Profano 02

29| O verdadeiro diabo

"Quem vai orar por mim?
Tomar minha dor por mim?
Salvar minha alma por mim?
Por que eu estou sozinho, você vê?
Se eu for morrer por você.
Se eu for matar por você.
Então eu derramarei esse sangue,
Por você."

02/ Junho
2024

8 ANOS ANTES

ZYAN

♧
A sela era tão fria quanto qualquer outro lugar em que Abby não estivesse, mesmo que agora meus companheiros de sela preencham o vazio falando por horas.
Contando o que fizeram antes de chegar até aqui, contando o que aconteceu em suas vidas desde que nos separamos no nosso último ano do ensino médio.

Aleck solta um grunhido quando Aiden zomba dele por está esperando a mulher certa a mais de dez anos.

- O que acha Zyan? - Aiden provoca recebendo um olhar mortal de Aleck - Você guardaria seu pau por tanto tempo?

Sorrio quando Aleck tenta acertar um soco no amigo.

- Depende do motivo. - minha fala os faz paralisarem antes de caírem na risada - Eu tô falando sério, porra.

Resmungo e eles batem na mesa a sua frente.

- Até parece! - Aleck murmura.

- É Zyan, o Aleck guardar celibato até sua "amada" aparecer magicamente eu ainda acredito por que ele é um romântico idiota, mais você? - aponta na minha direção.

- Por quê eu não poderia?

Aleck ri da minha indignação e Aiden o acompanha. As risadas são interrompidas quando a porta da sela se abre, meus olhos voaram para ela e de repente meu ar faltou.

Abby estava de pé diante da porta, os cabelos negros amarrados para trás, o rosto vermelho e coberto por lágrimas, mais o que me fez tremer e sentir medo como nunca antes foi o fato de que sua barriga que deveria estar gigante enquanto carregava nossso filho, agora estava lisa.

- Abby... - minha voz falhou e em passos apressados caminhei até ela, meu coração de repente pesando toneladas e minha garganta tão fechada que eu mal conseguia respirar. - Docinho...

Sussurrei e tremi quando a caixa que ela segurava em sua mão caiu com um baque alto que ecoou pela Sela toda, meus olhos desceram até o chão e eu paralisei quando vi uma roupinha branca e uma foto.

Ela soluçou alto e eu ouvi quando meus amigos entraram no banheiro e fecharam porta.

- Abby... O que... aconteceu? - minha voz falhou miseravelmente, as lágrimas deslizando por meus olhos, o medo se apossando do meu coração, a dor de ao menos imaginar perder meu filho, a dor de vê-la tão destruída. Me abaixei e peguei a foto entre os dedos, minha mão tremendo tanto que mal conseguia ver um bebê em uma encubadora. A puxei para mim e a Abracei contra meu peito.

Ela soluçou alto, e o desespero me invadiu como uma onda de dor. Eu não sabia o que fazer, não sabia o que dizer, além de sinto muito, além de segura-la contra mim.
Acariciei seus cabelos antes de beijar sua testa. Soltei um grunhido quando ela acertou meu estômago com força, ela me empurrou para trás e acertou o punho no meu rosto.
Ainda atordoado eu cai contra o chão e vi quando ela se agachou e pegou uma faca de dentro da caixa.