Capítulo 26: Escolhas.

46 5 6
                                    

[...]

Dulce procurava por Christopher apreensivamente. Sua altura não a favorecia muito nesse momento. Na realidade, nada a favorecia nesse momento.

Andava entre as pessoas com o coração apertado. Reparava em cada canto e em cada grupo daquela boate. Em algum lugar, Christopher estaria.

Instantes depois, deu de cara com o moreno perto da saída. Apressou os passos, se esquivando de algumas pessoas que dançavam e logo parou na frente dele.

- Chris, o que foi? O que está acontecendo? - disse enquanto percebia o moreno escorado na parede, com os olhos fechados e a respiração pesada.

Christopher não moveu-se. Não abriu os olhos e muito menos disse uma só palavra. Ele apenas sentia. Sentia a angústia invadir todo seu corpo, passear pela sua corrente sanguínea até chegar aonde mais doía: seu coração.

- Olha pra mim, por favor. Me diz o que você está sentindo! Eu quero te ajudar - disse Dulce coberta por preocupação.

- Estou bem - respondeu Chris com a voz falha e tão baixa que Dulce quase não foi capaz de ouvir.

- Então olha para mim. Me olha que vou acreditar que está bem - disse Dulce com o olhar fixo no moreno.

Christopher abriu os olhos lentamente e mirou Dulce. Manteve-se quieto.

Por mais que ele tivesse feito o que ela pediu, Dulce sabia havia algo errado.

- Eu vim te agradecer... Obrigada por ter me defendido do Paco... Não sei o que poderia ter acontecido se você não aparecesse... - a voz de Dulce saiu embargada.

O moreno forçou um sorriso. A respiração ainda estava descompassada. Retirou as mãos do bolso e passou-as pelo rosto, limpando o suor que percorria sua pele.

- Não precisa agradecer. Qualquer um teria feito isso - respondeu Chris tão baixo quanto um sussurro.

- Você realmente está bem? Você não é assim... Fala comigo... - Dulce tentava compreender as ações de Chris.

- Estou bem - repetiu o moreno - não é nada demais.

Dulce ficou arrasada. Uma onda de tristeza invadiu seu corpo. Sentiu-se impotente. Abaixou a cabeça e soltou um longo suspiro.

- Tudo bem... Enfim... - Dulce pigarreou - você está sozinho?

Christopher balançou a cabeça negativamente. Não disse uma só palavra.

- Pode me dizer com quem está? Eu posso te levar até as pessoas para que você não fique sozinho aqui...

- Prefiro ficar sozinho. Licença... - respondeu o moreno.

Chris se desencostou da parede e deu alguns passos em direção a saída. Passou pela grande porta e logo sentiu uma brisa de ar fresco bater em seu rosto. Aos poucos, normalizava a respiração.

Sair daquele local era o que ele precisava para recuperar-se. Suas crises sempre pioravam em lugares fechados.

Dulce, por sua vez, escutou o que Christopher disse e observou o moreno sair da boate. Pensou consigo mesma que não podia deixa-lo sem que tivesse certeza de que ele estava bem. Então, saiu também do estabelecimento.

[...]

Christopher olhou ao redor, reparou que havia uma praça na proximidade. Então, atravessou a rua e sentou-se no banco da pequena e discreta praça.  Apoiou os cotovelos sobre as pernas e abaixou a cabeça. Precisava se livrar da crise completamente para ir embora.

Dulce procurou Chris com o olhar e avistou o moreno na praça. Rapidamente, atravessou a rua, deu alguns passos até o banco e aproveitou para sentar-se junto dele.

Quiero VivirOnde histórias criam vida. Descubra agora