Olá, Night City

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Ainda é tarde da noite quando entramos em Night City. Colin parece meio agitado, deve ser ansiedade por estar voltando em tão pouco tempo para um lugar que não foi muito bom para ele; mas foi ele quem insistiu para vir comigo. De qualquer forma ele não precisa se preocupar com as pessoas que fizeram mal a ele, desde que eu esteja por perto garanto que vou proteger ele.

Como está muito tarde, é literalmente de madrugada, não vou conseguir resolver nada agora, então estaciono o carro em um lugar aleatório e vou para o banco de trás, me ajeito da melhor forma que  consigo e fecho os olhos.

— Que merda você está fazendo? — Colin questiona. Seu tom de voz soou bastante indignado. O olho e arqueio uma sobrancelha.

— Eu vou dormir, não deu pra perceber ainda?

— Tá, mas... aqui? Sério? — ele faz uma careta de desgosto.

— Qual o problema? Você esperava que a gente fosse pra um hotel?

— Óbvio! Eu já estava sonhando com um banho quente e uma cama quentinha!

Dou uma risada e fecho os olhos novamente. Colin desacostumou com a vida de nômade em menos de duas horas, mas não tem como culpar ele, até porque ele não estava acostumado ao estilo de vida dos Aldecaldos, estava apenas suportando. Do jeito que ele é, talvez teria ficado na próxima cidade em que fôssemos para saquear ou fazer uma venda. Acredito que a maior parte dos equipamentos que roubamos serão vendidos em Atlanta já que é bem arriscado vender por aqui, mas ao mesmo tempo é fácil.

— O que você pretende fazer agora que chegamos?

— Amanhã iremos vender esse carro e procurar um lugar pra ficar, depois iremos atrás da Misty. Eu iria direto para lá, mas não quero perturbar ela, tá muito tarde.

— Quem é Misty? E por que vender o carro?

— Porque é um carro nômade, muita gente não gosta da gente, mesmo aqui nessa cidade cheia de liberdade e possibilidades! E Misty é uma conhecida! Minha mãe tem uma boa relação com ela, mas eu não diria que elas são amigas. Também vendemos equipamentos para um medicânico que fica nos fundos da loja dela.

— Vamos precisar de um transporte, não da pra ficar andando de metrô o tempo todo, principalmente você. Vai saber pra onde vão te mandar pra resolver B.O.

— Também vou providenciar um transporte novo, não se preocupe, princesa!

— Certo! — ele suspira.

Ouço a movimentação dele e logo seu peso sobre mim, abro os olhos e encaro seu sorriso atrevido.

— O que você está fazendo?

— Você disse que vamos dormir, não é? Eu vou dormir aqui! — ele diz, com a maior cara de pau.

— Não tem espeço nem pra mim!

— Se você deixar de ser espaçosa vai caber nós dois! Vira de lado.

Suspiro e faço o que ele pede. Não é como se fossemos namorados, nossa relação é puramente carnal, nenhum de nós quer se envolver romanticamente um com o outro, mas ele simplesmente adora contato físico, acho que por ele ter sido um boneco, mas isso é só especulação minha.

Tiver que ficar grudada nele para não cair do banco e ainda assim estou bem na beiradinha. Nós nunca vamos dormir assim.

Depois de uns cinco minutos em total silêncio, Colin já estava com a respiração pesada e só posso imaginar que ele acabou dormido. Pelo menos ele conseguiu. Saio dali e passo para o banco da frente. Não queria acordar ele, mas acabou acontecendo. Pedi para que ele voltasse a dormir e acho que não levou nem três minutos para ele cair no sono de novo; não sabia que ele estava tão cansado. Inclino um pouco meu banco, assim consigo relaxar um pouco melhor para dormir pacificamente também.

Cyberpunk - Aventuras em Night CityOnde histórias criam vida. Descubra agora