O Alvorecer de um Novo Mago

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Há milênios, muitas histórias a respeito dos deuses e heróis são contadas por toda Enchantya. Grande parte destas histórias estão presentes na sagrada bíblia mística, o grande livro que contém toda a história de Enchantya desde a sua criação, um livro que é atualizado a cada mil anos.

Segundo essas histórias, há cerca de três milênios atrás, um grupo de corajosos guerreiros chamados Sigfried, Sigmund, Asta e Marion foram abençoados pelos deuses para que pudessem expurgar de Enchantya a deusa demoníaca Shariell e seu exército de espectros infernais. Shariell tentou assumir o lugar de Garion, o senhor das trevas, como a nova senhora do submundo. No entanto, Garion deu para Sigmund, um dos guerreiros, a única arma capaz de derrotar Shariell naquela época: a Espada Esmeralda. Porém, a espada possuía o poder de consumir o espírito daquele que a empunhasse e Sigmund acabou cedendo às trevas, sendo mais tarde derrotado por seu próprio irmão Sigfried.

Desde então, Shariell continua trancada nas profundezas obscuras de Hegel, o inferno de Enchantya, e a Espada Esmeralda permanece da forma como foi dito que estava, desaparecida.

Agora, três mil anos depois, algo sombrio ameaça a vida e a tranquilidade do povo de Enchantya novamente.

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Em Avarion, um reino que faz parte da União de Trinitya, no palácio, ouve-se os passos apressados de uma cidadã aflita, que caminha depressa em direção à sala do trono. É uma mulher alta, uma elfa de pele clara, olhos verdes e marcas de expressão por todo o rosto. As olheiras que ela carrega são os sinais de várias noites passadas em claro, a espera de um filho que corajosamente se foi e misteriosamente não voltou.

—Majestade! —Diz a pobre e aflita elfa, adentrando a sala do trono. —Em nome de Havion, ainda não há notícia alguma de meu filho? —Pergunta ela, ajoelhando-se perante o rei.

O monarca, de barbas brancas devido a idade, esfrega o cenho num sinal de impaciência e suspira profundamente antes de se dirigir à mulher que se ajoelhou a sua frente.

—Senhora Morheen, pela milésima vez, assim que tivermos quaisquer notícias a respeito de seu filho e do grupo que o acompanhava, nós avisaremos à senhora. Infelizmente, tudo que nos resta enquanto isso é esperar pela misericórdia de Havion, que tanto nos é fiel.

—Se nos fosse mesmo fiel, já teria trazido meu filho de volta! —Exclamou a elfa, se desmanchando em prantos enquanto os guardas do rei a acolhiam e a levavam de volta para casa.

Enquanto isso, na torre do mago, um jovem elfo acompanhava da janela da torre a escolta de sua mãe em casa. Suspirando de pesar, ele tomou uma decisão que já estava cogitando há algum tempo.

—Senhor Gideon, eu me decidi. —Disse o jovem elfo, plantado na frente de seu mestre, um mago bastante velho que havia se jogado numa poltrona para descansar as costas. —Eu vou atrás do meu irmão. Encontrarei Ulissys a qualquer custo!

—É mesmo? —Questionou o velho mago encarando seu aprendiz com dúvida. —Lycius, o que o faz pensar que pode encontrar seu irmão?

O jovem aprendiz abaixou a cabeça para pensar numa resposta que pudesse satisfazer seu velho mestre, que era uma pessoa difícil de se convencer. Arregaçando as compridas mangas de sua túnica, Lycius respondeu corajosamente:

—A minha fé, mestre Gideon. A minha fé me faz ter certeza disso. Ela irá me guiar até Ulissys, ainda que esteja morto.

O velho mago encarou seu aprendiz com orgulho enquanto via uma solitária lágrima escorrer pelo rosto claro do jovem elfo. Enxugando a lágrima de seu pupilo com seu dedo indicador enrugado, Gideon o encorajou.

—A fonte de toda a magia que nós enchantianos usamos é a fé. A fé em nossas capacidades, a fé em nossos deuses, a fé naqueles que amamos e queremos bem. A chave do nosso poder é a crença que temos em nós mesmos. Você é um excelente aprendiz e será um grande mago, Lycius, se tiver fé.

—Mas e aqueles que usam a magia para o mal, mestre? No que eles tem fé?

—Em seus próprios poderes. Mas isso só não basta, pois sempre haverá alguém mais poderoso. Confiar tanto em si mesmo pode te levar à ruína. Tenha fé em suas capacidades, mas jamais subestime aqueles que se colocarem no seu caminho.

Aquelas palavras ficariam para sempre gravadas no coração de Lycius. Mais tarde, naquele mesmo dia, os emissários espirituais levaram Gideon para a Morada dos Virtuosos, o paraíso de Enchantya. Lycius não sentia uma dor igual desde a morte de seu próprio pai. Gideon partiu sem concluir o treinamento de seu pupilo, a quem agora só restavam os antigos grimórios de seu mestre.

Um ano mais tarde, Lycius aprendeu tudo que os grimórios de Gideon poderiam ensiná-lo. Restava apenas aprender com as experiências que o mundo fora de Avarion poderiam proporcioná-lo. Contra a vontade de sua mãe, o novo mago Lycius partiu em busca de seu irmão Ulissys.

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Próximo capítulo: "Em busca de Ulissys"

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