Capítulo 8

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Tudo doía. Não era só o meu corpo exausto me dando o inferno essa manhã, meu coração ainda estava em pedaços depois de tudo o que tinha acontecido na noite anterior.

Eu não tinha dormido a noite toda depois de ter deixado a casa de Charlotte. E não foi por causa das drogas, isso estava me desgastando muito rapidamente de qualquer maneira, era esse sentimento angustiante de ter perdido Charlotte para sempre. Pensar sobre o jeito como ela me olhou na varanda

me dava náuseas. A quantidade de raiva em sua voz me fez estremecer. Eu nunca me dei conta de que ela notaria o fato do que eu tinha usando. Tendo feito mais do que suficiente de coisas questionáveis na minha vida, cheirar cocaína em seu aniversário, quando ela tinha acabado de confessar um de seus maiores segredos para mim, definitivamente não era o meu maior orgulho.

O cheiro de café fresco era a única coisa agradável nesta manhã. Eu deveria ter voltado para Chiang Mai, mas eu não estava em condições de fazer isso. Normalmente eu deveria estar dormindo, mas eu não conseguia, pois cada fibra do meu corpo doía. Então, eu liguei para o meu produtor e cancelei o dia todo, o que me deu, pelo menos hoje, um dia para me recuperar antes de voar de volta amanhã. Eu esperava conseguir dormir um pouco até lá.

Até então, o café tinha que ser suficiente, porque eu não usaria essas malditas coisas que estava na minha bolsa. Eles arruinaram tudo. Todas as minhas esperanças haviam desaparecido quando Charlotte me disse para ir embora. Agora que ela tinha finalmente visto como eu estragava as coisas. Eu sempre me perguntava por que ela gostava de mim de qualquer maneira — sem mencionar o tipo de sentimento que ela confessou ter tido.

Eu fiquei surpresa ao ouvir a campainha tocar, porque ninguém realmente sabia que eu estava em casa. Todos deveriam pensar que eu estava em Chiang Mai, mas eu arrastei lentamente meu corpo desgastado para a porta da frente. Meus olhos se arregalaram quando eu vi Charlotte na minha frente.

Ei. eu quase engasguei em choque. Eu nunca esperaria que ela viesse aqui. Na verdade, eu pensei que nunca iria vê-la outra vez.

— Oi. — Ela disse suavemente. — É um momento ruim?

— Não, não mesmo. Entra. — Eu respondi imediatamente e a deixei entrar. — Você quer um pouco de café? Eu acabei de fazer um pouco...

Ela assentiu levemente e eu podia ver alguns círculos escuros debaixo de seus olhos. Não era tão escuro e assustador como os meus, mas eles deixaram o rosto dela de um jeito mais perfeitamente tenso pela primeira vez. Seus passos leves me seguiram até a cozinha e ela se sentou no balcão, enquanto eu colocava o líquido escuro e quente em uma xícara.

— Eu te ofereceria algo pra comer, mas eu não tenho nada na minha geladeira que seja remotamente comestível. — Eu tentei fazer uma conversa inútil, porque eu estava nervosa.

Meu coração estava disparado de novo, porque isso tinha sido tão inesperado. E se ela só veio aqui para me dizer que não devemos mais nos ver? Que ela não queria se envolver no meu drama e no meu estilo de vida bagunçado? Eu a encarei por um segundo, mas ela olhava para o lado e parecia mais tranquila do que eu. Coloquei duas colheres de açúcar e um pouco de creme, porque ela costumava tomar seu café assim.

—Aqui. — Eu disse baixinho e coloquei a xícara quente na frente dela sobre o balcão.

Eu achei que ela não gostaria de ficar muito perto de mim, e eu preferi ficar encostada na frente da pia, um pouco distante dela.

Seu cabelo estava em um rabo de cavalo e ela estava muito mais casual em sua camisa branca simples, calça jeans e um converse preto. Era quase uma coisa que eu usava no dia a dia. Ela ainda estava linda e logo encontrei seus olhos castanhos quentes e meu coração acelerou. Sua beleza natural era ainda mais impressionante do que sua elegância.

Do I Wanna Know - EnglotOnde histórias criam vida. Descubra agora