奉仕行為

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Ressaca e consciência pesada eram as coisas que Izuku detestava e evitava ao máximo sentir.

Ele esfregou os olhos, levantando da cama e sentindo que seu corpo poderia se partir ao meio facilmente; na noite anterior ele ultrapassou todos os seus limites. Pulou barreiras sentimentais que havia imposto a muito tempo e, hoje, a vida parecia lhe cobrar com juros.

Sua cabeça doía como o inferno e o estômago estava embrulhado, culpa do álcool. Seu coração estava disparado como se houvesse corrido uma maratona mesmo que estivesse estático desde que se levantou, culpa da sua língua solta quando havia álcool no seu sangue.

Ele colocou a mão sobre o peito e tentou controlar as batidas com respirações profundas e lentas, oque não surtiu muito efeito. Olhando em volta ele notou a falta de Katsuki no cômodo, a ausência dele parecia muito presente. Presente até demais.

Izuku estranhou, não havia roupas sob a poltrona perto da sacada e o lado dele da cama sequer estava desfeito.

E pela primeira vez desde que abriu os olhos a pergunta que deveria ter surgido no naquele momento, apareceu em sua mente: Como havia chegado ali ontem?

A ideia de ter Katsuki o arrastando enquando bêbado e alterado parecia irreal. O Katsuki que conhecia teria o deixado lá sem peso na consciência. Mas algo, algo minúsculo e incomodo no fundo da sua mente teimava em fazê-lo relembrar as últimas memórias da noite, seja a música ou Katsuki o segurando para não cair, esses pequenos detalhes não esquecidos lhe diziam que sim, Katsuki cuidou para que ele chegasse em segurança no quarto e tivesse uma boa noite de sono.

Seus olhos correram de forma ansiosa pelo quarto. O coração disparando a medida que o pensamento se formava.

Ele não teria...certo?

Katsuki não iria desaparecer sem dizer, não outra vez.

Izuku suspirou em alívio ao constatar que as malas dele ainda estavam no canto do quarto, próximo ao pequeno closet, uma bagunça organizada que ele reconheceria facilmente.
Seu alívio foi momentâneo, porque Katsuki ainda estar ali só poderia significar duas coisas e Izuku ainda não sabia qual delas detestava mais.

Ele não se lembrava de nada que Izuku havia dito ou feito noite passada, havia simplesmente sido uma noite em branco em sua memória e todas as risadas e conversas que há anos não tiveram, de forma zombeteira tinham sido excluídas da sua mente.

E, mais uma vez, Izuku seria aquele único a se lembrar?

Ou, teria sido tão insignificante para Katsuki que nem mesmo merecia o esforço de ignorar?

Ele se levantou, a cabeça girando a cada passo dado em direção ao banheiro. Até mesmo o mínimo esforço de lavar o rosto parecia que lhe faria vomitar. Izuku voltou ao quarto, buscando em suas coisas qualquer tipo de remédio que poderia lhe ajudar no momento. Mas não havia nada a seu favor.

— Deveria ligar para a recepção e pedir algum remédio?

Izuku voltou para a cama, buscando o celular em meio aos cobertores.
No ecrã brilharam algumas mensagens não lidas, a maioria era de Uraraka perguntando como estava  a viagem, outras de sua mãe lhe dizendo para aproveitar o máximo e por último, duas mensagens de Todoroki.

Os dedos tremeram e hesitaram em abrir a conversa, Izuku queria jogar o telefone pela janela só para ter a desculpa de não respondê-lo agora.
Quando acumulou o mínimo de coragem necessária ele clicou no nome enfeitado com corações e se deparou com uma mensagem enviada ontem por volta das onze da noite e outra ainda no início do dia, no horário que o namorado estaria acordando para se preparar para o dia, cinco e pouquinho.

"Izuku, não conversamos o dia todo. Você está bem? Estarei esperando sua resposta ou ligação."

"Izuku espero que tenha consciência do que quer que esteja fazendo nessa ilha, com ele. "

Ele respirou fundo, e então ligou para Todoroki. Uma mensagem não seria o suficiente para se desculpar, ligar para ele e explicar que não estava fazendo nada demais e que apenas bebeu um pouco e não pode responder antes. Mas Todoroki não atendeu.

