5. A Velocidade

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Caroline Katherine Mueller
13 de Setembro de 2024

A ÁGUA DO CHUVEIRO CAÍA COM INTENSIDADE, como uma massagem revigorante em minhas costas nuas. A ansiedade tomava conta de mim naquele dia especial. Pela primeira vez na vida, eu iria assistir pessoalmente os carros de Fórmula 1 correndo, vivenciando tudo em cores vivas, e turvas, bem perto de mim. Era a realização concreta do meu sonho, um momento em que expectativa e realidade se fundiam, fazendo-me finalmente perceber o que era verdadeiro.

  Até então, a pista vazia e silenciosa, com os carros alinhados nos boxes, já havia mexido muito comigo, e com meus pais ainda mais! Eles estavam radiantes por mim. Trocamos mais de 500 mensagens ao longo da tarde de ontem, depois daquele almoço inesquecível. Enviei as fotos que tirei com os pilotos e pedi gentilmente a Charles Leclerc e Carlos Sainz que mandassem um áudio para minha mãe, uma tifosi de coração, que sempre foi e sempre será.

   Ela quase teve um treco de felicidade, resultando em um leve ciúmes por parte de meu pai.

   Meu pai, por sua vez, estava completamente entusiasmado depois de sabe que passei duas horas nos boxes da Red Bull, a convite do próprio Verstappen. Ele até postou no Instagram uma foto minha com o Max, o que foi uma cena hilária tanto para mim quanto para o piloto holandês, que repostou nos seus Stories. Isso levou meu pai à felicidade máxima, uma vez por todas.

   Queria tanto tê-los aqui para viver isso juntos!

   Era impossível não sentir a presença deles em cada cantinho daquele paddock. Eu os amava tanto. Quando deixei minha casa para viver em Mônaco, a partida foi mais difícil do que eu imaginava. Sinto falta deles todos os dias: dos abraços acolhedores que só minha mãe sabia dar, de como ela sempre cuidou de mim nos momentos difíceis. Lembro dos incontáveis domingos que passamos juntos, assistindo às corridas e rindo das discussões deles sobre qual era a melhor equipe. Nunca mais ri daquela maneira com mais ninguém.

   O churrasco do meu pai era sempre o melhor, e ele nunca deixava de me aconselhar quando eu errava. Ele nunca julgava nem castigava; errar e enfrentar as consequências era o suficiente. Agora que moro sozinha, perseguindo meus sonhos, sinto falta de ter um ombro para chorar e receber conselhos, um abraço para me confortar, e o churrasco tradicional nos domingos de corrida.

   Eles haviam me apresentado aquele mundo, e agora eu estava vivendo sozinha nele.

  Forço minha mente a imaginar que em breve estaremos reunidos novamente. Um dia, com muito esforço, poderei levá-los comigo para assistir a um grande prêmio ao vivo. Nesse momento, estarei realizando mais um sonho sem dúvida alguma.

  Com um balançar de cabeça, recupero o controle do meu corpo e retorno à realidade. Era hora de me arrumar. Queria estar cedo no paddock, antes da maioria, preferencialmente sozinha. Não queria correr o risco de ser surpreendida por paparazzi intrometidos e ver meu rosto em alguma fofoca maliciosa e imprecisa. Talvez estivesse sendo excessivamente cautelosa? Talvez, mas as palavras de Oscar ontem me fizeram querer ser ainda mais cuidadosa. Não queria atrair a atenção de nenhum fotógrafo ou qualquer outro tipo de atenção indesejada para mim.

  Decidi priorizar o conforto, já que ficarei no VIP da McLaren, conforme prometido ao Zak. Escolho um visual neutro e descomplicado: calça branca, cropped preto que mostra meu piercing no umbigo, e nos pés, meu tradicional Jordan. Para complementar, acessórios em dourado e meu fiel companheiro, os óculos de sol.

Into You | Lando NorrisOnde histórias criam vida. Descubra agora