Capítulo 7 - Conversa de irmãos

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O gelado que passou por minhas narinas também trouxe consigo aromas que eu passei a sentir regularmente como um recém humano, a noite e o dia nunca fez tanta diferença para mim, porém a lua estava bela. Meus antepassados eram fascinados por essa bola gigante presa ao céu de pontinhos brilhantes, perdemos o costume de apreciar a noite com o passar do tempo e também porque os humanos ficaram numerosos e invasivos.
Estou com saudades da minha casa, não consigo parar de verbalizar isso.

Água salgada, pensamentos doces.

Caminhei sentindo a areia fria sob meus "pés". Chegando a beira mar, afundei meus dedos com vontade para que a água subisse mais sobre meus calcanhares. Me agachando para tocar o mar, fechei meus olhos e deixei que a minha vontade emergisse percorrendo dos meus fios capilares até as minhas unhas da mão submersas.

A água é conectada e tem memória. Meu irmão saberá que sou eu assim que sentir através das moléculas. Por isso, naquela vez, sabíamos que nosso pai não estava passando bem, o oceano nos avisou pela sua conexão.

Acho que algo está errado por não ter recebido nenhuma resposta imediata, será porque eu sou humano? O mar estava calmo demais para minha desconfiança.

"Tae" - Captei a mensagem.

Uma corrente elétrica passou pelo meu corpo, Taehyung deu o seu sinal e está vindo ao meu encontro.

Me ergui e sorri feliz.

Mal posso esperar para reencontrá-lo, quero dizer tantas coisas a ele, vou lhe falar sobre as comidas humanas, os aromas, a tecnologia e o conhecimento livre para qualquer um que tenha uma engenhoca chamada "celular".

Claro que também dele.

Jimin fora dormir e eu falei pra ele que queria ficar acordado mais um pouco, avisei que iria para fora só para visualizar o céu, ele não gostou muito da ideia por ser tarde, mas a nossa discordância não durou muito mais até ele abrir a boca, bocejando. Lindo, mesmo com a cara engraçada.

O baixinho foi para o quarto e eu vim para a praia.

Uma onda incomum bateu nas minhas canelas, olhei com expectativa para o horizonte, procurei um tritão com tatuagens pelo pescoço e cabelos curtos escuros.

Quando o encontrei, abri o maior sorriso que podia, com direito a gengivas aparecendo, ele surgia na água e eu me aproximava até onde dava para não molhar o short que Jimin me emprestou.

Ele ficou veloz de repente e se agarrou em mim assim que nos chocamos.

O Tae caiu por cima de mim e eu cai na água.

- Taehyung!! - Falei irritado por ele ter me molhado todo.

- Eu estava muito ansioso por isso! Até tiraram aquela coisa de metal daqui. - Disse animado agarrado a mim ainda.

- Ei! foi você que rasgou a rede?! - O chamei acariciando seu cabelo como eu fazia quando ele era mais jovem e mais baixo que eu. - Eu senti sua falta.

- Eu também. - Ele se levantou de cima de mim e se sentou na areia, fiz o mesmo.

Sua calda se moveu e ficou por cima das minhas pernas, Taehyung se assustou e a colocou em outro lugar.

- Desculpe. Nunca vou me acostumar com você com essa coisa estranha. - Ele sorriu sem graça e cutucou minha coxa.

Percebi seu desconforto. Me senti deslocado, desconhecido para ele por um pequeno instante. A insegurança me incomodou.

- Entendo. - Coloquei meus cabelos para trás da minha orelha e apoiei minhas mãos no chão, atrás de mim. - Como vai Atlântida?

- Iluminada e mais saudável do que pensa. - Ele sorriu e pôs suas mãos no meu ombro. - Nosso pai melhorou.

Siren  | JIKOOK |Onde histórias criam vida. Descubra agora