CRUEL SUMMER - BEAUANY

PROLÓGO

"Porque se eu pudesse ver seu rosto mais uma vez
Eu poderia morrer como um homem feliz, tenho certeza
Quando você disse seu último adeus
Eu morri um pouco por dentro"

PLAY: All I Want by Kodaline

ANY'S POINT OF VIEW – 2022

A correria do meu avô pelo restaurante me causa tontura, observo cada mesa em que ele para cumprimentar seus clientes, aquilo faz meus olhos brilharem. Vejo Nour correr em minha direção enquanto Dina, a funcionária mais competente do restaurante e também gerente, a encarou brava, minha irmã repete "desculpa" até chegar em mim.

— Ele lançou a primeira música! — ela dispara.

— O Josh? — nosso avô questiona de longe.

— Sim! Ela se chama Deserve You, e está com mais de um milhão de ouvintes!

— Meu Deus!

— Irmã, a letra é absurda... — a mais nova me mostra um trecho que foi postado no tweet por uma fanbase dele.

"Eu preciso de você mais do que eu te fiz acreditar que eu preciso
Porque você pode achar que talvez seja demais, oh, sim
Eu não quero ser meu passado
Oh, quando nos beijamos eu estou vivo, e me sinto totalmente novo
Não há nada que eu queira mais do que nós"

— É sobre vocês!

— Impossível, Nour.

— Como é impossível se ele pediu para você esperar ele?

— Ele não está falando comigo mais.

— Ele deve estar muito ocupado, filha.

— Irá fazer dois meses vovô, não faz sentido algum! — insisto.

— De qualquer forma, ele ama você e não acho que deveria desistir. Mande uma mensagem! — ele aconselha, deposita um beijo em minha testa e se vira caminhando até a cozinha. Vejo de relance meu avô tropeçar, me levanto imediatamente para ir até ele mas o mesmo se vira com a mão no peito sorrindo. Ele sussurra "está tudo bem!". Nego.

— O senhor tem certeza que irá ficar aqui mais um dia?

— Tenho, querida, eu estou bem! — garante.

— Vovô, o senhor precisa descansar, está aqui há uma semana! — Nour se pronuncia.

— Está tudo bem, meninas. Eu só tropecei. — insiste. — Porque vocês não vão passear um pouco na Times Square? Voltaremos amanhã, Úrsula disse que está mais frio que o normal em Alberta, vocês precisam de mais roupas! — ele diz especificamente para minha irmã, que veste um cropped branco de regata e uma calça jeans fazendo -4 graus na rua.

— Vovô, minha blusa está no seu escritório! — se defende.

— Então vá buscá-lá, quando voltar para o salão não quero vê-las por lá! — ele entra na cozinha sem se despedir.

— Ele vai deixar a gente de castigo se não obedecermos.

— Nunca pensei que ficaria de castigo por não andar pela Times Square.

— Queria eu estar no lugar de vocês! — Dina comenta. — Ele sabe que ficaram preocupadas, e se continuarem aqui não o deixarão trabalhar. Vocês sabem o quanto ele ama cozinhar para os clientes...

— Se acontecer qualquer coisa, ligue para nós Dina!?

— É claro, Any! Fique tranquila, ele está em boas mãos! — garantiu. Sorri gentilmente. Dina trabalha no restaurante desde que me entendo por gente, quando meus pais morreram, ela cuidou do restaurante enquanto meu avô foi até o Havaí, antes do esperado, para que ele nos buscasse. Depois disso, ela nunca mais foi apenas uma funcionária.