Prólogo

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Nosso último roubo tinha sido um sucesso, conseguimos muitas armas e outras parafernálias militares. Tem muita coisa nova e de boa qualidade sendo produzida e indo para Night City, não íamos perder a oportunidade de saquear aquele comboio que estava de bobeira passando pela estrada, mas eu já cansei de tanta poeira e viagens frequentes. Atualmente os Aldecaldos se tornaram um grande grupo bem animado, mas não foi sempre assim. Quando eu tinha por volta de uns dez anos, foi quando viemos para os arredores de Night City e começaram a aceitar novas pessoas no grupo, também nasceram algumas crianças que agora têm entre cinco e sete anos. Fizemos viagens aqui e alí, mas sempre voltávamos. Minha mãe não queria, porém, não podemos fazer nada se essa área é melhor para roubar e negociar.

Enquanto alguns faziam festa, outros estavam trabalhando na separação dos equipamentos. Eu era uma que estava fazendo isso, não estou no clima para festejar de qualquer forma.

- Óia só que maravilha! Nós pode pegar esses equipamento tudo e vender pra uns medicânico em Night City, vão pagar bem! - minha mãe diz enquanto separa algumas coisas.

- É, nós literalmente roubamos os equipamentos que algum medicânico corp iria colocar em alguém de alto escalão e agora vamos vender para qualquer medicânico meia boca colocar em qualquer mercenário idiota!

Ela me olha com um ar de reprovação. Eu sei, não temos muita moral, além disso, todo mundo odeia as grandes corporações, principalmente os nômades eu diria.

- Ocê num tá em posição de julgar ninguém! Descriminar o geral é o mesmo que descriminar teu pai!

Reviro os olhos, minha experiência com os mercenários é um tanto quanto hostil, para dizer o mínimo, é difícil acreditar que meu pai era diferente dos que conheci.

- Como se eu me importasse com isso! - resmungo e suspiro. Não sei quando esse tipo de conversa começou a me irritar, mas já não suporto mais ouvir sobre ele. Levanto e chuto uma tralha velha que estava no chão - Tô cansada dessa merda! E por que fica falando dele como se ele fosse um exemplo pra algo?

- Ele ainda tem uma reputação muito boa em Night City! Tu pode num dá valor cadi quê num conheceu ele, mas o V... o Vincent era maravilhoso! Um mercenário honroso e leal!

Passo a mão no cabelo, os agarro e fecho os olhos por um momento, depois dou uma risada de escárnio. Quando eu era criança até gostava de saber sobre meu pai, a história dele é surreal e não tem como ser mentira já que ela contava tudo igual todas as vezes, mas agora já tô de saco cheio.

- Mercenário leal... em que mundo um marginalzinho é leal a alguém?

- Eita que tu é cabeça dura igualzinha ele! - ela suspira meio que bufando - Do mesmo jeito que nós nômades consideramos os Aldecaldos como família, os marginais também podem construir uma relação assim! - ela parece ficar triste por um momento, mas logo volta com a expressão marrenta - Vamo terminar de organizar isso.

Suspiro e ajudo ela a terminar a separação e organização das coisas, depois saio de lá e me sento perto da fogueira onde o pessoal está bebendo. O grupo está muito misturado, um bando de caipiras e mais um bando de gente que era das cidades, acabei até pegando o jeito de falar deles assim como eles pegaram o nosso. Já os ouvi falar muito de Night City, confesso que tenho muita curiosidade de conhecer mais a cidade e saber dessa tal reputação do meu pai. Eu já entrei na cidade, mas sempre fazia o que tinha que fazer e logo saia, vez ou outra entrava em conflito com um ou outro mercenário que tentava roubar nossa carga em nome de algum contratante, mas a cidade mesmo não explorei.

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