- 𝙶𝚛𝚊𝚗𝚍ã𝚘 -

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  Um suspiro triste e raivoso saiu da boca do paba, ele não queria que essa briga estivesse acontecendo bem no aniversário da Liv.
  A menina corria e corria, ela não queria chorar, muito menos ouvir o paba gritar com ela, sua audição apurada ouvia paba gritar seu nome, e seu olfato inigualável sentia o cheiro da grama forte que rodopiava em volta de seus olhos.
Liv estava perto de casa, até que a menina decidiu mudar a rota, ao invés de ir pra direita, seguiu a maratona pra esquerda, com o raciocínio de que se ela fosse pra casa, paba ia gritar do mesmo jeito.
  A híbrida foi até o limite de uma das cercas, ficando parada e observando atentamente a mata que cobria o outro lado.

Um estalo foi ouvido, TÁ. As orelhas atentas e pontudas da garota se eriçaram e turvaram, seu nariz fora ativado ainda mais potentemente. A garota começou a cheirar o ambiente com cautela, até que suas pupilas se afinaram, ficando quase invisíveis.

— Humano. — A menina sussurrou para si mesma, inspirando o ar ainda mais tentando identificar o gênero— Homem... .  .. Esconder..

  Ela olhou em volta de si, não vendo outra alternativa a não ser subir em uma árvore. Ela tirou os sapatos improvisados que usava e ativou suas garras afiadas pra subir, não demorando muito até chegar em um galho alto, seus olhos violeta encaravam a direção do cheiro e do barulho, esperando o humano.
  Uma voz masculina estava chamando um nome.

— SARAH? SARAH?

  O homem continuou gritando e se aproximando cada vez mais da cerca. Falando o nome desconhecido até o ponto em que a garota viu seu paba aparecer, com uma arma. Liv inclinou a cabeça, tentando identificar o objeto, suas pupilas continuavam quase invisíveis, dando a ela a incrível vantagem de ver muito além que olhos humanos chegariam.
  Paba disse para o homem estranho ir embora, mas o cara continuou fazendo perguntas e mais perguntas, Liv entendeu que o indivíduo procurava pela irmã. O pai começou a conversar com ele, até que o homem sumiu da vista de seu pai, Liv assistiu o cara correndo e pendurando fitas rosas na cerca. Paba ficara irritado, menina desceu da árvore lentamente, com pontas de medo surgindo na face delicada.

— Paba.. —Ela sussurrou,
correndo até ele, o mesmo pareceu surpreso ao vê-la. Ele a puxou pra um abraço lento —
— O que você tá fazendo aqui filha? — paba perguntou e desviou o olhar pra árvore de onde ela acabou de descer —

Gus se aproximou devagar dela, e Liv sentiu a mão quente do irmão mais velho pegando a dela lentamente, Gus apertava de uma forma protetiva, o que fazia com que Liv se sentisse segura, e talvez ao mesmo tempo feliz.
  Paba os levou pra casa, se preparando pra provavelmente algo que ele não ia sobreviver.
  A menina, não tão inocente e desligada do mundo do jeito que parecia ser, queria ir com o pai em todo custo.

— Paba! Eu quero ir com você! Não é justo paba! Deixa eu ir com você!!! ! — Liv se agarrava ao pai, fungando e prestes a chorar. recusando-se a deixá-lo ir, ela sabia que ele estava agarrando no galho da vida e da morte.—

  Ela tinha um pressentimento ruim, ela nunca tinha visto um outro humano antes. Isso não pode acabar bem.

— Não vai! Não vai! Não vai! Não vai não vai!! Me deixa ir com você!
— Você tem que ficar segura Liv, você e o Gus! Cuida dele pra mim? Sim?

  A menina recusou com a cabeça, se enterrando na perna do pai.
  O pai não ia fazer ela desistir tão fácil, ele a beijou na testa, indo até a mesa do jeito que pôde e pegando um saquinho, entregando pra ela, torcendo em suas veias para que isso distraia a criança ao menos um pouco.

Dragon's Heart - Sweet ToothOnde histórias criam vida. Descubra agora