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por ana julya - madrid
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Folheio as páginas do meu livro enquanto um suspiro cansado sai dos meus lábios
Estou há minutos ouvindo meu irmão reclamar.
——— Você está prestando atenção no que estou dizendo,Ana Julya? — diz bravo.
——— Já disse que não vou participar, mal conheço seus amigos e, e eu já ia almoçar com a Gio — digo como se tivesse autonomia em algo.
——— Não te dei opção, e eu já disse que não quero você andando tanto com essa garota! — Rodrygo se exalta, como sempre. ——— Nós vamos sair mais tarde, é só um almoço
Bufo, bufo bem alto. Odiava a forma em que ele agia como fosse meu pai, como se eu fosse uma criança de três anos que não pode fazer o que quer.
——— Rodrygo por favor, seus amigos vivem vindo aqui e você nunca me deixa descer, por que agora eu tenho que almoçar com eles? Nem faz sentido — tiro os olhos do livro pra observar ele.
——— Por que eu quero! Você está ficando muito abusada, Ana Julya — diz tirando o livro da minha mão de forma bruta. ——— É a primeira vez do Jude aqui em casa, ele vem acompanhado e eu quero que ele conheça minha família, você pode fazer isso?
——— E eu tenho escolha? — digo o olhando mas ele me devolve com uma cara tão feia que me calo brevemente. ——— Pelo menos quando vocês forem sair mais tarde, a Giovana pode dormir aqui? Não gosto de ficar sozinha
——— Não, não pode. Te dou meia hora pra descer. — diz antes de sair do meu quarto, com o meu livro ainda por cima.
E minha única reação saudável é por a almofada na cara e soltar o grito afobado.
Faltam palavras pra definir o quão difícil é viver com Rodrygo, o quanto viver sob o teto dele, as custas dele me faz perder anos de vida cada dia que eu acordo, e como eu anseio que tudo isso acabe mesmo que pareça uma realidade distante
Não que fosse diferente no Brasil, meus pais sempre foram do tipo conversadores mas caramba, eu vivo uma vida que mal posso opinar
E nessas horas, nessas malditas horas eu lembro do meu vislumbre de liberdade, em Paris.
