Born To Die • Ferlane

Capítulo 3.

Fernanda jamais imaginou reencontrar Alane daquela forma, no seu local de trabalho, tão próxima da filha. Falar era difícil, então ela permaneceu em silêncio e cruzou os braços enquanto via Alane se recuperando.

– Fernanda... – insistiu e tentou levantar, mas acabou se sentindo tonta e voltou a sentar rapidamente com as mãos na cabeça.

Como ela tinha ido parar ali? Como ela não percebeu que era Fernanda? Não tinha como, o nome da mãe da menina era Yasmin.

"Yasmin..." – Alane lembrou imediatamente.

Era a concorrente. Ela tinha dito que era mãe da menina. Como assim?

– Espera ai. – Fernanda disse autoritária e correu até a cozinha. Logo a morena voltou com um copo de água.

Alane estendeu a mão para pegar o copo, mas a fotógrafa o colocou na mesa, sem olhar para ela, sem tocá-la.

– Obrigada... – Alane disse baixo e bebeu a água.

Fernanda estava de costas e Alane não deixou de notar o quanto ela continuava linda.

A mesma pele branquinha como neve, os cabelos estavam mais longos, mas ainda seguia castanho. As roupas eram mais modernas, tons neutros, mas ainda era a mesma Fernanda. A sua Fernanda.

– Faz tempo que voltaram? – Alane perguntou trazendo a atenção da fotógrafa para si.

– Como é que você veio parar aqui? – o coração da maior gelou com o olhar de Fernanda pra ela.

– A...a escola... – Alane desviou o olhar, respirou fundo e voltou a falar. – A escola me ligou, disse para vir fazer a reunião com a mãe da criança e apresentar o plano de aula. Eu...eu sou professora particular. – ela olhou para a fotógrafa quando terminou.

Alane teve medo, queria correr dali e ir pra casa. Mas não iria fugir, não dessa vez, mesmo não estando preparada para aquele momento, ela ficaria.

– E ainda assim você tem a cara de pau de vir aqui? – Fernanda disse entre dentes, sua fúria lentamente ia saindo.

– O nome da mãe da menina era Yasmin, estava sem sobrenome, sem nome da criança, só o nome da mãe e um endereço. – Alane tremia internamente, olhou para o copo vazio, precisava de mais água.

– Pode ir embora. – Fernanda voltou a se controlar e apontou para a porta.

– A Yasmin é a mãe dela? – Alane teve que perguntar, estava com aquilo atravessado, precisava saber.

– Eu disse para ir embora... – a fotógrafa foi fria.

– Por favor, Fernanda... Eu vou embora, mas me responde isso. É importante pra mim.

– Importante pra você? – soltou um sorriso irônico. – Importante por que, posso saber? Não era importante há seis anos atrás?

– Era tão importante, quanto é agora. Eu posso explicar pra você...

– Eu não quero ouvir, não quero saber das suas explicações. Você teve seis anos pra isso, agora é tarde. – Fernanda apontou mais uma vez para a porta. – Sai da minha casa...

– Não precisa ouvir nada agora, mas eu só saio daqui depois que você responder a minha pergunta. – Alane não se mexeu, juntou toda a coragem que tinha dentro de si, segurou as lágrimas e enfrentou Fernanda.

– Olha pra mim, Alane. – era a primeira vez que Fernanda se aproximava dela depois da maior acordar.

A morena andava em passos lentos e a raiva transparecia em seu rosto. Alane não sabe como conseguiu olhar para ela naquele momento.