Capítulo 3 - O festival de aniversário

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Desço as escadas e de fato toda a decoração da casa me dá arrepios tanto de dia, como de noite, ainda bem que o cheiro de panqueca inunda meu olfato, tirando minha atenção do ambiente que me cerca.

— Já não era sem tempo mocinha, espero que isso não se repita, atrasos não são bem vistos nesta casa, a não ser os meus é claro, porque eu sou o dono da casa e responsável por vocês. Mas mudando de assunto, hoje é o primeiro dia de aula de vocês, e não me olhem assim, tempo é dinheiro, vocês precisam estudar. Se tem uma coisa que eu odeio é perder dinheiro, então comam logo, pois eu já paguei a mensalidade anual da escola.

Tivô Stan solta a bomba, e os minutos que se seguem são em silêncio, ninguém mais tem ânimo para uma palavra sequer, até que Soos aparece gritando.

— Perdi, eu não aguento ficar calado! Eu queria tanto ganhar.

— Perdeu o que, seu bobo?

Tivô questiona mal humorado.

— Ora, o desafio do silêncio que vocês estavam fazendo. Era uma competição de quem conseguia passar mais tempo calado, não?

Soos, parecia realmente acreditar nisso, e Tivô estava ficando vermelho de raiva já.

— Chega de bobagem, Soos. Leve logo esses jovens para a escola, eles não tem tempo, nem dinheiro a perder, muito menos o meu dinheiro.

Soos, ainda parecia bastante confuso enquanto nos acompanhava até o carro, e então, de repente ele pareceu ter se dado conta de algo. Dava para visualizar uma lâmpada se acendendo na cabeça dele, como se tivesse acabado de descobrir algo incrível.

— Stan, também perdeu no desafio do silêncio, por isso estava tão chateado. Vocês deveriam ter falado algo antes e ter deixado ele ganhar, graças a vitória de vocês ele vai passar o dia me perturbando, já posso imaginar os gritos. Soos, faça isso! Soos, faça aquilo! isso não está certo seu burro! Faça as coisas direito! Mas enfim, verdade seja dita, vocês venceram e merecem ser cumprimentados.

Após apertar a minha mão, e a de Dipper, Soos entra no carro assobiando uma música, e eu e meu irmão ficamos nos olhando sorrindo, Soos de fato é uma figura, realmente uma graça, pelo menos ele havia salvado nossa manhã. Seguimos rumo a maldita escola, até que o carro freia bruscamente.

— Por deus! Eu acho que Stan esqueceu que hoje é feriado. O dia do aniversário da cidade para ser exato..

Soos fala mais pra si mesmo, do que para nós, e em seguida dá uma virada brusca, e toma outro rumo desconhecido. Não demora muito para que cheguemos ao centro da cidade, que está bem movimentado, com certeza parece ser um dia atípico. O carro para, e o motorista corre e abre a porta rapidamente, como se estivesse fugindo de alguém.

— Andem, desçam logo, antes que o Stan me veja aqui parado e venha reclamar. Se ele perguntar por mim, digam que fui em casa passar uns minutos com a minha mamãe, ela sempre faz questão que eu coma os meus cereais pela manhã.

O motorista rechonchudo, rapidamente desaparece, e em menos de trinta segundos o Tivô Stan nos agarra pelos ombros, e mais grita do que fala aos nossos ouvidos.

— Onde vocês pensam que vão? E a maldita escola?

— Hoje é feriado Tivô Stan, é o aniversário da cidade não?

Dipper argumenta, e o Tivô olha para a enorme faixa de uma ponta a outra da entrada da cidade que tem escrito: Parabéns Gravity Falls!

-Raios! Eu odeio esses feriados, me fazem ter a sensação que estou sendo roubado, principalmente agora que estou pagando a escola de vocês. Já que não tem jeito, se divirtam. Vocês vão ficar bem quietinhos certo? Sem gastar muito, no máximo comprem um hambúrguer, sorvete e limonada para cada. Nada mais, meu dinheiro não é capim, é muito suado, tomem aqui alguns dólares para a comida, e eu quero o troco depois.

Sem esperar por resposta nossa, Tivô Stan some de vista.

— Ele só pensa em dinheiro.

Eu digo, mais decepcionada do que propriamente chateada.

— Claro, não é a tôa que ele é o advogado preferido das piores espécies de bandidos. Aliás, prazer, Pacífica. Minha família fundou essa cidade, sabiam? Como se chamam?

A garota loira, obviamente uma patricinha se aproximou de nós, e imediatamente eu percebi o motivo. Ela estava caidinha pelo meu irmão, que péssimo gosto ela tem por sinal.

— Me chamo Mabel, e este é meu irmão gêmeo Dipper.

Faço a breve apresentação, e Dipper me faz uma careta de reprovação, acho que ele não gostou muito dela. Confesso que saber que meu tivô é um defensor de bandido não me surpreendeu muito, ele parece fazer tudo por dinheiro. A garota continua puxando assunto com Dipper, agora me excluindo na cara de pau. Me faço de doída e deixo os dois conversando, quero mais é explorar esse lugar.

Tem várias barraquinhas por todo lugar, vendendo de tudo. Mas o que realmente me chama atenção é uma barraquinha de lona que aparentemente contém um vidente que lê a mão das pessoas, e prevê o futuro. Curiosa, ao entrar na barraca, e me deparo com Gideon sentado, muito concentrado lendo um livro. Pigarreio alto, para chamar atenção, mas tudo que ele faz é levantar a mão esquerda, e dar um breve aviso sem tirar o olho do livro.

— Por enquanto estamos fechados, me procure daqui algumas horas.

— Então é isso, você vai deixar uma cliente esperando, só para ficar lendo?

Digo em tom de brincadeira, e já caminhando em direção a porta para partir. Quando ele escuta minha voz, imediatamente levanta o rosto, e me lança um dos seus sorrisos perigosos.

— Quem diária, você por aqui? Você é algum tipo de perseguidora?

Gravity Falls: O mesmo mundo, uma nova aventura.Onde histórias criam vida. Descubra agora