Capítulo 1.

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Alane lembrava todos os dias da mesma história. Se passaram seis anos, mas parecia que tudo havia acontecido ontem.

A chuva caía pela janela e trazia em cada gota a lembrança viva de um passado nunca esquecido. Ela tinha saído do Rio de Janeiro com uma dor no peito e deixando uma história para trás.

Seu casamento da adolescência tinha chegado ao fim. Oito anos casada com Matteus Amaral, o único homem de sua vida, e ainda assim, Alane nunca tinha sido realmente feliz.

Seu maior desejo de ser mãe ia cada dia morrendo naquele casamento, até que chegou a hora de terminar tudo, então para esquecer e encontrar um novo caminho na vida, ela decidiu estudar inglês em Nova York.

Sua irmã e tia deram todo seu apoio, e contra os conselhos da mãe, Alane partiu para uma temporada longe de tudo.

Nova York foi a melhor escolha da sua vida. Além dos estudos, que iam super bem, Alane conheceu uma vida que nunca sonhou em ter.

Tinha feito novos amigos de muitos lugares do mundo. E por um desses novos amigos ela conheceu Fernanda.

A tão badalada e famosa Fernanda Bande. Seu nome não era tão conhecido na fotografia, mas nas mesas dos bares não tinha quem não suspirasse por aquela mulher.

A linda moça de cabelos castanhos, olhos castanhos e pele branca como a neve, logo a conquistou.

Ela falava do mundo com a experiência de alguém com seus sessenta anos, mas Fernanda tinha quase a mesma idade de Alane. Sua liberdade, seu desejo de viver era contagiante.

Alane não se lembra ao certo quando aquela aventura e aquele tempo de descoberta, tinha se transformado em amor. Amor que era recíproco.

A conquistadora Fernanda tinha se acalmado, seus olhos e atenção eram todos para Alane.

[...]

Com o fim do curso de inglês, Alane estendeu seu visto e ficou trabalhando com Fernanda.

Compartilhavam seus sonhos e desejos para a vida.

Alane ainda não acredita em como teve coragem quando pediu para Fernanda ser a mãe dos filhos dela.

O olhar vivo de Fernanda, a alegria que tomou conta da mulher. Alane lembrava de tudo. Aquele perfume inesquecível, aquela pele macia. Tantas noites de amor que vieram depois daquele pedido. Tanto amor naquela tristeza que se abateu.

Por alguma razão, Alane não conseguia manter a gravidez. Já tinham tentando todas as formas de
inseminação, trocado o doador, mas do terceiro mês não passava.

A infelicidade, o sentimento de frustração, saber que todos aqueles anos em que ela secretamente havia culpado o ex-marido por não ter um filho, era na verdade culpa dela.

Então Fernanda mais uma vez foi altruísta demais, entregou seu óvulo e deixou que Alane tivesse a gravidez desejada.

E pra felicidade delas, uma vida estava sendo gerada. Passou do terceiro mês e aquele serzinho ali dentro era calmo, era o mais puro amor.

Se seu sorriso tinha voltado, seu casamento com Fernanda tinha voltado aos tempos gloriosos.

As noites eram cheias de amor, conversas com o neném que vez ou outra se mexia arrancando sorriso das mães.

Era uma espera infinita pelo nascimento daquele ser tão amado por elas.

[...]

Foi na trigésima sétima semana que o trabalho de parto se iniciou.

Aquela dor, aquele momento que parecia eterno. Horas gritando, para no fim tudo se acalmar e ser
celebrado com um choro. O primeiro choro, o primero contato.

Born To Die • FerlaneOnde histórias criam vida. Descubra agora