — O desconforto no meu tom de voz era explícito, mas aquilo apenas arrancava risadas da garganta do Viajante.
— Bem, já que não mora mais lá, aquele lugar não é mais seu, teoricamente...
Me levantei apressadamente para encará-lo, agora ambos sentados sobre o sofá.
— Aether! Você não está me ajudando!
— O que quer que eu diga então, porra? Estamos discutindo o óbvio, havia um cara lá e ponto final! Ele não quer nem saber mais sobre você, Kaveh! Supera!
Embora fosse uma realidade que eu precisasse aceitar, não pude evitar cruzar os braços e fazer um beicinho emburrado em resposta, logo vendo meu amigo bufar em desgosto e revirar os olhos antes de me encarar novamente.
— Olha só, cara... Ele tem muito mais o que fazer do que ficar se remoendo sobre algo que já passou. — Ele encarou o livro que lia novamente antes de finalizar a sentença que dizia anteriormente. — Você devia arrumar o que fazer também.
— Não é assim que as coisas funcionam, seu merda! — Resmunguei, desviando o olhar para me endireitar no sofá antes de tombar a cabeça para o alto, suspirando profunda e pesadamente. — Você não sabe o que é o amor.
— E desde quando você sabe?
Meus olhos se arregalaram sucintamente antes que eu pudesse olhá-lo mais uma vez.
— Está dizendo que não sei o que é o amor?
— Você sabe? — Aether debochou.
— Claro que sei! — Ergui-me novamente para olhá-lo com mais atenção.
— Então o que é? É uma flor de lótus desabrochando em meio à uma plantação de milho?
Porra. Essa loirinha vagabunda sabe me tirar do sério.
— Não! De onde veio essa explicação?-
— Então explica aí, espertoman.
Levei alguns segundos até formular as palavras certas para respondê-lo, onde ao achá-las, suspirei profundamente mais uma vez antes de desviar o olhar.
— O amor é... O amor é um sentimento. Não físico ou racional, mas emocional. O amor é um sentimento inexplicável que nos faz sentir vivos e revigorados, como se uma peça de quebra-cabeça fosse perdida e encontrada por outra pessoa que te auxiliou a terminar de montar. Todos nós somos o fruto de um amor, uma vez que dois amados se conectam como almas gêmeas que se encontraram a longo prazo. O amor não se vê com os olhos, o amor não é pensado com o cérebro ou digerido de maneira formal... Amor é o que sinto toda vez que vejo o brilho nos olhos de Alhaitham.
— Ah, é? Hm... Que interessante... — Aether começou a se pronunciar, mas sem pensar, eu logo o cortei a fala.
— Amor são as borboletas que atacam o meu estômago quando o vejo sorrir... Amor é ver as gotas de suor escorrendo por seu corpo após uma noite lascívia onde ambos acabam lado a lado sobre uma cama pequena... Amor é o sentimento de palpitação que me estremece o interior das coxas assim que rastejo minha mão por sua pele... Amor é o que nunca imaginei sentir por ninguém, mas sinto por ele.