018-O Aniversário dos Gêmeos

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O grande dia finalmente chegou. A mansão de Paulo estava toda decorada para o aniversário dos gêmeos, Gabriel e Rafael. Balões coloridos enchiam os corredores, mesas repletas de doces e salgados estavam espalhadas pelo jardim, e um enorme castelo inflável dominava o centro do gramado. Paulo havia se esforçado para garantir que cada detalhe estivesse perfeito, atendendo a todos os caprichos dos gêmeos.

"Uau, olha só isso, Gabriel! Nós temos um castelo inflável só para nós!" exclamou Rafael, correndo em direção à enorme estrutura.

"É o melhor aniversário de todos os tempos!" respondeu Gabriel, com os olhos brilhando de entusiasmo.

Manu, embora fria e distante, estava presente, observando a festa com um olhar indiferente enquanto segurava uma taça de champanhe. Paulo, por outro lado, estava ocupado garantindo que tudo corresse conforme o planejado.

"Vamos, pessoal, aproveitem! Esta festa é para vocês!" Paulo incentivava os gêmeos, sorrindo para eles.

Apesar do clima de festa, Paulo não pôde evitar uma sensação incômoda. Ele nunca tinha feito algo assim para Arthur. Mesmo com esse pensamento relutante, decidiu ignorá-lo. Não queria estragar o dia dos gêmeos com esses pensamentos.

Poucos dias antes, Paulo, com certa relutância, decidiu convidar Arthur e Bruna para o aniversário dos gêmeos. Ele sabia que não poderia ignorar completamente o filho biológico, mesmo que não sentisse a mesma conexão com ele como sentia com os gêmeos.

No entanto, Bruna, percebendo a tensão que poderia causar, decidiu não ir. Ela sabia que a presença dela só traria desconforto a todos. "Arthur, meu amor, você vai se divertir na festa. Aproveite o dia com seu pai e seus irmãos", disse Bruna, acariciando o rosto de Arthur antes de ele sair.

Arthur chegou à mansão acompanhado de Henrrique, que o deixou na porta, mas não entrou. Ele sentiu um aperto no coração ao ver o tamanho e a grandiosidade da festa. Nunca tivera algo assim, nem mesmo em seus aniversários mais simples.

"Oi, papai", disse Arthur timidamente, ao encontrar Paulo.

"Oi, Arthur", respondeu Paulo, sem muito entusiasmo. "Vá brincar com seus irmãos."

Arthur correu em direção ao castelo inflável, tentando se integrar à diversão. Mas, mesmo em meio à euforia dos outros convidados, ele não pôde deixar de sentir a diferença no tratamento.

"Papai, podemos abrir os presentes agora?" pediu Gabriel, puxando a manga da camisa de Paulo.

"Claro, vamos lá!" Paulo respondeu animado, se dirigindo à mesa cheia de presentes.

Arthur assistiu de longe enquanto os gêmeos abriam presentes caros e recebiam abraços calorosos e palavras de incentivo de Paulo. Ele percebeu, com um nó na garganta, que nunca teria o mesmo carinho e atenção de seu pai.

Enquanto isso, Gabriel e Rafael se aproximaram de Arthur, com olhares curiosos e um tanto hostis. "Você é o Arthur, né?" perguntou Gabriel, com um tom de superioridade.

"Sim, sou eu", respondeu Arthur, tentando sorrir.

"Você não é nosso irmão de verdade. Não precisa ficar aqui se não quiser", disse Rafael, de forma direta.

Arthur, magoado, afastou-se e sentou-se em um canto do jardim, observando a festa de longe. Sentia-se deslocado e indesejado. Tentou não chorar, mas as lágrimas ameaçavam cair.

Paulo, ocupado demais com os gêmeos, não notou a tristeza de Arthur. Ele estava completamente focado em garantir que Gabriel e Rafael tivessem o melhor dia de suas vidas. Manu, por sua vez, olhava para Arthur com indiferença, sem se importar com seus sentimentos.

No final da festa, Arthur sentiu-se ainda mais isolado e triste. Percebeu que, apesar de Paulo ser seu pai biológico, nunca teria o mesmo carinho e atenção que os gêmeos recebiam. Decidiu que a verdadeira figura paterna em sua vida era Henrrique, que sempre esteve presente e o tratava com amor e respeito.

Quando a festa terminou, Paulo decidiu ligar para Bruna. "Você pode vir buscar Arthur? Ele já aproveitou bastante a festa", disse ele, sem demonstrar muita preocupação.

Bruna, apreensiva, pediu a Henrrique que a acompanhasse. "Henrrique, eu não quero enfrentar o Paulo e a Manu sozinha. Você pode ir comigo, por favor?" disse ela, enquanto segurava a mão dele.

"Claro, Bruna. Vamos juntos", respondeu Henrrique, tentando acalmá-la.

Ao chegarem à mansão, Bruna ficou no carro, evitando qualquer confronto. "Henrrique, você pode ir buscar o Arthur? Eu prefiro não entrar lá", pediu ela.

"Sem problema, Bruna. Eu já volto com ele", respondeu Henrrique, saindo do carro.

Henrrique encontrou Arthur sentado sozinho, observando os outros convidados se divertirem. "Oi, campeão. Vamos para casa?" perguntou Henrrique, ajoelhando-se ao lado de Arthur.

Arthur levantou-se, aliviado ao ver Henrrique. "Sim, quero ir para casa", disse ele, segurando a mão de Henrrique.

Quando Henrrique e Arthur estavam saindo, Paulo os viu e, sem emoção, apenas acenou. "Tchau, Arthur. Até a próxima."

Arthur olhou para trás, sentindo um misto de tristeza e alívio. Ele sabia que nunca teria o mesmo carinho e atenção de seu pai como os gêmeos. Mas, ao mesmo tempo, sabia que tinha em Henrrique alguém que realmente se importava com ele.

No caminho de volta, Arthur perguntou: "Henrrique, você acha que meu pai gosta de mim?"

Henrrique apertou a mão de Arthur e respondeu com sinceridade: "Arthur, eu tenho certeza de que ele se importa, mas às vezes as pessoas não sabem mostrar o quanto amam. E eu estou aqui para você, sempre. Você nunca estará sozinho."

Arthur sorriu, sentindo-se um pouco mais reconfortado. Ele sabia que, com Henrrique e Bruna ao seu lado, poderia superar qualquer desafio.

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