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Parte 10

Naruto enxugou o suor da testa com a barra da camisa e observou o lote de terra que capinou durante toda a manhã. Sorriu com orgulho do que fez. Uma brisa fria vinda das montanhas esfriou o seu corpo suado e ainda conservado pelos anos de trabalho braçal.

Checou a hora no relógio de pulso.

São quase três da tarde.

Por sorte, já acabou, está prontinho para receber as plantações que vão descansar no inverno e germinar na primavera.

Seu celular vibrou. Ele checou as mensagens. É o grupo da comunidade. Estão planejando cinema para hoje à noite e pediram o equipamento de projeção de Naruto. Respondeu que está em sua casa, eles podem buscar. Naruto suspirou e fitou a paisagem montanhosa que circunda seu lar. Carregou a enxada de volta para o galpão.

Um idoso sentado na varanda do galpão lhe pediu para acompanhar seus netos até a cidade, no carro. Iam comprar mantimentos para o inverno. Naruto aproveitaria para tomar um sorvete antes da neve chegar e ele viver à base de sopa. Tomou uma ducha rápida, trocou de roupas, pegou suas coisas, pondo tudo na mochila, e parou na frente do espelho. Seus olhar foi instintivamente para a cicatriz no antebraço direito. Um corte longo feito por um caco de vidro, depois de ele usar o braço para proteger os olhos.

Só não morreu porque Sasuke recebeu toda a pancada maior, protegeu-o. Eles estavam a caminho da estrada. Iriam embora, que se foda a viagem para a Europa. Iriam para a cidade onde fica a faculdade e lá esqueceriam tudo e todos porque estavam exaustos. Sasuke dirigia o carro alugado e atrás Naruto ia na moto. Os dois foram fechados, de repente, por carros em fuga - vinham de outro lugar.

Sasuke usou o carro para jogar Naruto fora da pista e assim salvá-lo. O carro virou uma lata de sardinha esmagada. Eles souberam semanas depois que o outro carro era guiado por bandidos fugindo de um roubo de banco. Deram sorte de que uma ambulância vinha atrás e em menos de quinze minutos, Sasuke desacordado e Naruto rasgado iam para o hospital. Ele foi liberado no dia seguinte, mas o namorado ficou em coma de novo.

Naruto foi a todos os enterros dos colegas que morreram asfixiados, carbonizados ou pisoteados no incêndio. Deu todos os depoimentos, ouviu e leu todas as versões, então, antes do Natal, foi embora para a Europa a fim de se recuperar do trauma. Sasuke não dera nenhum sinal de que iria acordar e os médicos não deram nenhuma esperança a ele.

Seis meses depois, Naruto ficaria sabendo que Hector Hobestein tomou para si a responsabilidade da recuperação de Sasuke e a matéria deixava claro que o rapaz acordou sem sequelas cerebrais - "um milagre em meio à desgraça" -, mas que precisava de muitos cuidados, pois perdera parte da memória.

Quando Naruto soube daquilo, desistiu da ideia de entrar no primeiro avião e voar para os EUA a fim de beijar seu único, grande e último amor - tornou-se incapaz de amar alguém com tanta sinceridade e tanta liberdade depois do que viveu com Sasuke.

Faz 12 anos.

Ele ainda sente muita saudade do namorado - os dois nunca terminaram, então Naruto ainda se considera namorado dele.

Nem que seja platonicamente.

Naruto pegou sua carteira e sorriu para a fotografia que imprimiu e colocou lá dentro, deu um beijo nela - é um registro do primeiro passeio que eles fizeram juntos em Setembro.

Na foto feita numa lanchonete onde ninguém os conhecia, Sasuke está sentado na frente da lente e sorri apaixonado para quem lhe fotografa - o próprio Naruto. Sussurrou que o ama e que sente falta dele, mas que está tudo bem, que ele entende que desde o início não era para os dois ficarem juntos. Uma vez pronto, foi para o pátio da comunidade, esperar pelos dois adolescentes que estavam ansiosos para ir até a cidade, e lá checou a mochila.