Não era necessário ser um especialista em expressões faciais para perceber meu completo estado de pânico enquanto ouvia os passos se aproximarem cada vez mais do meu quarto. O som ecoava pelo corredor, cada passo alimentando meu arrependimento de ter cedido a persuasão do Park Jae Chan, e calado a voz da razão. Meus olhos estavam arregalados, a respiração curta e irregular. Cada célula do meu corpo estava em alerta, a tensão se acumulando como uma tempestade prestes a explodir.
Finalmente, os passos cessaram. Eu deveria ter continuado a me vestir e fingir que nada estava acontecendo, mas minhas mãos estavam congeladas, os dedos inertes sobre a roupa, incapazes de se mover. Meu coração parecia pronto para sair pela boca, e eu prendi a respiração, com os olhos fixos na porta, esperando o inevitável acontecer. Segundos pareceram horas enquanto eu ouvia atentamente o ranger da maçaneta metálica.
A porta se abriu lentamente, o som rangente reverberando no silêncio tenso do quarto. Quando vi Jaechan surgindo pela fresta, a tensão acumulada escorreu pelo meu corpo como água morna. Minhas pernas trêmulas não aguentaram o peso do alívio repentino e cederam, me fazendo ajoelhar no chão em total redenção.
Fui envolvido por uma mistura de alívio e confusão enquanto o via entrar no quarto. Com um suspiro dramático, ele se jogou na cama, afundando no colchão com a graça de alguém exausto, mas ainda teatral.
– O dia precisa ser perfeito, mas já começou dando errado. — Disse Jae, com a voz carregada de frustração e desânimo. Ele virou a cabeça na minha direção, seus olhos encontrando os meus.
– O que... O que você... O... — Comecei a gaguejar ainda sob o efeito de tanta pressão.
– O que foi, Seung? Está passando mal? Meu Deus! O que mais vai dar errado hoje? — Murmurou ele, vindo até mim com uma expressão preocupada e me ajudando a levantar e sentar na cama. — Respira. Vamos... Puxa pelo nariz, solta pela boca. — Respiramos juntos até que consegui organizar meus pensamentos.
– Estou confuso, eu podia jurar que eram meus pais. O combinado não foi que a gente se encontraria na sua casa, e o seu motorista ia nos levar até a casa de campo? — Falei com a mão sobre o peito, ainda sentindo meu coração bater rápido e descompassado, enquanto o encarava com o cenho franzido.
– Por isso eu disse que o dia já começou dando errado. O motorista cancelou de última hora e eu não consegui outro, ou seja, você vai ter que dirigir até lá. E sobre os seus pais... Você acha mesmo que eu deixaria isso acontecer? Fiquei de olho e acompanhei a chegada deles lá, enquanto você fazia suas... saliências. — Ele respondeu, levantando uma sobrancelha sugestiva.
– Enlouqueceu? E-eu... eu não fiz nada do que você está pensando. — Meu nervosismo me traiu mais uma vez, deixando minha voz mais aguda do que eu gostaria.
– Pa-pa-para de mentir ga-ga-guinho. Não confia mais em mim? — Antes que eu pudesse responder à provocação de Jae, fomos interrompidos pelo som da porta do banheiro se abrindo.
Meu peito se apertou e minha boca ficou completamente seca enquanto eu percebia que esconder algo de Jaechan agora seria impossível. Lá estava a prova do que aconteceu na noite anterior. O senhor Kang nos encarava com uma expressão impaciente, enquanto Jae alternava seu olhar surpreso entre nós, com a boca aberta e os olhos arregalados.
– Bom dia Park Jae Chan. — A voz firme do senhor Kang despertou Jae de seu choque inicial.
– Bo-bom — Ele começou a falar, mas parou para dar dois tapinhas em seu próprio rosto para voltar a si. – Bom dia Kang Yong Min. Como foi a noite? — Meus olhos quase saltaram do corpo quando ouvi a pergunta, mas não tive tempo de intervir porque Kang foi rápido em sua resposta.
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Destinados: Tecidos pelo fio vermelho do destino
Ficção Geral"Você acreditaria se o destino fosse uma sentença de vida ou morte?" Desde o nascimento, Jung Seung Min e Park Jae Chan estão presos à profecia de um vidente, que selou seus destinos com o inquebrável fio vermelho. Forçados a um casamento para evita...