CAPITULO 02

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No limiar do abismo

O dia amanheceu sereno, mesmo após a chuva intensa que banhou a paisagem durante a madrugada. Os raios de sol começavam a se infiltrar timidamente entre as nuvens dispersas, lançando reflexos dourados sobre a grama molhada pelo aguaceiro noturno. Cada gota de chuva capturava a luz matinal, transformando o campo em um cenário de brilho e frescor.

No celeiro, as meninas estavam reunidas em silêncio, seus rostos marcados pela sombra do luto. O ambiente estava impregnado com uma atmosfera pesada de tristeza e resignação, como se o próprio espaço compartilhasse da dor que as envolvia.

Nesse cenário de melancolia, o neto da senhora, um rapaz jovem, mas com o olhar cansado de quem enfrentou muitas batalhas, apareceu. Seu corpo estava sujo da labuta no campo, suas roupas gastas testemunhando os desafios da vida no campo. Ele se aproximou das meninas com um semblante sério, consciente da gravidade da situação, e as convidou para tomar café e iniciar as tarefas do dia.

A voz do rapaz, apesar de firme, carregava uma suavidade reconfortante, como um raio de luz que penetra a escuridão. Ele representava uma presença reconfortante em meio à tempestade emocional que assolava as meninas, oferecendo-lhes um ponto de ancoragem na tumultuada maré de suas emoções.

As meninas se sentaram ao redor da mesa de madeira rústica, seus semblantes ainda carregados de pesar, apesar da tentativa de normalidade que tentavam manter. A doce senhora, com seu rosto marcado pelos anos vividos e um sorriso gentil nos lábios, observava-as atentamente, sua preocupação evidente em seu olhar bondoso.

- Vocês estão bem? - Indagou a senhora com voz suave, seu olhar percorrendo cada uma das jovens com ternura.

- Estamos sim, esta linda sua mesa, muito obrigada por nos acolher - Lua agradeceu com gratidão, tentando retribuir o caloroso gesto de hospitalidade da senhora. Ela começou a se servir, pegando um dos pães quentinhos que repousavam em uma cesta de vime sobre a mesa, o aroma reconfortante enchendo o ar ao redor.

A mesa estava adornada com simplicidade e elegância, refletindo o cuidado e a atenção da senhora para com suas hóspedes. Além dos pães frescos, havia uma jarra de café fumegante, seu aroma tentador convidando as meninas a se deleitarem com a bebida quente e reconfortante.

Apesar da tristeza que pairava sobre elas, o momento à mesa oferecia um breve refúgio, uma pausa na tempestade emocional que as assolava.

Após o café reconfortante, as meninas se dispersaram para realizar as tarefas da fazenda. Dora foi designada para a tarefa de coletar os ovos das galinhas, uma atividade rotineira que normalmente transcorria sem incidentes.

Com uma cesta nas mãos, Dora adentrou o celeiro, onde as galinhas ciscavam tranquilamente entre o feno e os ninhos improvisados. No entanto, assim que ela se aproximou, uma das galinhas se agitou, emitindo um cacarejo estridente que alertou as outras aves.

Dora tentou manter a calma, movendo-se com cuidado para não assustar as galinhas. Ela estendeu a mão para pegar os ovos, mas o súbito movimento fez com que as aves se sobressaltassem, agitando-se e batendo as asas de forma frenética.

O susto foi tamanho que as galinhas, agora em estado de alerta, começaram a avançar na direção de Dora, suas cristas vermelhas erguidas em uma demonstração de agressividade. O coração de Dora disparou de medo enquanto ela recuava, perdendo o controle da situação.

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