31| Apenas volte...

1.2K 147 64
                                    

"Tudo desabou
Tudo desabou
Tudo caiu
Tudo desabou
Tudo desabou
Tudo caiu
E Tudo que eu te dei se foi
Caiu como se fosse pedra.
Pensei que tínhamos construído uma dinastia que o céu não poderia abalar
Pensei que tínhamos construído uma dinastia como nunca foi feita
Pensei que tínhamos construído uma dinastia que o "para sempre" não se quebraria"

Dynasty - Miia

14/ Julho
2024
8 anos antes

ABBY



A dor dilacerava tanto que eu mal sabia diferenciar a falta de ar de apenas cansaço. Mal sabia como tinha suportado o último mês.

Tudo pesava tanto que, quando eu parava para pensar, tudo ficava mil vezes pior, quando eu me dava conta de que ele nunca mais iria voltar.

De que eu seguraria nossos filhos todos os dias e desceria as escadas esperando que ele magicamente batesse na porta e eu fosse abrir, que ele magicamente aparecesse com um lindo buquê e as piores desculpas do mundo.

Eu o perdoaria sem pensar nenhuma vez.

Eu o abraçaria e esqueceria toda a maldita dor, toda a maldita lágrima, esqueceria de bater na mesma tecla todos os dias. Esqueceria o que é sofrer, o que é ganhar e ao mesmo tempo perder as melhores partes de você mesma. Esqueceria o que é, não dormir.

Não havia saída, não havia luz no fim do túnel e não havia nada que eu realmente pudesse fazer, até que ela apareceu na minha porta. Até que seus olhos azuis encontraram os meus, até que o meu maior pesadelo se tornou minha maior esperança.

Halldren, ou Lilith, não importa como ela é chamada. A garota de cabelos ruivos e olhos vivos apareceu na minha porta naquela manhã de domingo, um sorriso pálido em seus lábios, uma mochila grande em suas costas e sua roupa suja de terra.

Ela me encarou por alguns segundos antes que algumas lágrimas deslizassem por suas bochechas.

Eu mal conseguia lidar com as minhas próprias lágrimas, mais de alguma forma pareceu uma boa ideia ajudar ela e juntas nossas lágrimas.

A garota sentou timidamente no meu sofá e aceitou uma xícara de xá que lhe ofereci, olhou ao redor ainda sem saber o que dizer.

- E as crianças? - ela perguntou e eu sorri.

- Estão dormindo - respondi deixando a xícara em cima da mesinha de centro - Eu nem agradeci por aquela noite... por não ter me deixado sozinha.

Ela me deu um sorriso fraco.

- Não precisa agradecer, você já fez muito mais por mim.

Franzi os lábios me escorando na poltrona.

- Você já o encontrou? - perguntei e ela abaixou os olhos.

- Sim. - sussurrou.

- E como foi?

- Destruidor. Como tudo o que tocamos.

Ela me encarou com os olhos cheios de lágrimas não derramadas.

- Eu vim aqui por que preciso da sua ajuda.

- Com o que?

- Preciso me ocupar, preciso ocupar minha mente e meu corpo com qualquer coisa, qualquer coisa que me faça dormir tarde e acordar cedo, qualquer coisa que não deixe espaço para mais nada.

Profano 02Onde histórias criam vida. Descubra agora