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Chimmy


O vento quente da ilha chicoteava meu rosto, inflamando a ardência nos meus lábios machucados. O sol escaldante se interpunha como uma cortina, obscurecendo minha visão periférica. A sede me consumia e uma leve tontura me envolvia; já se passara algum tempo desde que o alfa levou Sol para uma daquelas excursões.

Os seguranças que nos acompanhavam também padeciam com o calor abrasador emanado pela pista de pouso. Seus rostos ruborizados e encharcados de suor testemunhavam o sofrimento. Lancei um olhar para Tata e percebi o cansaço estampado em sua expressão. Se não saíssemos daquele sol escaldante, a desidratação logo nos acometeria.

— Precisamos de água — implorei a um dos guardas. Ele estava tão suado quanto nós e, evidentemente, não tinha nada, mas eu precisava tentar por Tata.

— Não tem.

Passei a mão pela testa, tentando em vão afastar o excesso de suor. Aquele maldito nos deixou ali para ir se satisfazer com o ômega. Minha raiva só aumentava, enquanto eu lutava para conter a vontade de ir atrás daquele desgraçado.

Alguns minutos se arrastaram até que o alfa finalmente emergiu, ajeitando os cabelos com um sorriso satisfeito nos lábios. Seu olhar sarcástico nos atravessou antes de seguir em direção aos Jeeps que o aguardavam, a maioria dos homens o acompanhando e nos deixando para trás. Sol apareceu logo depois, movendo-se lentamente, com a maquiagem borrada.

— Meu Deus, vocês ainda estão aqui sob o sol? — mal pude distinguir seus olhos atrás dos óculos escuros, mas sua expressão denunciava indícios de lágrimas.

Ele nos olhou com tristeza antes de sinalizar para um dos seguranças. O alfa partiu rapidamente em direção ao veículo de tração nas quatro rodas.

— Vamos, crianças, vocês precisam se hidratar.

Fomos conduzidos até um chamativo carro amarelo. O ômega entrou primeiro, e Tata me ergueu pela cintura para facilitar minha entrada no veículo alto. Seguimos em silêncio por um caminho flanqueado por areia e vegetação rasteira.

A paisagem tropical gradualmente se metamorfoseou em algo mais suntuoso. Um caminho de pedras, ladeado por coqueiros e flores vibrantes, surgiu à nossa frente, e o carro deu um leve solavanco ao mudar de superfície. Um imponente resort, com várias piscinas e tendas, destacava-se em meio à paisagem quente.

Após alguns minutos, chegamos a uma mansão moderna e majestosa. Nunca tinha visto nada semelhante. Era branca, com detalhes dourados reminiscentes de esculturas gregas. Um grande "O" esculpido em pedra de jade adornava o centro da entrada, circundado por uma fonte de água cristalina.

— Chegamos! Bem-vindos ao seu novo lar! — O ômega falou animadamente. 

Eu não compreendia como ele conseguia manter essa atitude. A ideia de aceitar todas essas merdas por falta de opção era desoladora. A visão dele, claramente abalado ao sair daquele lugar, deixava claro o que tinha acontecido, e ainda assim ele agia como se estivéssemos adentrando o paraíso.

— Este não é o nosso lar. — intervim, pulando do carro antes que Tata pudesse me auxiliar.

O ômega sorriu suavemente ao descer com a ajuda do motorista, que segurava sua mão. Ele se aproximou de mim, forçando-me a recuar um passo. Sua mão delicada ergueu meu rosto, compelindo-me a encarar seus olhos através das lentes escuras dos óculos.

— A menos que você prefira não viver ao lado do homem que ama, será necessário sorrir para todos e chamar este lugar de paraíso. Entendeu?

— Sol, ele não teve intenção de ser rude.

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