Capítulo 4

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Quando Harry chegou ao retrato, Snape já estava lá.

— Não estou atrasado — disse Harry preventivamente.

— Estou ciente da hora — respondeu Snape. — Abra a sala.

Harry não o fez, não imediatamente.

— A sala dos objetos escondidos? Aquela que pegou fogo? Ainda pode estar pegando fogo, não tenho certeza de como o Fiendfyre funciona.

Snape olhou carrancudo para ele.

— Você acha que eu diria para você abrir se eu pensasse que sim!

— Er, não — Harry respondeu ansiosamente. — Por que você não pode?

— Porque eu mandei você — Snape disse irritado. — Isso é detenção, Potter, não um passeio noturno. Faça o que eu digo.

Harry ficou dividido, mas fez o que Snape pediu.

— Preciso do lugar onde tudo está escondido — disse ele calmamente, andando em frente à parede. A porta apareceu e Harry olhou para ela, percebendo que estava começando a tremer e não conseguia se conter. A última vez que ele esteve aqui foi na noite da batalha. Crabbe havia morrido. Harry, Ron e Hermione quase morreram. Eles salvaram Malfoy e Goyle. Tudo estava queimando, a fumaça subindo. Ele mal conseguia respirar e os braços de Malfoy o envolveram com tanta força que doeu. Fora da sala estava a vida. Dentro da sala estava a morte.

— Potter?

A voz vinha de longe e Harry mal a ouviu. A porta estava chamuscada nas bordas, como se o fogo tivesse tentado escapar. Tinha sido retido, obviamente, o castelo inteiro não tinha queimado e a porta estava ilesa, exceto pelas bordas, mas essas bordas estavam... enegrecidas e... e...

.

Harry abriu os olhos. Snape estava ajoelhado na frente dele, parecendo preocupado? Por que ele estava ajoelhado?

— Harry, você se lembra do que aconteceu? — Snape perguntou, e sua voz era... era suave? Tipo? Harry se sentiu muito confuso.

— Eu-uh, não? — Harry tentou. — Estou no chão?

Snape assentiu. Isso explicava por que ele estava ajoelhado, por que Harry estava sentado e encostado em algo duro e frio, e provavelmente também a leve dor na bunda e no pulso esquerdo.

Os olhos de Harry voaram para seu pulso. Snape estava dizendo alguma coisa, mas aquilo passou por cima de sua cabeça. Seu pulso, seu pulso esquerdo, aquele que doía, Snape estava segurando. Seu aperto era frouxo, mas estável, sua mão quente e forte. Seus dedos eram calejados e ásperos, mas reconfortantes. Enquanto ele olhava, a dor desapareceu completamente. O primeiro pensamento de Harry foi que Snape era mágico, e então ele percebeu o quão ridículo isso era. Claro que ele era mágico, ele era um mago. Harry estava no chão e ele ainda não sabia exatamente por que, mas provavelmente ele havia desmaiado ou algo assim, e provavelmente caiu errado no pulso, e Snape o consertou.

— Harry — Snape disse bruscamente, e os olhos de Harry passaram de seu pulso para o rosto de Snape. Ele parecia preocupado. Harry nunca tinha visto seus olhos tão próximos antes. Afinal, eles não eram pretos, apenas marrons muito escuros. — Eu preciso que você se concentre. Você está bem?

— Acho que sim — respondeu Harry, ainda muito confuso. — Minha bunda dói.

Um breve sorriso apareceu no rosto de Snape.

— Isso era de se esperar. Como está seu pulso?

Harry voltou para ele. Snape estava segurando seu pulso. Seu pulso estava bastante perfeito, mas ele não podia dizer isso.

Starched Cuffs | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora