13. O Flashe Na Escuridão

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"Toda moeda tem dois lados, semelhantes e distintas ao mesmo tempo."

Caroline K Mueller
18 de Setembro de 2024

   EU NÃO PODIA. Não devia. E, se fosse honesta, talvez não quisesse. A ideia de me expor, de me humilhar, era como um peso insuportável. Eu o beijei e desejei mais. A necessidade de mais era quase visceral, mas as regras se impunham, pesadas como correntes, e o que eu queria era uma chama intensa, quase consumidora. Ele era um abismo que me chamava, me arrastava para suas profundezas, e eu sabia que, se não encontrasse água, me depararia com um chão duro e implacável.

  Sentada no avião, tentava absorver a vista deslumbrante, mas o elefante branco na sala me seguia a cada respiração. Ele. Um suspiro involuntário escapou dos meus lábios, repleto de frustração. Era absurdo que ele fosse o centro de tudo; era um pensamento que me irritava, mas que, de alguma forma, também me atraía. Que merda!

  Um olhar ardente queimava em mim, e sabia exatamente de onde vinha: não dele, mas de Charles. Ele se aproximava lentamente, com passos calculados. Com uma visão periférica vejo o brilho em seus olhos, nos olhos de Lando. Ele se ajeita na poltrona mostrando que ele estava atento, percebendo cada movimento do francês. Ciúmes. Por que, novamente?

— Carol, eu quero ser seu amigo. — As palavras de Charles eram firmes, mas gentis, enquanto ele se acomodava ao meu lado. — E, por isso, só sairei dessa poltrona quando você colocar tudo para fora.

O tom era sério, e eu sabia que ele estava disposto a ouvir.

— Prometa que isso ficará entre nós dois. — Respondi, a voz carregada de desconfiança, sondando seus olhos em busca de sinceridade.

  Era difícil para mim aceitar ajuda. Ver Charles preocupado com meu bem-estar parecia surreal, como se estivesse imersa em uma fantasia. Parte de mim duvidava que ele realmente se importasse; outra parte lutava para acreditar. Mas a dúvida era uma sombra persistente.

— Prometo, claro! — ele disse, o toque leve em meu braço um conforto inesperado. Um suspiro escapou, e eu decidi compartilhar tudo desde o começo.

— Anos atrás, tive um namorado. Ele era o perfeito primeiro amor. Eu era tão ingênua... — Olhei para um ponto distante, as lembranças começando a se agitar. Charles estava atento, seus olhos fixos em mim, absorvendo cada palavra. — Amar é como lidar com uma bomba, e confiar? É uma palavra que carrego com cautela. Estou te contando isso desconfiando de cada gesto e palavra que você faz ou diz, e a culpa é minha por me sentir assim.

— Entendo. Estou aqui para te apoiar, não para te julgar ou ferir. Sou seu amigo, Carol. — Ele sorriu, um sorriso que transbordava compaixão e compreensão.

— Obrigada! — Respondi, sentindo um alívio. Voltei à história, a voz tremendo levemente. — Esse namorado tinha uma melhor amiga. Nos meus planos, casaríamos, e ela seria a madrinha dos nossos filhos. Era tão ingênuo pensar que vivia um conto de fadas — Um suspiro pesado escapou de mim. — No meu aniversário, descobri que eles estavam juntos. Vi tudo com meus próprios olhos, e desde então, nunca mais consegui me abrir em um relacionamento, seja amoroso ou de amizade.

— Então, quando Lando apareceu com Magui... — Charles interrompeu, captando a essência da minha hesitação.

— Não que ele me deva algo, ou que eu goste dele... — Senti o olhar de Charles se intensificar, como se soubesse que eu estava mentindo para mim mesma. — Mas eu só queria... não vi a necessidade de... Que inferno! — A frustração transbordou, e percebi que todos os olhares se voltaram para nós, atraídos pelo volume da minha voz.

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⏰ Última atualização: Oct 04 ⏰

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Into You | Lando NorrisOnde histórias criam vida. Descubra agora