O Reino do Universo Inexistente

Capítulo Extra 3 - Enfrentando Preconceitos

Era uma tarde de outono, e Sauro estava na aula de alemão, sentado no fundo da sala. A professora, Frau Klein, uma mulher de meia-idade com cabelo grisalho e óculos, caminhava pela sala, explicando a gramática alemã com um tom severo.

Sauro olhou para trás, subtilmente. Naquela tarde, as meninas não tinham aulas e portanto, decidiram ver se as coisas eram assim tão más como o rapaz tem andado a dizer. De facto, elas observaram como a professor parecia ser mais desagradável para os alunos de cor, incluindo Saur.

Sauro: A stora de germão parece que vem da WW2, pela maneira como me trata. - murmurou

Okapi olhou para ele com um semblante preocupado, percebendo a frustração do amigo. 

Okapi: A professora está mesmo a ser uma sacana para ele. - e isto era a Okapi a ser contida - Estás a gravar, Baby?

Baby: Estou. Mas tenho que ter cuidado para não seremos apanhadas.

A tensão era palpável, especialmente quando Frau Klein olhou diretamente para Sauro, seus olhos estreitos por trás dos óculos.

Frau Klein: Senhor Sauro, poderia por favor responder à pergunta no quadro?

Sauro levantou-se lentamente, sentindo todos os olhos na sala fixos nele. Caminhou até o quadro e olhou para a pergunta. Seu conhecimento de alemão era bom, mas a hostilidade da professora tornava tudo mais difícil.

Sauro: Die Katze ist auf dem Tisch. - respondeu em alemão, hesitante

Frau Klein: É impressionante como você ainda consegue errar algo tão simples. Volte para o seu lugar. - em tom de desdém.

Do lado de fora, as meninas reparam na atitude da professor.

Okapi: Viste aquilo? 

Baby: Vi e tenho o sangue a ferver. Sauro esforça-se para aprender línguas. Ele tem o sonho de trabalhar na Ilha Internacional e ser tradutor e aquela... estupida não está a ajudar. - e isto é a Baby ainda a ser contida.

Os sussurros dos colegas encheram a sala enquanto Sauro voltava ao seu assento, a cabeça baixa. Okapi faz sinal para ele não se preocupar. Ela aproxima-se, lentamente para lhe dar força.

Okapi: Não liga para ela. Tu és muito melhor do que isso. E não te preocupes, nós estamos a gravar tudo. - murmurou.

Sauro: Finalmente, haverá provas.

Depois da aula, Sauro saiu, respirando aliviado ao deixar a sala opressiva. Ele foi, imediatamente a seguir, ter com as meninas.

Sauro: Eu sei que é mais do que só o meu alemão. Ela nunca trata os outros assim. - em tom amargo - Filmaram tudo?

Baby: Filmamos.

Okapi: Filmamos e vamos denunciar isso. Não é justo você passar por isso. Ninguém merece ser tratado assim, só por causa da cor da pele.

Sauro: É difícil, mas tens razão. Não posso continuar deixando isso passar.

No dia seguinte, Sauro e Okapi foram ao escritório do diretor, um homem de meia-idade com um olhar sério, mas compreensivo. Baby não pode estar com eles porque ia ter aulas, naquela manhã. Teste de programação e ela não podia faltar.

Diretor: Entrem, por favor. O que posso fazer por vocês?

Okapi: Senhor Diretor, queremos denunciar um comportamento inaceitável por parte da Frau Klein. Ela tem sido extremamente hostil com o Sauro, e acreditamos que seja por causa da cor da pele dele.

Diretor: Entendo. Por favor, sentem-se e contem-me tudo.

Sauro e Okapi relataram os incidentes, desde os comentários desdenhosos até o tratamento injusto. O diretor ouviu atentamente, fazendo anotações. Eles até mostraram a gravação que fizeram no dia anterior.

Okapi: Sabemos que é ilegal gravar imagens sem autorização mas, não podíamos deixar isto continuar. Queríamos provas e queremos justiça.

Diretor: Agradeço por trazerem isso à minha atenção. Vou investigar o caso e tomarei as medidas necessárias. Ninguém deve ser tratado de forma discriminatória nesta escola.

Sauro: Obrigado, senhor.

O diretor passou a gravação para o seu telemóvel como forma de manter as provas e depois, deu o telemóvel de volta à Okapi. Enquanto saíam do escritório, Sauro sentia-se aliviado, mas ainda apreensivo.

Okapi: Fizemos a coisa certa. Agora é esperar que a justiça seja feita.

Sauro: Espero que sim. Estou cansado de ser tratado assim.

Okap: Não te preocupes. Isto vai acabar. Anda. Vamos devolver o telemóvel à Baby e perguntar-lhe se o teste correu bem. Ela estava super nervosa.

Com o apoio de amigos e da administração, Sauro começou a sentir que, talvez, as coisas pudessem melhorar. Era apenas o começo de uma luta maior, mas ele não estava mais sozinho.