Capítulo 3

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Ron e Hermione foram os únicos outros grifinórios que ficaram para o intervalo. Foi bom, na verdade, ter toda a sala comunal só para eles. A única pessoa que ficou no ano foi Malfoy, o que quase anulou qualquer espírito natalino. Ele os evitava, sim, mas continuava lançando olhares estranhos a Harry e esbarrando nele em lugares estranhos. Não literalmente, felizmente, mas a constante ameaça de ser surpreendido por ele foi o suficiente para irritar Harry.

O primeiro sábado foi dia de Hogsmeade. Harry, Ron e Hermione foram, embora Harry tivesse que sair do jantar mais cedo para voltar a tempo da detenção. Ele ainda estava comendo um pedaço de biscoito quando começou a caminhar de volta para Hogwarts e quando Malfoy apareceu do nada e caminhou ao lado dele, ele engasgou de surpresa. Malfoy não fez nenhum movimento para ajudar, apenas caminhou ao lado dele em silêncio enquanto tossia.

— O que você quer? — Harry engasgou, ainda tossindo.

— Ouvi dizer que você conseguiu algumas detenções — Malfoy respondeu de forma neutra.

— O que isso tem a ver com você? — Harry perguntou irritado.

— Severus é meu padrinho — disse Malfoy. — Não gosto da ideia de ele ficar preso no escritório todas as noites.

Harry revirou os olhos. —Também não gosto muito da ideia. O que você espera que eu faça a respeito?

— Seja legal com ele — Malfoy exigiu. — Eu sei que você está brigando, ele me disse. Apenas cale a boca e faça o que ele diz.

Harry olhou para ele.

— Claramente ele não te contou tudo. Ontem fiquei até tarde terminando a poção dele. Falei o mínimo possível e não houve briga alguma. Não que eu precise me explicar para você.

Eles caminharam em silêncio por alguns minutos, Harry ainda mordiscando seu biscoito amanteigado. Ele estava extraordinariamente desconfiado do garoto ao lado dele, mas não estava com vontade de dizer nada, apenas pedindo a Malfoy que o deixasse em paz. Contanto que eles não estivessem lutando ativamente, era bom o suficiente.

— Ele me disse que você não o odeia mais — Malfoy disse de repente.

Harry olhou para ele.

— Não é da sua conta.

— Se vale de alguma coisa, estou feliz — Malfoy respondeu. — Ele não me contou exatamente o que você viu na Penseira, mas o suficiente para entender a essência. Ele não é mau, apenas difícil.

Harry agarrou o pulso de Malfoy, parando os dois.

— Por que você está me contando isso? — ele perguntou com raiva. — Qual é o ponto? Snape não dá a mínima para mim de uma forma ou de outra; o fato de eu odiá-lo ou não é irrelevante. O que eu faço, a propósito. O odeio. Estou disposto a aceitar que ele não é maligno, mas isso é o máximo que posso fazer.

Malfoy soltou seu pulso.

— Não me toque — ele esbravejou. — Eu já disse o porquê. Ele é meu padrinho e não quero que ele fique infeliz nos feriados, pelo menos não mais do que o normal. Ao contrário do que você possa pensar, sou capaz de me importar com as pessoas.

Harry olhou para ele.

— Não estou interessado em antagonizá-lo — disse ele. — Cem pontos perdidos e duas semanas e meia de detenção são suficientes para eu não incomodar mais Snape. Tenho de ir, vou me atrasar. — Ele acelerou o passo, deixando Malfoy para trás e correndo para o escritório de Snape.

— Três minutos atrasado, Potter — Snape falou lentamente quando abriu a porta. — E você não bateu. Ninguém nunca lhe ensinou a mais básica das cortesias?

Starched Cuffs | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora