𝐄𝐌 𝐔𝐌𝐀 𝐑𝐄𝐌𝐎𝐓𝐀 𝐕𝐈𝐋𝐀 𝐍𝐀 𝐈𝐋𝐇𝐀 𝐄𝐒𝐌𝐄𝐑𝐀𝐋𝐃𝐀, Keiko Ito cresceu ouvindo histórias sobre a maldição que assola seu povo. Determinada a encontrar a lendária Iyashi no Mi para quebrar o feitiço, ela parte em uma jornada aos dezoit...
olá, pessoal, tudo bem? esse é o prólogo de Filha da Cura, então naturalmente ele é um capítulo bem curto e mais introdutivo para o contexto da fanfic, ok? não esqueçam de me falar o que estão achando. desejo a todos uma boa leitura!
pequena curiosidade: o Mochi é da raça Shiba Inu, e eu acho ele um fofinho.
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❝Às vezes você precisa se perder, para que possa se encontrar de novo.❞
NUNCA FUI MUITO BOA COM DESPEDIDAS. Na verdade, acho que é exatamente por isso que optei por deixar a Ilha Esmeralda no início da madrugada. É mais fácil admitir a minha dificuldade em dizer "tchau", do que me auto nomear covarde.
Até porque, para ser a única pessoa capaz de reverter uma maldição e salvar um vilarejo de duzentos habitantes, eu poderia ser muitas coisas, mas covarde não seria uma delas, certo?
Keiko Ito, na tradução literal: criança abençoada.
Não entendo muito o que meus pais pensaram quando escolheram esse nome, visto que eu posso ser muitas coisas, menos abençoada. Sempre tive o costume de dizer que foi uma piadinha ácida dos meus pais escolher esse nome para mim, e por isso hoje em dia meu humor é igualmente ácido.
Enquanto meu pequeno barco se afasta até que a ilha onde eu vivi durante dezoito anos se pareça apenas com um pequeno pontinho no horizonte, não consigo deixar de lembrar todos os bons momentos que passei naquele lugar e com aquelas pessoas. Desde muito criança soube que esse seria meu destino, afinal, eu sou o que chamam de filha da cura. Existe uma maldição que assola a saúde dos moradores da Ilha Esmeralda há gerações. Ela não possui um padrão, muito pelo contrário: nossos habitantes adoecem de formas inexplicáveis e em momentos aleatórios, podendo ter intervalos de, no máximo, seis meses entre um habitante ou outro. Essa doença começa como um pequeno resfriado, com tosses e dores no corpo, até evoluir em alguns dias e a pele da pessoa começar a descamar. Eu pessoalmente nunca vi como a pessoa adoecida fica após esse estágio, mas segundo as descrições, é como se a pessoa apodrecesse de dentro pra fora. O cheiro de putrefação pode ser sentido mesmo com a distância de algumas casas, e pouquíssimas pessoas podem ter acesso ao local onde o adoecido está alojado.
A cura? A lendária Iyashi no Mi, ou fruta da cura, explicando numa linguagem mais popular. Essa fruta concede o poder de curar qualquer doença ou aflição espiritual das pessoas, o que removeria a maldição da nossa vila. Segundo uma antiga profecia, a única pessoa capaz de comer essa fruta seria uma menina nascida na madrugada da primeira noite de Lua Cheia após o equinócio de inverno.
Completamente burocrático, eu sei. Mas é onde eu entro, já que eu sou essa menina.
Geralmente nós pensamos que não é possível alguém nascer tão azarado, ou algo tão específico acontecer com uma pessoa tão aleatória, mas eu acredito que eu me encaixe nesses dois casos.
Sinto um toque sutil em minha perna. Mochi, meu fiel companheiro e a única criatura possível que eu poderia ter trazido para essa aventura, está me encarando como quem diz "você precisa dormir". Mochi é um pequeno cachorro com a pele branca e caramelo, e um rabinho enrolado que eu acho um charme. Foi o presente dado pelo meu avô no meu aniversário de quinze anos, e eu levo ele pra absolutamente todo lugar.
Jamais deixaria Mochi sozinho.
- Eu sei, temos muito pela frente - digo tentando parecer confiante, mas minha voz se perde no horizonte sombrio daquele mar que parece infinito.
Olho para o céu, e desejo que onde quer que esteja, minha mãe possa me orientar. Sinto falta dela todos os dias.
- Vamos, Mochi. Vamos deitar.
Enquanto eu e Mochi nos dirigimos para o minúsculo quartinho do meu humilde barco, lanço uma última olhada para o mar.
E que os deuses me guiem nessa jornada que se inicia.