Virgínia Jimenez

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Enquanto estou sentada no degrau do auditório ao lado das outras alunas, me pergunto em pensamentos por quando tempo vou permanecer sentada assistindo outra pessoa dar vida ao papel que era pra ser meu. Realizei a inscrição para o papel com um mês de antecedência, fui espetacular na entrevista e estive ensaiando durante todas as minhas férias. Cheguei nesse auditório com a expectativa que o papel seria meu, mas mesmo assim a escolhida foi América Romero, filha da nossa diretora.

Deixo o ar sair pelo meus pulmões quando a garota era mais uma cena, eu não cometeria o mesmo erro que ela, mas aparentemente a sua mamãe está fazendo o possível pra ela se dar bem nessa peça, e bendita seja essa América Romero.

—­ Não pode ser possível..—­ Meus pensamentos intrusivos escapam, Lopez me olha de soslaio e eu evito olhar pra o seu rosto pois sei que estamos compartilhando do mesmo pensamento

—­ Por que fizeres isso, Diego ? —­ América pergunta tocando levemente no dorso de Matteo, nosso protagonista.

Admito que um dos motivos pelo qual eu estive focada em passar no papel de Elisa tenha tido a influencia de Matteo, gosto do seu tom de voz e principalmente do jeito como ele olha nos meus olhos quando estamos contracenando, o azul da suas íris sempre me deixou sem jeito, desde quando contracenamos Hamlet na faculdade.

—­ América, é "Fez" e não "Fizeres", preste atenção do roteiro, não estudou a suas falas? —­ A repreensão da sua mãe faz com que a garota fique envergonhada.

—­ Talvez a Virgínia possa mostrar como fazer essa cena. —­ As palavras de Lopez faz com que eu arregale meus olhos, a professora Garcia olha em meus olhos e eu vejo através deles a duvida pairando em suas íris castanhas.

Ela sabe que sou boa, tão boa quanto a sua filha mas a ideia de tirar a filha do papel principal não a agrada, ela prefere quebrar cabeça com a bendita do que ceder e admitir que mais uma vez está cometendo um erro em colocar América nesse papel.

—­ Vamos tentar mais uma vez. —­ Ela pede, inspiro fundo e apoio a palma no queixo para observar aquele desastre.

América molha os lábios e ajeita os cabelos ruivos para tentar mais uma vez.

—­ Por que fez isso comigo, Diego? —­ A fala sai correta, mas o tom melancólico está fora do esperado e todos nos observamos isso. A decepção no rosto da professora é grande, mas não tão grande como a minha.

Saí logo após o fim do ensaio, não tive tempo nem ao menos de contracenar com o meu par porque América não conseguiu sair de uma única cena.

—­ Fala serio, Garcia deve está cega. Estamos no ultimo semestre e América não conseguiu nem ao menos treinar a sua entonação. —­ Lopez ressalta aborrecida enquanto caminhamos em direção a saída do Auditório.

—­ Algumas pessoas tem dificuldades.

—­ Idai? Quem tem dificuldade é ela, o papel deve ser de quem sabe fazer. Se no ensaio é assim, não quero nem ver no dia do espetáculo. — Desdenha —­ Era pra você está com o papel de Elisa, e eu com o papel de Paloma, mãe de Elisa.

—­ Fale isso a Garcia, não a mim. O que me preocupa é a minha nota caso essa peça não saia como o esperado.

Não posso me dar o luxo de tirar uma nota inferior a sete, a CEA não aceita que bolsistas tire notas menores do que sete, Garcia sabe o duro que dei pra conseguir entrar em uma das instituição artística mais famosas do México.

—­ A onde você vai? —­ Lopez pergunta assim que me vê ir na direção oposta dela, normalmente nos descemos juntas para pegar o ônibus em direção ao nosso apartamento.

A perdição do mafioso: A rainha do MéxicoOnde histórias criam vida. Descubra agora