Capítulo 05

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— É isso que tens andado a fazer? — Carlos ficou pálido quando escutou a voz de seu pai. Apertou as suas mãos trêmulas com medo de se virar e encarar o homem que mais temia no mundo, ele não poderia saber do filho vergonhoso que tinha.


— Pai, eu posso explicar — Sua voz falha irritou profundamente o senhor dos cinquenta e nove anos, caminhou lentamente até o seu filho que limpou o rosto as pressas temendo que ele fosse pensar a mesma coisa que as pessoas no povoado falavam.




— Estou aqui, filho, não precisas chorar — Carlos desabou assim que escutou o seu pai falar com tanta ternura, apertou o tecido da camisa de Bruno, o seu pai que se controlava para não chorar.


— Não quero ser assim, pai, não quero — Repetia entre soluços. Consuelo que estava parada na porta não gostava de ver o seu patrão tendo aqueles momentos porém se conteve pois sabia que precisava dele.



— Vem comigo — Carlos assentiu seguindo o seu pai, ele esperava que Bruno o repreendesse mas estava pronto, iria enfrentar qualquer coisa que acontecesse, não tinha como esconder dele e tudo graças a Diego.




— Poderia fazer um chá de camomila, por favor? — Consuelo sentiu o seu rosto esquentar com a gentileza de Bruno, ele poderia ter uma aparência rústica mas era muito simpático.



— Claro, seu Bruno — Respondeu antes de sair.


Do outro lado, Toni inutilmente tentava ganhar a atenção de Diego. O capataz não conseguia escapar do sentimento de culpa corroendo a sua alma.



Se não tivesse sido tão arrogante e egoísta naquele escritório não teria feito Carlos chorar mesmo que quisesse tirar o outro do armário.



— Assim não tem graça, sabes? — O adolescente disse aborrecido com falta de resposta por parte de Diego.


— Desculpa, estou meio distraído. Onde vamos? — Um sorriso fraco surgiu dos seus lábios mesmo que fosse falso, o capataz simplesmente não suportava quando as coisas saiam do seu controle, exactamente o que aconteceu momentos atrás.


— O meu irmão não aceita muito bem o facto de ser gay por isso ele afasta qualquer homem que chame a sua atenção — Toni falou se virando para o outro.



— E você faz o tipo dele por isso ele vai infernizar a sua vida até ir embora como fez com o último — Diego ergueu a sobrancelha confuso com a declaração de Toni, ele sabia que Carlos era gay?

O som de água caindo chamou atenção de Diego porém antes que perguntasse o outro voltou a caminhar. Eles haviam decidido vir a pé por ser uma experiência terapêutica segundo Toni e o maior tinha que concordar.

— Chegamos! — O capataz seguiu o outro quando percebeu o adolescente correndo em direcção a uma linda cachoeira.


Tirou o chapéu imaculado com a visão divina a sua frente. O lugar não era muito grande mas dava para aproveitar, a água caía do pequeno monte desaguando no chão coberto de pedras brancas.



A água era tão limpa que dava para ver a areia amarelada do fundo, algumas flores e plantas floresciam nos cantos.


— Esse lugar é lindo — Disse sincero.



— O Carlos adorava vir aqui durante a noite e manhãs quando ninguém está vendo — Toni falou com um sorriso maroto que surpreendeu Diego.



— Você parece não ser contra eu querer alguma coisa com o seu irmão — O jovem moçambicano tirou a roupa e se atirou na água esguichando água para Diego que balançou a cabeça.




— Vi vocês se beijando ontem a noite — Diego removeu as peças de roupa que vestia ficando somente com a cueca assim como o Toni.



— O Carlos é abençoado, olha o tamanho disso — O mais velho revirou os olhos quando Toni apontou para o volume dentro das suas cuecas.



— Nos beijamos porque ele estava bêbado e agora tenho a certeza que ele nunca mais vai me querer por perto — Fechou os olhos ao sentir a água fria tocando a sua pele bronzeada, aquilo estava sendo óptimo principalmente naquele calor infernal.



— Porque adultos complicam tanto as coisas? E se você fez merda, pede desculpa ou tenta consertar as coisas, simples — Exclamou contrariado.


— Se você quisesse alguém que não se aceita entenderia perfeitamente como me sinto e depois do que fiz hoje, o meu chefe tem razões mais que suficientes para me odiar — Disse antes de mergulhar na água, o seu corpo tenso estava tao relaxado.





Bruno acariciava gentilmente o cabelo curto do seu filho que tinha a cabeça na almofada que havia colocado sob as suas coxas.


— Obrigado, Consuelo — Carlos bufou só de ver a comida a sua frente, comer era a última coisa que queria no momento.



— Tira isso da minha frente, não tenho fome — O brilho nos olhos da mulher morreu o homem disse sem delicadeza alguma fazendo o seu pai puxar a sua orelha.



— Não é assim que se trata a pessoa que cozinha para ti, Carlos — O senhor falou quando Consuelo saiu do quarto de Carlos.



— Ela me viu com aquele sem vergonha do Diego — Bruno percebeu que havia tinha uma longa batalha pela frente quando percebeu a raiva do seu filho.




— O novo capataz? Ele é muito bom no trabalho, o vi trabalhando hoje de manhã — Disse com a mão no queixo.



— Eu estava bem até aquele atrevido aparecer com aquela aparência toda atraente e me seduzir, nem um santo resiste a uma coisa daquelas! — O seu pai desatou a rir quando Carlos declarou com raiva enquanto limpava os seus olhos inchados por causa do choro.




— Muito engraçado! — O sarcasmo na sua voz aumentou o ataque de riso do seu pai que segurou a barriga dolorida.




— Olha, eu posso ser velho mas percebi desde que eras adolescente que gostavas de homens, só não quis ser invasivo e esperei pelo momento que fosses me contar — Carlos abriu a boca para dizer alguma coisa mas o choque não o permitia.




— E-eu não sou gay, eu sou um homem, um homem de verdade — Bruno tentou tocar o seu filho quando notou que mordia o seu lábio tão forte que chegava a sangrar.




— De onde você tirou isso? Ser gay não torna você menos homem — O dono da fazenda Torres mordeu mais forte os seus lábios tomado pelo ódio ao lembrar de Diego.




— O meu corpo esquenta, a minha pele fica coçando implorando por um mísero toque dele, eu quero que ele me possua, pareço uma cadela no cio sempre que se aproxima de mim, eu não vou aceitar essa humilhação — Disse com escárnio na voz.


— Filho… Quero ficar sozinho — Bruno aceitou e deixou o seu filho sozinho, seria inútil tentar conversar com ele.


Carlos ainda podia sentir as mãos quentes tocando o seu corpo, lembrava do hálito quente perto do seu ouvido.

Levou a mão a sua ereção coberta pelas calças, engoliu o gemido quando os seus mamilos duros esfregaram contra o tecido da sua camisa.

Abruptamente, correu para a casa de banho ligando o chuveiro com água fria, sentou-se no chão, não aceitaria se tocar por causa de um homem.

Ele era o dono da fazenda Torres, um homem com uma reputação e um nome a manter, ceder aos seus desejos o levaria a ruína e não suportaria a sua família sendo humilhada por sua causa.

— Eu não posso ser gay — A sua voz quebradiça ecoou pelo ambiente silencioso, abraçou o próprio corpo se permitindo chorar.

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