Do I Wanna Know - Englot

Capítulo 14

Essa era a segunda vez que acordei ao lado de Charlotte. Mas desta vez foi diferente. Eu definitivamente não conseguiria aproveitar ela dormindo ao meu lado quando me lembrei do que tinha acontecido. Meu coração ainda estava doendo pensando em seu colapso horas antes. Eu tinha acordado várias vezes durante a noite, preocupada com a mulher mais nova ao meu lado.

Ela sempre dormia como uma pedra, mas eu não pude deixar de ficar preocupada. Eu estava acordada há um bom tempo e apenas a observava dormir. Sua respiração estável era calmante, mas também assustadora, porque eu sabia que, assim que ela acordasse, suas expressões faciais, agora pacíficas, seriam substituídas por aquelas cheias de dor e agonia.

Ainda não tinha caído a ficha que a mãe de Charlotte tinha realmente partido. Envolver minha cabeça em algo tão definitivo e irreversível era um conceito estranho, mas eu tentei o meu melhor para não ficar em negação e me permitir sentir o que quer que fosse no momento.

Agora era tristeza. Em uma dimensão que era difícil de entender. Embora eu quisesse ficar na cama e apenas cuidar da mulher de cabelos claros, eu precisava ter certeza de que os outros fossem cuidados também. Deixar Charlotte dormir era uma coisa boa porque eu queria que ela ganhasse toda força que pudesse neste momento.

Sair da cama com cuidado sem acordá-la foi uma luta, mas eu consegui. A casa inteira estava silenciosa e eu percebi que provavelmente todos já estavam no velório. A família passou horas apenas homenageando a falecida em um local com o caixão presente, até que 24 horas se passaram e todos foram para o cemitério. Minha frequência cardíaca ficou louca só de pensar nisso, mas eu precisava ser forte se eu quisesse ser algum tipo de sistema de apoio para Charlotte.

Para me acalmar, eu fui ao quintal fumar um cigarro. Colocando o cigarro entre meus lábios, vi alguém aparecendo ao meu lado. Era Sofi. Eu não a tinha visto desde que eu soube que sua mãe faleceu, mas nós duas nos aproximamos lentamente até que eu a abracei com força.

- Meus pêsames. - eu sussurrei e a segurei por um bom tempo, acariciando suavemente suas costas e balançando seu corpinho.

Ela deu um pequeno sorriso quando nos soltamos e eu vi como seus olhos estavam inchados. Eu tinha admirado sua maturidade nos dias anteriores, mas vê-la tão vulnerável me lembrou que ela tinha apenas dezesseis anos. Não importa o quanto ela era madura para a sua idade, ela era apenas uma criança que acabara de perder sua mãe. Eu afastei seu cabelo castanho escuro para o lado para que pudesse dar um beijo reconfortante em sua testa.

Ela olhou para cima agora e eu vi as lágrimas queimando em seus olhos. Nós não falamos nada, mas eu achei que ela entenderia o quanto eu lamentava profundamente eu por sua perda.

Dando um pouco de espaço para ela, eu peguei o cigarro e acendi desta vez.

- Posso pegar um? - Sofi perguntou surpreendentemente. Eu provavelmente deveria ter dito "não". Mas como você nega algo a alguém quando ela acaba de perder sua mãe. Ela realmente me lembrava de mim mesma; de Charlotte também.

Quase como uma mistura de nós duas quando éramos mais novas. Eu decidi ceder e a observei inspirar profundamente enquanto pegava o meu cigarro e acendi outro para mim.

- Eu não sabia que você fumava. - eu falei e a preocupação naminha voz era óbvia.

Eu fumo às vezes, mas não muito.Minha família não sabe...

- Eu não vou contar a eles. - eu assegurei - lhe rapidamenteporque eu sabia como ela se sentia .Eles provavelmente já tinham uma ideia. Eu também tentei esconder meus hábitos de fumar quando era mais nova, mas depois descobri que todos eles sabiam de qualquer maneira. De certa forma era estranho, mas parecia que meu vínculo com Sofi ficava mais forte a cada minuto, mesmo que nós não conversássemos. Talvez eu não devesse corromper seus pulmões no processo, mas eu estava feliz que a adolescente se sentisse tão confortável perto de mim; quase como se eu fosse uma irmã mais velha para ela também.