QUANDO VOCÊ SAI EM UMA VIAGEM marítima sem previsão de retorno para casa, você precisa estar realmente preparado para tudo. Foi com esse pensamento que eu planejei todos os meus passos nessa busca pela Iyashi no Mi. Mudei minha forma de pensar, juntei toda a minha coragem, e fui.
No entanto, a gente nunca espera ser atacado por uma tempestade em alto mar no meio da madrugada.
Mochi está latindo desesperadamente, correndo de um lado para o outro como se tentasse processar um meio de encararmos essa tempestade. A verdade é que meu barquinho humilde não era páreo para a chuva torrencial que caía, e os ventos fortes logo virariam o barco, nos mandando para o fundo do mar.
— Que merda! — grito como se os deuses ou qualquer outra divindade fosse me ouvir e, com pena, cessaria a tempestade.
Talvez eu devesse ter me programado mais.
Reparo em uma figura no horizonte que poderia facilmente ser um navio. Meu coração se enche de esperança ao pensar que poderia ser alguém que me resgataria, mas essa esperança é substituída por desespero quando levanto meus braços e quase sou carregada pelos ventos, me forçando a abaixar e segurar no convés enquanto seguro Mochi com outra mão.
Então é isso. Eu vou morrer.
Meus olhos se enchem de lágrimas ao pensar na possibilidade de morrer sem ter conseguido salvar meu povo. Penso no que minha mãe deve estar pensando de mim agora, me vendo nessa situação. Nunca tive a oportunidade de conhecê-la, já que ela morreu com a mesma doença que assola a Ilha Esmeralda, quando eu ainda era um bebê. Apesar disso, sempre senti como se ela estivesse comigo, acompanhando cada passo meu. Também não posso deixar de pensar no vovô, de quem não pude nem me despedir, e de todos os meus amigos que deixei para trás, e hoje aguardam que eu volte com a fruta da cura.
— Eu não posso morrer! — grito novamente, não sei se para mim, ou para o horizonte.
As ondas furiosas do mar avançam com ainda mais força para cima do meu barco. Mochi e eu já estamos completamente encharcados.
Não sei dizer quanto tempo mais o nosso pequeno barco conseguiu resistir à fúria da natureza. Ouço o que parece ser um "ei!" vindo de longe, mas não tive nem um segundo para tentar me levantar. Uma onda colossal cobre meu navio por inteiro, e só consigo abraçar Mochi com toda a força antes de entrar mar a dentro.
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Meus pulmões ardem. Meu corpo dói.
Sinto minha respiração pesar ao abrir meus olhos, e solto um sonoro "ah!", como quem acaba de acordar de um pesadelo. Se não fosse essa sensação de ter sido atropelada (ou melhor, afogada), eu realmente acreditaria que tudo isso não passou de um pesadelo. Estou deitada em uma cama, com uma fina coberta sobre meu corpo. Percebo que estou usando roupas secas, o que me faz franzir as sobrancelhas em questionamento. Olhando em volta, é perceptível que estou em um quarto.
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𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐚 𝐂𝐮𝐫𝐚 | Roronoa Zoro
Romance𝐄𝐌 𝐔𝐌𝐀 𝐑𝐄𝐌𝐎𝐓𝐀 𝐕𝐈𝐋𝐀 𝐍𝐀 𝐈𝐋𝐇𝐀 𝐄𝐒𝐌𝐄𝐑𝐀𝐋𝐃𝐀, Keiko Ito cresceu ouvindo histórias sobre a maldição que assola seu povo. Determinada a encontrar a lendária Iyashi no Mi para quebrar o feitiço, ela parte em uma jornada aos dezoit...