I. acidente

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Aaron havia escrito uma carta.

Uma carta que tinha o cheiro dele, a caligrafia corrida e arrastada, um envelope bonito e um adesivo de raposa - só porque ele achou que o destinatário gostaria. A carta também continha uma grande dose de sentimentalismo, ele realmente tinha aberto seu coração e colocado naquelas palavras. Uma parte de Aaron que ele nunca mostrou a ninguém. Mas estava disposto a mostrar a ele.

Mas isso nunca aconteceria.

Porque sua mãe achou a carta primeiro.

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Kevin estava saindo do banho quando escutou o barulho de notificação do celular avisando que havia recebido uma nova mensagem.

Saiu do banheiro com uma toalha amarrada na cintura e outra nas mãos secando os cabelos.

A mensagem era de Andrew.

Esquisito.

Andrew raramente mandava mensagens.

Tudo bem, ele nunca mandava mensagens. Ele mal respondia as que recebia.

Kevin sentiu seu as batidas de seu coração acelerarem e ressoarem eu seus ouvidos assim que leu.

"Aaron. Hospital Geral. Quarto 305."

Depois disso tudo virou um borrão.

Kevin não se lembra de se vestir, ou de pegar as chaves do carro, ou até mesmo do caminho que percorreu até chegar ao hospital. Estacionou de maneira rápida e desleixada e correu até a recepção.

Antes mesmo de perguntar alguma coisa a recepcionista, viu Andrew vindo depressa em sua direção.

Tentou segura-lo, mas foi em vão.

- Ei, dá pra me dizer o que aconteceu? - Se apressou para alcança-lo.

- Fica com ele até eu voltar. - Foi a única resposta que recebeu.

Andrew saiu sem olhar para trás.

Kevin se viu perdido.

Se voltou até a recepcionista para se informar sobre a situação de Aaron.

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Se passaram poucas horas até que um médico apareceu e disse que Kevin poderia ver Aaron dali algum tempo, quando o efeito do anestésico passasse.

O tempo passou com ele pensando no que diria quando finalmente entrasse no quarto.

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A primeira coisa que Aaron registrou foi a dor excruciante em seu corpo.

O couro cabeludo formigando pelos puxões agressivos de sua mãe. Os braços ardendo com os arranhões das enormes unhas dela. As costas doendo - se pelo empurrão que o fez bater com força na cômoda, ou pelos chutes quando estava no chão, ele não saberia dizer. Sentia o pé esquerdo imóvel sobre um travesseiro e os olhos inchados e um pouco embaçados.

Se esforçou para sentar, e quando finalmente conseguiu, só pôde encarar o próprio reflexo pelo vidro da janela ao lado da cama.

Feio. Machucado. Quebrado.

As palavras de sua mãe tão frescas em sua mente quanto as feridas espalhadas pelo seu corpo.

Ele tem certeza de que nunca vai esquecer o desespero que sentiu quando abriu a porta do quarto e viu Tilda parada com a carta em mãos.

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⏰ Última atualização: Aug 09 ⏰

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sweet nothing [kevaaron]Onde histórias criam vida. Descubra agora