• 4 - Ameaças •

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Finalmente chego na festa.

Apesar do lugar escolhido ser uma piscina, não havia ninguém dentro da água. Notei rapidamente Eliza conversando com outras jovens, segurando uma bebida.

Não queria deixar óbvio que eu estava a seguindo, apesar de estar. Fiquei longe dela, dando olhares rápidos para garantir que ninguém estava ameaçando a vida dela naquele momento.

Nunca se sabe.

Em uma dessas "olhadas rápidas", esbarrei em um garoto que estava do meu lado.

— Desculpa.

— Tranquilo. — Ele sorri. Percebo que ele parece ligeiramente nervoso. Ele é um pouco mais baixo que eu, e usa um aparelho com elásticos coloridos. Seu cabelo era ondulado, castanho e bem curtinho. — Prazer, meu nome é Alex.

— Me chamo Helena. Seu aparelho é muito legal.

— Obrigado. — Ele sorri, deixando as borrachinhas coloridas bem evidentes. — Você tá procurando por alguém?

— Não. — Encaro a multidão, e percebo que perdi Eliza. Isso me causa um arrepio.

— Tem certeza? — Ele me encara.

— Na verdade... Tem uma amiga minha. Conheci ela recentemente, mas ela é a única pessoa que eu conheço dessa escola. Não queria me afastar muito dela.

— Entendi. — Ele balança a cabeça. — E como é a sua amiga?

— Ela tem um cabelo cacheado loiro, sardas no rosto... — Continuo procurando ao redor.

— Não brinca. Sua amiga é a princesa Eliza?

Ok, ele é bem informado.

— Isso. Você viu ela?

— Não. — Ele balança a cabeça. — Mas eu tava doido para falar com ela, ela parece ser super legal.

— É, ela é. — Admito, mesmo sem ter tanta certeza.

Não conheço Eliza tão bem assim. A primeira vez que interagi com ela foi quando eu fiz seis anos, assim que entrei para a FAPAC.

Ela se aproximou de mim no meu primeiro dia. Estava lá com o rei, conhecendo os novos integrantes.

Ela tinha olhos grandes na época, e muitos cachos loiros espalhados pelo rosto.

Me lembro de ter brincado com ela na grama. E de terem brigado comigo porque ela sujou o vestido com terra enquanto corríamos.

Ela com certeza não se lembra disso, porque, para ela, aquele foi o dia em que ela brincou na lama. Para mim, foi o dia em que eu brinquei na lama com a princesa.

E eu era diferente naquela época. Meu cabelo era longo e eu usava uma franjinha curta.

Não sei se ela continua sendo uma boa pessoa. Acredito que sim.

— Ah, olha ela ali. — Ele aponta, e vejo ela novamente, em outro canto da festa, com as mesmas meninas, dando risada.

Mas, dessa vez, sem a bebida. O que é um alívio, considerando que as chances dela ser sequestradas, sem um copo na mão, são menores.

— É ela mesma. Obrigada, Alex.

— Você não quer ir até ela?

— Ah, não, eu tô bem aqui. Só não queria perder ela de vista em caso de... Emergência.

Ele franze as sobrancelhas, como se não tivesse entendido.

— Emergência?

— Emergência social. Caso eu fique sozinha na festa em algum momento.

Promessas de Vidro - Incompleto Onde histórias criam vida. Descubra agora