CAPÍTULO 11 - DADDY ISSUES

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"Vá em frente e chore, garotinha

Ninguém faz isso como você

Eu sei o quanto isso importa para você

Eu sei que você tem problemas com o seu pai."

The Neighbourhood - Daddy Issues

Diana Rangeli

Não sei qual foi o meu pior erro.

Ter aceitado seu convite ou feito ele prometer que não tentaria nada.

Nesse meio tempo, ele finalmente conseguiu um quarto separado do meu, outra coisa que está me fazendo ficar dividida, se é algo bom ou ruim. Eu diria que a segunda opção é a mais sensata, mas devo admitir que vou sentir falta de sair da cama macia de madrugada para dormir com ele no chão frio do quarto.

Eu jurava que o orgulho era um dos seus pecados prediletos, ele o deixou de lado até que fácil demais.

Ele pediu desculpas.

Me deixando completamente surpresa, mesmo que tenha tido razão em algumas das coisas que disse. Ele está brincando outra vez?

Não sei qual é a resposta para essa pergunta, mas parece que ele lutou para dizer aquelas palavras. Será que devo lutar para dizê-las também?

Falta poucos minutos para as oito, ele nunca se atrasa, já deve estar me esperando lá embaixo para irmos.

Já não sei o que esperar desse jantar.

Já não sei o que esperar de mim.

Mas eu preciso mesmo lutar por mim mesma.

A campainha do quarto toca.

Está adiantado, Johnatan?

Penso comigo mesma e vou em direção a porta, ansiosa. Assim que giro a maçaneta meu coração por pouco não sai do peito em um susto trêmulo.

— Pai?! — A voz quase não sai dos meus lábios.

A figura que me causa arrepios está parada na minha frente, usando um terno azul caro, o cabelo liso sempre alinhado, assim como a barba por fazer.

Ele entra sem mais, nem menos.

— Surpresa em me ver? — diz, adentrando no quarto, reparando em cada detalhe, como se procurasse por algo suspeito.

— Est... quer dizer, não! — Ele me analisa de cima a baixo, desde o vestido preto justo ao meu corpo, ao tipo de batom na minha boca, enquanto eu tento disfarçar o nervosismo. — Eu... Só não estava esperando.

— Está arrumada demais para quem veio até aqui a trabalho, não acha? — Condena, como se fosse meu próprio juíz. Tento descer a barra do vestido em reflexo de culpa. — Desde quando está se vestindo como uma prostituta?

Junto forças para responder, mas não parece ser o suficiente.

— Pai...

— Foi para isso que recusou minha oferta?

— E graças a isso pude trabalhar para o Heitor.

— Que só te contratou graças a mim, esqueceu? — Obrigada por me lembrar de mais uma verdade inconveniente.

— Dessa vez eu consegui tudo sozinha, foram meus méritos que me trouxeram até aqui.

— Acredita mesmo nisso? Você está num emprego numa empresa de merda! Você é minha filha, deveria zelar pelo seu nome. — Não com um caminho facilitado, não é? — Falando nisso, eu mandei investigar o dono dessa pocilga em que você trabalha e descobri algumas coisas.

[+18] ÍNDIGO - Conexões De Uma NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora