um dia como outro qualquer

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Aurora Sinclair ajustou o espelho retrovisor do carro, observando seus gêmeos, Lucas e Luna , brincando no banco de trás. O sorriso deles era seu farol, a luz que guiava seus passos, especialmente agora. Ela suspirou, tentando afastar o peso da notícia que recebera na semana anterior. Seis meses. Apenas seis meses para garantir que seus filhos estariam bem sem ela.

"Lucas , pare de puxar o cabelo da sua irmã," disse Aurora, tentando manter a calma enquanto manobrava o carro pelo trânsito matinal.

"Mas, mamãe, ele começou!"Luna retrucou, cruzando os braços e fazendo uma careta.

"Lucas , peça desculpas," Aurora insistiu, olhando pelo retrovisor.

"Desculpa, Luna ," murmurou Lucas, sem muita convicção.

Depois de deixar as crianças na escola com um beijo rápido e um aceno, Aurora dirigiu-se ao hospital para uma consulta de acompanhamento. O som dos saltos ecoando pelo corredor branco e frio a fazia sentir ainda mais a gravidade do momento. O Dr. Matthews, seu oncologista, estava esperando com um semblante sério.

"Senhorita Sinclair, os resultados chegaram," começou ele, olhando para ela com compaixão. "Infelizmente, o câncer é agressivo. Estamos falando de um prognóstico de seis meses, no máximo."

Aurora sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Tentou manter a compostura, mas as lágrimas ameaçavam escapar. "Seis meses," repetiu, a voz trêmula. "Eu... eu tenho filhos. O que vou fazer?"

O Dr. Matthews apertou sua mão de maneira consoladora. "Vamos fazer tudo o que pudermos para garantir que você tenha qualidade de vida nesse tempo. Mas é importante começar a planejar o futuro."

De volta ao carro, Aurora deixou as lágrimas caírem livremente por um momento, permitindo-se sentir o desespero antes de compor-se novamente. Ela precisava ser forte, pelos seus filhos.

Ela dirigiu até a Archer Corp., tentando se focar no trabalho. Ao entrar no prédio imponente, sentiu o habitual frio na espinha. Dominic Archer, seu chefe, era conhecido por sua severidade e exigências impossíveis. Para ele, o trabalho não tinha espaço para falhas ou emoções.

Entrando na sala de reuniões, Aurora encontrou Dominic já absorto em documentos. Com seu cabelo loiro perfeitamente penteado e olhos azuis gélidos, ele emanava autoridade e distanciamento.

"Bom dia, senhor Archer," disse ela, tentando manter a voz firme.

Dominic ergueu os olhos por um breve instante, antes de voltar aos papéis. "Senhorita Sinclair," respondeu, seco como sempre. "Espero que a apresentação de hoje esteja impecável. Não podemos nos dar ao luxo de erros."

Aurora assentiu, sentindo a pressão aumentar. "Sim, senhor. Está tudo pronto."

Enquanto discutiam os detalhes do projeto, a tensão na sala era palpável. Dominic, como sempre, não poupava críticas e apontava cada mínimo detalhe que poderia ser melhorado. Aurora, no entanto, estava determinada a provar seu valor. Ela sabia que seu futuro, e o de seus filhos, dependia disso.

"Você tem potencial, Sinclair," disse Dominic finalmente, com um olhar que parecia perfurá-la. "Mas ainda tem muito o que provar."

Aurora saiu da sala exausta, mas com uma chama de determinação renovada. Havia algo em Dominic, além da fachada fria, que ela começava a perceber. Algo que a intrigava, apesar da resistência.

Naquela noite, Aurora encontrou-se com sua melhor amiga, Sofia Mendes, em um café aconchegante. Sofia era a personificação da alegria, sempre com um sorriso no rosto e pronta para oferecer apoio.

"Como foi hoje?" perguntou Sofia, inclinando-se curiosa.

"Dominic foi... como sempre. Implacável," respondeu Aurora, rindo um pouco. "Mas sinto que há mais nele do que apenas um chefe exigente."

Sofia sorriu, um brilho maroto nos olhos. "Será que nossa Aurora está começando a amolecer pelo chefe?"

Aurora balançou a cabeça, ainda sorrindo. "Talvez. Ou talvez eu esteja apenas desesperada para garantir o futuro das crianças."

A expressão de Aurora ficou mais séria. "Mas hoje aconteceu algo que preciso te contar. Fui ao hospital para uma consulta e... Sofia, eles me deram seis meses de vida."

Sofia deixou cair a colher na mesa, chocada. "Aurora... não pode ser. Mas e as crianças? O que você vai fazer?"

Aurora tentou conter as lágrimas. "Eu não sei, Sofia. Estou apavorada. Mas vou encontrar um jeito de garantir que eles fiquem bem."

No dia seguinte, Aurora chegou ao escritório mais cedo do que o habitual. A agenda estava cheia, e ela queria ter certeza de que tudo estivesse em ordem antes que Dominic chegasse. Porém, antes que pudesse sequer ligar o computador, a assistente pessoal de Dominic, Janine, apareceu à porta de seu escritório.

"Senhorita Sinclair, o senhor Archer gostaria de vê-la em seu escritório. Agora," disse Janine, com um sorriso formal.

Aurora sentiu o coração acelerar. Era raro ser chamada ao escritório de Dominic, especialmente logo de manhã. Ela arrumou rapidamente seus papéis e se dirigiu ao escritório dele, sentindo um misto de curiosidade e apreensão.

Dominic estava de pé, olhando pela janela quando ela entrou. Ele se virou lentamente, seu olhar frio agora tingido de algo que ela não conseguia decifrar.

"Entre, Aurora," ele disse, usando seu primeiro nome pela primeira vez. "Temos algo importante para discutir."

Aurora sentiu um frio na barriga. O que Dominic Archer, seu chefe enigmático, poderia ter a dizer que mudaria tudo?

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