Laços de Encantamento - [ Em revisão ]

𝙲𝙰𝙿𝙸𝚃𝚄𝙻𝙾 𝟸

🎶 ᵐᵘˢᶦᶜᵃˢ ᵈᵒ ᶜᵃᵖᶦᵗᵘˡᵒ

Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ¸¸.•*¨*•.¸¸ꕥ Seguíamos para o norte, cientes de que logo toda a cavalaria do Reino da Luz e de Lydfrykte perceberia a nossa fuga.

Já fazia algum tempo desde que escapamos. Estávamos agora sob a proteção das imponentes árvores centenárias dos bosques do Reino da Luz. Encontramos um riacho e, com alívio, conduzimos os cavalos pelas águas rasas que brilhavam sob a luz das estrelas. Paramos brevemente para que eles pudessem saciar a sede.

Assim que os cavalos descansaram, voltamos a cavalgar com urgência. Corremos como se alguma criatura sombria estivesse em nosso encalço; o medo de sermos capturadas nos impedia de pensar em qualquer descanso.

Cavalgávamos sem cessar, nossos corações batendo forte enquanto seguíamos por um caminho pouco usado, que serpenteava pelos densos pinheiros. Essas majestosas árvores nos dariam abrigo se precisássemos nos esconder rapidamente.

O silêncio dominava entre nós, enquanto cada batida dos cascos dos cavalos reverberava como um tambor inquietante em nossos ouvidos. Ainda era difícil acreditar que havíamos realmente escapado, mas à medida que nos afastávamos, a realidade se impunha de maneira inegável. 

Depois de duas horas na sela, eu não sabia ao certo o que doía mais: minhas coxas cansadas, minhas panturrilhas tensas ou minhas nádegas feridas. Meus dedos estavam entorpecidos de tanto segurar as rédeas, mas não podíamos parar, não até cruzarmos a fronteira. Só então eu estaria realmente livre. Era um acordo de milênios: ninguém podia atravessar a fronteira do outro sem consequências graves.

Há muito tempo, ambos os reinos viviam em paz, mas dezoito anos atrás, tudo mudou. O ataque do Reino das Sombras ao Reino da Luz desencadeou eventos que culminaram na morte de minha irmã, Lyria. Esse trágico acontecimento marcou o início da guerra que ainda nos assola.

Vivíamos em constante medo. Meu pai estava paranoico, sempre esperando o momento em que as tropas das Sombras invadiriam o reino. Por sorte, elas nunca conseguiram nos alcançar além da ponte.

Mas algo me dizia que eu estaria segura ao cruzar a fronteira. Apesar da guerra, eu duvidava que meu pai tivesse a coragem de me seguir até lá. O Reino das Sombras era o único lugar que ele realmente temia.

Cada passo do meu cavalo ecoava a batida do meu coração, uma urgência palpitante de escapar da minha antiga vida, uma sombra persistente que nos perseguia implacavelmente. Meu vestido, agora um estandarte ao vento, sinalizava o fim daquilo que fui.

Galopava em direção a um horizonte repleto de incertezas, mas cada dúvida era um bálsamo frente à opressão da segurança que eu vivia. As certezas absolutas eram meus grilhões invisíveis, que agora se desfaziam sob o ímpeto da minha liberdade.

Agora, eu estava em busca dessa nova vida, um mundo de esperança criado por mim mesma, onde o único limite era minha vontade. Sentia o vento no rosto e o peso das incertezas desaparecendo a cada galopada.