Pesadelos

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ㅡPor azar, nem mesmo as passagens foram possíveis de trocar…

Izuku resmungou ao encontrar seu assento e ver que Katsuki já estava sentado em sua poltrona, confortável enquanto tinha os olhos fechados, suas sobrancelhas grossas estavam firmemente franzidas em sua típica expressão séria mesmo que todo o seu corpo esbelto estivesse relaxado e, ele provavelmente estava escutando música em seu fones, o batucar dos dedos contra a coxa eram ritmados demais para serem meros movimentos impensados. Izuku se perguntou se ele ainda ouvia as mesmas músicas do Bon Jovi ou se seu gosto por algum milagre teria mudado nesses anos. 

~Isso não é algo que eu deveria me importar. 

Ele repreendeu seus próprios pensamentos, se preocupando apenas em guardar a mala de mão no bin e se sentar ao lado dele. 

Parecia mais como um sonho assombrado ou um completo pesadelo.

Katsuki não precisou abrir os olhos para adivinhar quem estava acomodado ao seu lado, ele saberia que era Izuku mesmo que suas passagens não deixasse claro, o cheiro doce de cerejas que ele nunca abria mão estava tomando conta de seus sentidos, fazendo o sentir comichões. Izuku era teimoso e imutável quando gostava de alguma coisa desde quando era apenas um pirralho. 

Bom, ele foi para quase tudo em sua vida.

// 

O vôo decolou no horário previsto e sem nenhuma interferência e tudo corria bem se Izuku fingisse que a pessoa ao seu lado não estava inquieta, se ele apenas focasse em seu livro e ignorasse os tremores involuntários que Katsuki tinha desde que a porta do avião se fechou. 

Ele ainda tinha medo de aviões.

Izuku sabia que desde que sofreu um pequeno acidente aéreo quando tinha por volta dos dez anos Katsuki costumava evitar voar, só fazendo isso quando extremamente necessário.

Ele sabia que o loiro havia buscado tratamento na adolescência mas sem sucesso, ele ainda tinha problemas para controlar o medo, por mais que nunca fosse admitir em voz alta ou pedir por ajuda.

Izuku iria apenas ignorar, não era um problema seu. Ele voltou a prestar atenção em sua leitura, se focasse bem conseguia quase que totalmente ignorar os tics nervosos ao seu lado.

Quase…

Suspirando frustrado ele ignorou o borbulhar em seu sangue ou o frio sem seus dedos ao estender a mão sobre o descanso de braço entre as poltronas. Katsuki apertava levemente a divisão entre eles e se sobressaltou em um pequeno susto quando os dedos de Izuku tocaram o seu. 

Ele sentiu um arrepio correr do lugar onde suas mãos descobertas pelos casacos se tocaram, fosse pela surpresa ou por simplesmente ser a mão dele -os dedos de Izuku estavam gelados, talvez até mais que os seus - Katsuki não sabia dizer. Ele também não pode entender o motivo dos tremores diminuírem até o ponto de pararem completamente ou porque sua pulsação estava entrando em um ritmo constante e confortável e o ar parecia finalmente circular outra vez, doce e nostálgico. 

Katsuki simplesmente perdeu a noção do tempo, focado na constante sensação da pele de Izuku contra a sua, os minutos correram e ele só notou que estavam em solo quando a aeromoça anunciou. Foi o seu primeiro voo desde o acidente que ele não ficou a beira de desmaiar. Izuku retirou a sua mão rapidamente como se enfim tivesse notado a maneira como estavam e se apressou em guardar o livro na mochila e se levantar para pegar a mala e sair. Katsuki queria dizer alguma coisa, qualquer coisa, ele havia acabado de passar o voo inteiro sendo um tipo de conforto, mas nada saia, sua voz parecia morta em sua garganta e a boca estava seca. Parecia doloroso falar agora.

Katsuki o deixou ir, se misturar à pequena multidão que saía e só voltou a si quando Izuku desapareceu da sua visão. Ele também pegou suas coisas e seguiu para fora.

Katsuki não voltou a ver Izuku durante todo o dia, apenas as suas malas estavam no quarto quando ele chegou ao hotel. Ele não saiu do quarto desde o momento que chegou, se sentiu extremamente cansado e apenas tomou um longo banho e depois dormiu. 

Katsuki teve um pesadelo naquela tarde sobre o dia em que sofreu o acidente aéreo, foi um pesadelo recorrente durante toda a sua vida onde os momentos daquele dia se misturavam à imaginação de um garotinho assustado para atormentá-lo. 

Porém dessa vez havia sido diferente, por algum motivo tinha uma mão segurando a sua durante o vôo, uma pequena e rechonchuda mãozinha quente e confortável, uma imutável presença que lhe passava segurança mesmo quando o avião descia em um rápido e perigoso pouso forçado sobre a reserva florestal. O pequeno Katsuki do pesadelo geralmente gritava e chorava assustado e sozinho enquanto o caos o cercava e parecia sufocá-lo cada vez mais, mas, esse pesadelo estava estranho, dessa vez ele não gritou ou chorou porque uma vozinha lhe dizia que tudo ficaria bem e que ele não estava sozinho.

Katsuki não estava tão sozinho? 


Tcharamm!!!
Mais um.
E com esse capítulo encerramos as atualizações diárias, tentarei postar ao menos duas vezes na semana os próximos capítulos.

É isso, um beijo e um queijo e até breve <3

Deixem uma estrelinha, seu comentário também é muito importante para o desenvolver da história.

HONEYMOON |BakuDeku| Onde histórias criam vida. Descubra agora