Dragon's Heart - Sweet Tooth

- 𝙿𝚊𝚋𝚊? -

Como isso é possível? Um dragão não existe.

Ainda é um animal, não é?

Talvez este fenômeno não possa ser explicado, assim como tudo.

Bom, descobriram que é possível nascer híbrido de um animal inexistente quando Liv veio ao mundo, meio humana, meio dragão.
Porém, ao nascer, sua mãe não a quis, a verdade era que ninguém a queria e jamais iria querer, "Seres como vocês não podem viver como pessoas " Todos diziam para híbridos, era rotina.
E inclusive essa foi a última frase que sua genitora disse dirigindo-se a ela, já que quando a bebê tinha menos de seis meses, a mulher a abandonou em um bosque para, sei lá, morrer de fome, não tinha outra alternativa a não ser morrer: "Os lobos vão comer o lixo que sobrar". Foi o único pensamento dela enquanto voltava para sua casa e para o apocalipse em que o mundo se encontrava.
  O abandono estava se tornando muito comum, pais e mães abandonando suas crianças pelo simples fato de serem diferentes. É decepcionante.
  O choro do bebê se espalhou pelo bosque todo, as lágrimas que escorriam pelo rosto pálido e delicado implorando inocentemente pelo peito da mãe.
  A fome a estava consumindo. Muitos punhados de minutos se passaram enquanto a nenê se debatia e chorava.

Galhos estavam sendo quebrados, alguém finalmente estava perto depois de horas de desespero.

  Apareceu um garotinho, seu nome era Gus, ele não tinha mais que 3 anos, suas orelhinhas aveludadas com pelos delicados se arrepiavam enquanto o bebê chorava mais alto.

— Paba! Paba!! Olha o que eu achei! Paba!! — Disse o menino, feliz e curioso por ter encontrado algo — Tem alguma coisa aqui!!

O homem alto que cuidava do menino cervo aproximou-se dos panos que cobriam a pequena neném e os removeu de cima dela, revelando uma garotinha albina, com pequenos chifres branquinhos em sua cabeça, orelhas pontudas cobertas de uma fina penugem , um par de enormes asas brancas que saiam de suas costas e que quase eram maiores do que ela, garrinhas muito pequenas cobriam seus dedinhos, e por fim seus olhos refletiam uma cor roxa clara e pupilas finas e riscadas.

— Que tipo de demônio é esse?— O homem exclamou— Gus, como achou esse bebê?
— Bebê? O que é bebê paba?— O garotinho perguntava, com a cabecinha um pouco para o lado—

O homem apontou para a garotinha no chão, a pegando pela barriga de um jeito desajeitado.

— Como esse nenê veio parar aqui?
— O homem virou-se pro garoto, se dando conta que talvez alguém tenha visto seu filho — Gus, alguém te viu? Tinha alguém aqui?

O menino negou.

— Não paba. Só tinha essa coisa.
— Isso é um bebê Gus, não chama o bebê de coisa. — O pai corrigiu e riu do comentário do filho — Hm, olha, o nenê é uma menina.
— A gente vai ficar com ela paba?
— Que? — Ele balançou a cabeça —Nem fudendo, vou levar ela pra longe, provavelmente alguém sabe como entrar aqui já que deixaram ela.

Gus parecia triste, ele nunca tinha visto um bebê antes, o garoto estava tão curioso.

— Paba, você acha que ela voa? — O menino disse, se aproximando de uma de suas asas—
— Provavelmente, se tem asas, mas ela ainda não voa, muito pitica pra voar, como você sabe, passarinhos recém-nascidos não voam. Mesmo que eu não acho que ela seja um passarinho..
— Vamos ficar com ela paba! Por favor! Ela é tipo eu!!— O garotinho falou e sorriu, restringindo seu olhar fixamente para os chifres cotocos da neném.— Eu não sabia que tinha mais gente! Isso é tão legal!
— Gus, você sabe que não dá. Pode ter gente procurando por essa menina, e se a gente levar ela pra casa, vão acabar achando nossa cabana e ... É não dá! — Paba disse, começando a reenrolar a neném nos panos—
— Mas Paba! eu ouvi o choro dela por horas, estava altão por tudo. se estivessem procurando, já teriam achado . — O menininho tentava explicar e achar alguma razão para que a híbrida ficasse, usando com dificuldade todo o seu vocabulário de palavras difíceis para convencer o Paba. Ele se sentia como se tivesse achado um gatinho perdido e que agora queria adota-lo a todo custo — Eu quero essa passarinha nenê por favor.