Do I Wanna Know - Englot

Capítulo 15

Charlotte's POV

Eu estava com raiva do mundo. Engfa ainda estar ao meu lado me deixou furiosa porque eu queria que ela fosse feliz. E eu não estava fazendo ela feliz. Pelo menos não agora. Eu não tinha certeza se eu seria capaz de me entregar a ela como antes. Esse medo de perder alguém que você amava profundamente agora estava instilado em mim.

Na minha cabeça, não havia final feliz para nós. Ela perceberia em algum momento o quanto ela poderia ficar melhor sem mim. Então por que eu me colocaria em tudo isso quando eu sabia que iria perdê-la no final? Vê-la me encarar com aqueles olhos penetrantes apenas acendeu ainda mais uma turbulência interna, eu não queria lidar com isso. Eu não queria sentir nada. Mas eu não podia esperar que a mulher mais velha esperasse até que eu voltasse aos meus velhos hábitos. Talvez eu nunca voltasse a quem eu era antes; eu estava danificada agora e Engfa merecia mais.

Ela ainda estava esperando a minha resposta e eu vi o medo em seus olhos. Eu me sentia mal por basicamente colocá-la na mesma situação de sempre, mas eu não podia dar a ela o que ela queria.

— Eu não estou te afastando. — eu disse em uma voz mais suave porque eu não queria jogar toda a minha raiva na pessoa errada.

— Mas eu também não quero que você espere por mim. Sei que isso fizer algum sentido.

A mulher de cabelo escuro ainda me olhava atentamente, tentando ler o que se passava na minha cabeça. Como ela saberia se eu nem mesmo me conhecesse?

— Eu sei que você acha que não vale a pena esperar por você, mas eu acho. — ela disse baixinho e normalmente meu coração batia fora do controle sempre que ela dizia coisas assim.

Mas isso não aconteceu dessa vez. Eu não conseguia senti-lo que, figurativamente falando, supostamente pertencia a ela ultimamente. — Diga-me o que você precisa, eu farei.

— Eu preciso de espaço. — eu disse respirando fundo e vi o rosto de Engfa caindo. Eu odiei aquilo. Eu absolutamente odiava magoá-la, mas manter o que tínhamos ultimamente era tão doloroso quanto. Desviei os meus olhos rapidamente da dor visível nos seus olhos, eu fiquei surpresa ao ouvi-la falar novamente.

— Então eu vou te dar espaço. ela disse e eu olhei para cima para vê-la tentando se manter forte. Seus lábios tentaram formar um sorriso tranquilizador, mas parecia mais triste do que ela provavelmente percebeu. — Eu não quero pressioná-la e também não quero te perder. Vamos apenas nos afastar um pouco, use todo o tempo que precisar e... se estiver pronta, sabe onde me encontrar.

Isso era difícil para ela e eu sabia disso. As pessoas muitas vezes pensavam que Engfa era controladora e autoritária, mas eu sabia o porquê de ela parecer assim. Ela não conseguia se conter quando se tratava de pessoas que amava e com quem se importava. Ela se importava tão profundamente, estava em sua natureza tentar e fazer tudo o que pudesse por aqueles que estavam sofrendo. Era um traço de caráter que eu sempre amei nela. No meu estado atual, porém, era demais para lidar com o meu coração desapegado. Sua disposição de se afastar e me dar o espaço de que eu precisava provavelmente a estava destruindo por dentro, mas eu achei que era a melhor decisão para nós duas.

Eu não queria que ela se machucasse mais do que já se machucou e a maneira como eu a tratei não era justa.

— Até logo. — ela disse baixinho porque eu não falei mais nada e saiu da cozinha. Vê-la partir foi um alívio e uma tortura ao mesmo tempo. Como eu poderia estar sentindo tantas coisas contraditórias ao mesmo tempo?

Mas aquela noite foi o começo de eu conseguir voltar a sentir outra vez; não importa o quanto fosse confuso. Mesmo que nosso confronto não tenha acabado bem, ela me forçou a lidar com, pelo menos, uma fração do que eu estava passando.