Prólogo

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Era final de uma tarde de outono, e a temperatura começava a baixar. As antigas portas de uma pequena livraria se abriram, fazendo tilintar o pequeno sino que anunciava a chegada de alguém. Uma senhora de meia-idade entrou, seguida por uma leve rajada de vento que carregava algumas folhas caídas para dentro do ambiente que cheirava a madeira e pó. A luz quente do interior destoava do crepúsculo azulado que mal iluminava a rua lá fora.

— Boa tarde, eu trouxe doações — exclamou a senhora calorosamente, enquanto carregava uma caixa aparentemente pesada para o balcão de carvalho da livraria.

A jovem bibliotecária aceitou gentilmente a caixa da senhora de meia-idade. Ao pegar, podia sentir o peso dos anos nos itens dentro, cada um carregando uma história própria. Com suas mãos pequenas, começou a abrir cuidadosamente a caixa. Uma nuvem de poeira dançou no ar, revelando uma variedade de livros acumulados ao longo de décadas.

— Você sabe como são as mansões antigas, sempre cheias de lixo — a senhora riu baixinho e, com tom apressado, completou: — Acho que agora você deve ter muito trabalho pela frente.

— Nós cuidaremos muito bem desses tesouros, senhora — respondeu a jovem com um sorriso sincero. — Boa volta! — disse, despedindo-se da mulher que já estava abrindo a porta naquele momento.

A jovem, olhando para o relógio, tranca a porta principal e vira a pequena placa para "Fechado". Puxa as grandes grades de ferro que protegem o espaço e, com a caixa nos braços, sobe as escadas quase escondidas aos fundos. A bibliotecária segue para o próximo andar do prédio, que funciona tanto como sua residência — onde mora sozinha desde a morte de seu avô — quanto como a livraria que está na família há décadas. 

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