Capítulo 10

45 6 81
                                    

Não havia mais tempo para treinar o discurso que preparei para falar antes do tão temido pedido, nem para me perder em devaneios sobre os últimos acontecimentos entre o senhor Kang e meu pai. Subi ao palco de mãos dadas com Jaechan, sentindo suas mãos rígidas e frias, espelhando a mesma tensão que apertava as minhas. A ansiedade vibrava no ar. Estávamos diante de aproximadamente cento e cinquenta pessoas, além das câmeras que registravam cada movimento, algumas transmitindo ao vivo para um público incalculável. Um olhar errado, um gesto fora do script, e tudo poderia desmoronar.

– Boa noite — comecei, minha voz trêmula como a mão que segurava o microfone. – Estou um pouco nervoso, então peço a compreensão de todos.

Antes que pudesse continuar, uma movimentação no fundo do salão prendeu minha atenção. Kang e seu amigo Jeon se acomodavam junto aos outros funcionários. Ao perceberem meu olhar, desviei-o rapidamente para Jaechan, que também os havia notado. A presença deles trouxe à tona o abismo que me separava do senhor Kang. Um peso emocional tomou conta de mim, e precisei respirar fundo quando meu pai entrou no meu campo de visão. Reajustei minha postura, engolindo o turbilhão de sentimentos, e finalmente prossegui com o discurso.

– Muitos de vocês sabem que eu e Park Jae Chan estamos em um relacionamento há cinco anos. Alguns aqui presentes esperaram ansiosamente por este dia. Jae e eu, como costumo chamá-lo, somos inseparáveis desde que nascemos, e nosso amor vai além do que podem imaginar. Jae é meu companheiro, a pessoa que me faz sentir em casa em qualquer lugar do mundo. Ele me acolhe nos dias ruins e sempre tem os melhores conselhos. Às vezes penso que todos deveriam encontrar um Jaechan em suas vidas para experimentar verdadeiramente o amor.

Poderia falar a noite inteira sobre o quanto ele é maravilhoso, e ainda assim não teria tempo suficiente para concluir meus elogios. – Fiz uma pequena pausa, olhando para Jae com um sorriso sincero, mostrando que, apesar da situação falsa, minhas palavras eram verdadeiras. – É por tudo o que ele representa para mim que faço de vocês testemunhas de um grande passo que decidimos tomar.

Respirei fundo e entreguei o microfone para um dos organizadores do evento. Me ajoelhei no chão com uma pequena caixinha portando uma aliança delicada cravejada de pequenos diamantes. Quando encontrei os olhos de Jaechan, brilhantes pelas lágrimas que se formaram, percebi que ele não estava emocionado, mas triste. Isso me fez querer levantar e levá-lo para longe dali. No entanto, Jae sussurrou para mim: "faça", e eu apenas segui sua ordem.

– Park Jae Chan, você aceita se casar comigo? — Perguntei, com a voz embargada, tentando conter meus verdadeiros sentimentos sobre aquela situação.

– Eu aceito. — As lágrimas dele correram junto com as palavras, brilhando sob as luzes do palco.

Os dedos dele tremiam levemente enquanto eu encaixava o anel. O metal frio contra a pele gélida simbolizava tanto a união quanto a tensão do momento. Aplausos eclodiram ao fundo, uma onda de som que parecia distante, quase irreal, em contraste com o turbilhão de emoções que se desenrolava entre nós.

Estava consumado. Oficialmente nos tornamos noivos perante milhares de pessoas, aumentando o peso de cumprir com o combinado. Eu procurava me agarrar à possível verdade de que isso iria salvar nossas vidas e a vida de nossas famílias, mas a dúvida que Jaechan havia plantado em minha mente persistia, sombria e inabalável. Enquanto as luzes nos iluminavam e os aplausos continuavam, a incerteza roía meu interior, me deixando em um estado de conflito silencioso.

O coro dos presentes gritando "Beija... beija..." me tirou completamente dos meus pensamentos.

Me levantei do chão rapidamente e encarei Jaechan. Ele não me deu escolha quanto ao pedido da plateia. Quando percebi, suas mãos já estavam em meu rosto, juntando seus lábios aos meus. Os sons ao redor pareciam desaparecer, deixando apenas um zumbido em meus ouvidos. Fechei os olhos e minha única reação foi continuar encenando aquele beijo.

Destinados: Tecidos pelo fio vermelho do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora