Os passos rápidos subiam as escadas enquanto a dona dos saltos pretos chamava pela filha. A porta do banheiro foi aberta mas o cômodo estava vazio. Um suspiro alto saiu da boca da mulher enquanto os passos se apressavam ainda mais, até que ela chegou no quarto e abriu bruscamente a porta, fazendo ventar um pouco na mesinha perto da mesma, onde Amélia estava sentada. Seus papéis se bagunçaram um pouco e a menina olhou confusa para a porta, desligando a música no celular e tirando os fones de ouvido.
— Garota, eu estou te chamando há um tempão, você não ouviu?!
— Não, estava ouvindo música. O que aconteceu? — a menina deu impulso com os pés e a cadeira de rodinha se afastou da mesa, então ela girou e se levantou de frente para a mãe. A mulher de pele retinta estava com os braços cruzados e agora estava encostada na porta.
— Seu pai quer falar com você, é melhor descer.
— Mas por quê? Não é nenhuma data comemorativa. — cruzou os braços e por mais que soubesse que o ex marido só ligasse em datas importantes, Liz suspirou e repreendeu a filha.
— Amélia, deve ser algo importante, desça e atenda. — saiu do ambiente e Amélia respirou fundo, desconectando o fone de ouvido do celular e colocando o aparelho no bolso da saia que usava, então desceu até a sala e pegou o telefone fixo em formato de boca, levando ao ouvido.
— Alô? — disse docemente e pôde sentir o sorriso do pai do outro lado quando ele começou a falar.
— Oi, amor. Como você está?
— Estou bem. E você? — Amélia sempre ficava um pouco tímida quando falava com o pai. Desde que ele havia se separado de sua mãe, o contato com ele era mínimo já que ele havia voltado para o país de origem e a diferença de horário era grande. — Como está a Coréia?
— Estou bem, por aqui tudo igual. E o Brasil? Algo novo?
— Não, ainda fazemos as mesmas coisas. Tirando que eu não vou mais para a escola, mas estou esperando os resultados do vestibular pra começar a faculdade.
— Quando você entrar quero que me ligue, eu vou te ajudar com todo material necessário.
— Obrigado, appa. — sorriu. — Aconteceu algo? Por que está me ligando agora? — checou o relógio da sala. — São cinco da manhã aí.
— É que preciso falar uma coisa importante. Se lembra da Yuna, não é?
— Sim, sua namorada. Está tudo bem com ela? — se preocupou.
— Sim, sim, está tudo bem. É que.. a gente já namora há algum tempo e.. pedi ela em casamento.
— Uau! Meus parabéns, appa. — sorriu verdadeiramente feliz pelo pai.
— Obrigado, meu bem. A gente se casa daqui um mês, já que vai ser uma cerimônia simples vai ser rápido. Eu queria que você viesse.
— Claro que sim, qual dia vai ser?
— Dia 18 de janeiro. Mas eu queria que viesse agora. É bom pra se aproximar da Yuna, eu gostaria que fossem mais próximas.
— Eu não sei, appa. E a faculdade?
— As aulas provavelmente só vão começar em fevereiro, dá tempo, meu amor. Por favor, vai ser bom pra vocês duas.
A garota olhou pela janela, suspirando levemente. Ela ficar alguns dias em um lugar diferente seria bom, mesmo sendo tão longe. Ela não tinha amigos no Brasil e só ficava dentro de casa estudando, talvez fosse bom uma pausa.
O que de mal poderia acontecer?
— Tudo bem, appa. — sorriu. — Eu vou antes.
— Perfeito! Eu vou comprar sua passagem e te pego no aeroporto, ok?
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Sr. Kim
Lãng mạnAmélia é uma garota que apesar de ser doce, era um tanto atrevida. Estava prestes a completar vinte anos, e devido ao segundo casamento do pai, passaria um mês na Coréia, onde pela primeira vez faria amigos verdadeiros e se apaixonaria de verdade po...