Capítulo 6.

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A voz alegre de Alane atendeu o celular. Fernanda não precisava vê-la para saber que a mulher estava sorrindo, aquele sorriso bobo que ela sempre abria quando falava com Fernanda. Essas lembranças eram torturantes.

– Oi, Alane, tudo bem? – a fotógrafa tentou parecer casual.

Tá, tudo bem sim. Aconteceu alguma coisa? – Alane disse entrando no carro, parou um pouco e logo pensou em Laura. – Aconteceu alguma coisa com a Laura?

– Não, você quem me ligou, lembra? A Laura me avisou, mas foi uma manhã corrida por aqui.

"Lógico, Alane, se acontecesse alguma coisa com a menina, Fernanda não ligaria para você. Não ainda." – pensou.

Aah claro, verdade.. Foi só uma situação com a minha psiquiatra e acabei ligando pra você.

– Situação? Que tipo de situação? – Fernanda ficou preocupada.

Ela achou que eu estava alucinando com você. Isso aconteceu um tempo atrás, mas já passou e está tudo certo. Não se preocupe com isso, gata.

– Alane... – Fernanda respirou fundo.

"Situação com a psiquiatra... Ontem ela estava bem e hoje teve uma situação." – a morena parou pensativa.

Fernanda sabia que Alane tinha um temperamento explosivo. As poucas brigas que tiveram foram
grandes o suficiente para não esquecer.

– Eu preciso ir, tenho que ver as coisas da exposição...

Sua exposição, é quando mesmo?

– Depois de amanhã. Galeria Rio. Primeira vez no Brasil. – Fernanda soltou um sorriso nervoso.

Fica tranquila, tenho certeza que vai ser linda... – Alane sorriu.

Ela não ia dizer pra Fernanda que iria na exposição, iria fazer uma surpresa, como Pitel disse. Mas seria bom ouvir a fotógrafa convidando ela.

Vou deixar você trabalhar.

– Você vai... – Fernanda ia falar, mas viu Yasmin se aproximando e franzindo o cenho.

A fotógrafa passou a mão na cabeça.

– Você vai até lá em casa semana que vem? Pra nós termos aquela conversa.

Vou sim. – a resposta saiu triste.

Por um instante, Alane jurou que Fernanda ia convidá-la. Mas tudo bem, ela iria sem o convite da
fotógrafa de qualquer forma.

Espero você ligar para marcar. Beijo, te amo, tchau...

Fernanda desligou sem responder.

"Gata.. Te amo." – o pensamento faz Fernanda sorrir de canto.

Alane falava como se elas estivessem juntas ainda.
Isso era ruim? Não, era bom ter esse carinho de volta.

Era diferente receber os carinhos de Alane, do que os de Yasmin. Até mesmo Vanessa não conseguia
balançar a fotógrafa da forma que as simples palavras de Alane balançavam.

"Droga. Chega Fernanda... A exposição, depois a Alane." – se repreendeu mentalmente.

– Posso saber quem era? – Yasmin perguntou depois de um tempo que Fernanda desligou o telefone.

– A Alane. – a fotógrafa respondeu seca, pegou a planta de organização e saiu conferindo os painéis.

– "A Alane". Você fala nessa naturalidade, como se estivesse falando da Vanessa, por exemplo. – Yasmin seguia Fernanda.

Born To Die • FerlaneOnde histórias criam vida. Descubra agora