Capítulo 8: Ato.

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[...]

Apesar do que imaginava para o seu anoitecer, Dulce não conseguiu pregar o olho. Tentava se concentrar em suas séries favoritas na Netflix mas nada prendia sua atenção. A briga que teve com Fernando e especificamente, a crise de sua mãe, fizeram com que a ruiva relembrasse o motivo pelo qual estava há 3 meses distante de León.

Dulce arfou pesadamente, murmurou:
- Cansei de tentar assistir televisão.
Desligou o aparelho através do controle. Passou o olhar pelo ambiente e fixou os olhos na Alexa, visualizando o horário em seu visor eletrônico, que marcara exatamente 4h55 da manhã.

Levantou-se do sofá, seguiu em direção a cozinha, abriu a geladeira buscando alguma guloseima para comer e o resultado foi: nada. Dulce estava tão habituada a pedir delivery ou consumir marmitas congeladas que fazia tempo que não ia ao mercado da cidade.

Movida pela ansiedade, resolveu comprar um churros na esquina perto do posto de gasolina. Dulce foi até o closet trocar de roupa, vestiu uma calça jeans colada ao corpo e uma cropped rosa por baixo do casaco de moletom branco simples. Nos pés, utilizava uma crocs branca. Prendeu o cabelo em um coque bem no topo da cabeça e foi deixando os cômodos de seu apartamento.

Passou pela portaria, cumprimentou os vigias e seguiu caminhando a pé pelas ruas da cidade. Devido ao horário, a festa já havia acabado e os pedestres se dispersado. A tão sonhada barraca de churras ficava à dois quarteirões de seu prédio. Conhecia perfeitamente o lugar pois toda vez que abastecia seu carro, garantia 2 churros de doce de leite para se deliciar no caminho.

Dulce seguiu pelas ruas estreitas, em determinado momento, resolveu cortar o caminho por um beco mais deserto. Por mais que o sol tivesse começando a nascer, ainda havia escuridão. Não demorou muito para que escutasse alguns passos atrás de si.

A ruiva pareceu não se importar, afinal, a cidade encontrava-se em época de festival, era normal que jovens usassem aquele percurso e principalmente, curtissem uns amassos.

- Nenhum passo a mais. - escutou uma voz masculina e grossa dizer.

Parou a caminhada, seu coração começará a acelerar. Sem que tivesse escolha, virou-se para trás e deu de cara com Paco. O homem vestia uma roupa toda preta, fazia uso do capuz de seu casaco e fazia de tudo para que não fosse notado.

- O que você quer de mim? Me deixa em paz! - disse Dulce com a voz trêmula.

Paco não dissera uma só palavra. Apenas fez questão de se aproximar de Dulce com um sorriso malicioso em sua face.
- Acho melhor você tomar cuidado com quem anda mexendo e principalmente ameaçando, Dulce Maria.

A ruiva não pensou duas vezes para rebater:
- Está se referindo ao que aconteceu no camarote? Você devia ter me deixado em paz. Aliás, o que está fazendo me seguindo? - aumentou o tom de voz e completou: se continuar me seguindo, eu vou gritar por socorro!

Naquele momento, Christopher realizava sua corrida matinal com tequila. Ambos estavam acostumados a praticar exercícios todos os dias de manhã, faziam um percurso que se iniciava no prédio de Christopher, passava pela praça central e logo contornava no posto de gasolina.

Conforme se aproximava das ruas estreitas, Christopher pôde escutar um tom de voz feminino ecoando "gritar por socorro!". Sem pensar duas vezes, apressou a corrida e passou observando beco por beco de onde vinha aquela voz.

Finalmente Christopher encontrara a autora dessa fala. Surpreendeu-se por notar que era Dulce Maria. Soltou a coleira do cachorro e ordenou que o mesmo seguisse o homem com a vestimenta preta que atormentara a ruiva.

Com a voz ofegante devido a corrida, Christopher disse:
- Dulce! Está tudo bem? Ele fez alguma coisa com você?

Dulce respirou aliviada ao notar a presença de Christopher. Paco estava prestes a toca-la. Notou que o cachorro perseguiu o homem até o final do beco. Passou a mão pelo rosto e encostou-se na parede mais próxima.

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