Olhando o horário Izuku deduziu que seu celular estava no silencioso enquanto ele trabalhava, deixou uma mensagem dizendo que ligaria no horário do almoço e então deslizou até o chat da melhor amiga.

"Ocha, preciso dos seus conselhos mais do que nunca."

Ela também não o respondeu de imediato, e Izuku teria esperado na conversa por longos minutos se a fechadura eletrônica da porta não denunciasse que o motivo de todos os seus pensamentos culposos havia resolvido aparecer.

— Oh...Você acordou — Bakugou parecia bem, a bebedeira de ontem não lhe deixou moribundo como Izuku estava agora — Achei que ficaria apagado até a hora do almoço, no mínimo.

Ele estava agindo normalmente? Como na noite anterior? Midoriya não conseguia acompanhar essa mudança e isso estava estampado na confusão de seu rosto. Katsuki sorriu, ele notou como o cabelo bagunçado e a cara de sono davam à Izuku alguns anos a menos e ele quadro poderia ver o adolescente que um dia foi seu melhor amigo ali.

— Não me olhe como se houvesse crescido chifres na minha testa. — Izuku desviou o olhar por um momento — Temos um tratado de paz, lembra?

O esverdeado buscou por sua mente em qual momento chegaram a isso e quase riu.

— Sociáveis...

Katsuki concordou. Ele deixou algumas sacolas sobre a mesinha de apoio na entrada do quarto, mexendo em uma delas concentrado.

— Você me parecia o tipo de bêbado que se transforma em um paciente em estágio terminal no dia seguinte, então saí para comprar comida e...

Ele finalmente achou oque buscava. Katsuki pegou uma garrafinha de água no frigobar a caminho da cama e enfim parou em frente à Izuku.

— Não sou realmente forte para bebida.

O loiro sorriu. — Eu realmente percebi isso, Midoriya — Katsuki abriu a garrafa enquanto falava e a entregou para Izuku — Aqui.

Ele estendeu dois comprimidos para Izuku.

— Lembre-se que estamos em paz e nao vale tentar me matar com veneno ou o quer que seja esses comprimidos.

— Claro, aspirinas são totalmente mortais. — Katsuki zombou revirando os olhos. — Então me faça o favor de tomá-las e morrer em silêncio.

— Obrigado, uma morte rápida é a maneira mais fácil de me livrar de você no momento. — Ele pegou os remédios e bebeu alguns goles de água. — Obrigado...

Katsuki ainda estava parado à sua frente e balançou a cabeça, negando qualquer agradecimento. Ele pegou a garrafa de água de volta, fechando de volta e deixando no móvel ao lado, ele buscou uma sacola de papel que trouxera e a deixou do lado da água.

— Como antes que esfrie.

— O'Que... — Katsuki não ficou para responder o'que que Izuku fosse lhe perguntar. Midoriya pegou com cuidado a sacola que ele deixou ali e abriu, tirando de lá um pote que fumegava fracamente. — Okayu... onde ele achou isso nessa ilha?

No mesmo instante em que a água do chuveiro caía, Izuku recebeu uma mensagem de Uraraka lhe perguntando o'que infernos estava acontecendo.

Ele demorou para responder, entretido no cheiro que o mingau tinha. Ele buscou rapidamente por uma colher na sacola e com uma urgência que não vinha da fome e sim da curiosidade, ele experimentou.
Seus olhos ardiam, com lágrimas que ele não deixaria cair, mas que insistiam em dizer que havia algo nostálgico ali.

Izuku devorou todo o conteúdo do pote em tempo recorde. Sua mente gritando que não era possível, não podia ser verdade.

Ele buscou por seu telefone e ignorou a pergunta que a amiga fez para lhe dizer o'que estava martelando em sua mente naquele momento.

"Acho que ele cozinhou Okayu para mim."


Depois de décadas, enfim trouxe mais um cap para vocês.

Espero de coração que gostem <3

HONEYMOON |BakuDeku| Onde histórias criam vida. Descubra agora