Começando

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Como havia combinado, voltei à loja de Misty em um horário em que Viktor estivesse lá e levei a caixa com os equipamentos que ele poderia se interessar.

— Viktor Vektor, bom te ver de novo! — sorrio e coloco a caixa em uma mesa — Tenho algo para você! São equipamentos de primeira, lançamento novo!

— Quanto tempo, garota! Como vai a Panam? — ele abre a caixa para dar uma olhada e da um assobio. Ao que parece é um kit, tem um braço, olhos e umas outras pecinhas que eu não faço ideia da utilidade, mas Viktor certamente sabe — Isso me lembra que sumiu um carregamento bem na estrada, parece que foi da corporação que substituiu a Arasaka!

— Eu não sei do que você tá falando, eu achei isso aí jogado na rua! — dou uma leve risada e me apoio na parede com os braços cruzados — E minha mãe tá bem! Mas é o seguinte, quero me livrar disso o quanto antes e partir para o que interessa! Vou ver o que esse lugar tem para me oferecer!

— Você tá pensando em ficar mesmo? Tu não vai durar um dia. Não sem um bom croma pelo menos!

— Medicânicos, sempre querendo enfiar croma no nosso rabo!

— É meu ganha pão, menina! Mas eu falo isso para o seu bem. Todo mundo nessa cidade tem uma modificação e para um orgânico bater de frente com essas pessoas é suicídio! — ele fecha a caixa e guarda — Claro que é arriscado de qualquer forma, podem fritar teu circuito ou podem colocar um vírus no teu sistema, mas eu diria que é mais vantajoso ter um croma!

— Não sei não...

— Vai por mim, as vantagens são muito boas! Podemos negociar com essas peças que você trouxe! Eu coloco alguns cromas essenciais em você, para o início, se você achar que precisa de mais é só aparecer novamente!

— O que seriam esses cromas essenciais?

— Leitor de unidade, alguns sensores e outras coisas. É uma operação complicada obviamente, mas eu sou profissional! Como seria sua primeira vez, você teria que ficar um tempinho imternada, fazer uns testes cognitivos, se  adaptar ao novo corpo.

Cruzo os braços e fico o observando por um tempo, tenho um pouco de receio em colocar essas coisas, mas tenho ciência de que talvez seja realmente necessário. Suspiro e penso mais um pouco antes de finalmente dizer algo.

— Primeiro vou ver como me saio do jeito que eu sou, se for muito complicado eu procuro você!

— Gosto da sua determinação! Você me lembra muito o V às vezes!

— Todo mundo diz isso, mas eu acho que não é verdade. Como vou me parecer com alguém que nem se quer me criou?

— Genética... e talvez o destino! Seu pai amava esse lugar, o fato de você ter procurado Night City quer dizer alguma coisa. Talvez a vontade de seu pai viva em você!

— Isso não faz o menor sentido! — me afasto para ir embora, essa conversa tá começando a me frustrar, mas ao mesmo tempo tenho um pouco de curiosidade, então paro e olho para Viktor — Você sabe o que aconteceu com ele?

— Tua mãe não te falou?

— Mais ou menos! Ela não é do tipo que explica as coisas direito!

Toda vez que eu perguntava ela meio que perdia a paciência e não falava coisa com coisa, pelo menos eu não conseguia entender bem. Sei que tem a ver com um chip bizarro. Viktor suspira e me convida para sentar, então faço isso e espero ele tomar o tempo dele.

— Quer a história toda?

— Se for possível!

— Bem... seu pai era um ótimo mercenário e estava prestes a subir de nível depois de conhecer um novo canal. Dexter Deshawn, um miserável.  O trabalho dele na época era roubar um protótipo de um figurão da Arasaka. Não sei exatamente os detalhes, só sei que o tiro saiu pela culatra. Nesse mesmo dia ele perdeu o melhor amigo e pouco depois recebeu uma azeitona no coco! Seu pai basicamente morreu naquele momento, mas como ele tinha plugado o bichip na unidade dele, os nanitos dele começaram a concertar os danos e seu pai ressuscitou. Porém, o biochip carregava um construtor de personalidade do Johnny Silverhand que ia substituir a consciência do teu pai. Ele falava sozinho às vezes, respondia a si mesmo como se estivesse falando com outra pessoa. — Viktor suspirou e depois deu um sorriso — Mas ele fez um baita estrago antes de ir embora com a tua mãe e de algum jeito conseguiu se livrar do biochip, mas já era tarde, ele não ia conseguir durar vivo por muito tempo... pelo menos ele foi feliz no fim e ainda conseguiu transforma seu nome em lenda. Bom, mas isso já fazem muito anos! Poucos que ainda atuam hoje em dia conheceram teu pai, mas a maioria com certeza ouviu falar, afinal, poucos são loucos o suficiente para desafiar a Arasaka.

Cyberpunk - Aventuras em Night CityOnde histórias criam vida. Descubra agora