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Como sempre fiquei até tarde no escritório.

Todos já haviam ido embora, enquanto eu estava revisando alguns papéis.

Depois que termino, pego minhas coisas e desço no elevador.

Assim que desço do elevador encontro Lee Know.

— O que ainda faz aqui?

Ele me olha.

— Estava te esperando. Não posso?

— Por que me esperaria? Quer alguma coisa?

— Uma carona.

Só me faltava essa.

Caminho até meu carro e entro.

— Não vai entrar?

— Já estou entrando.

Ele entra e dou partida.

— Vejo que cuidou da vovó muito bem.

— Onde quer chegar?

— Em casa de preferência.

Olho pra ele de relance.

— Tá bom. Por que está me evitando desde que cheguei?

Ele ainda pergunta.

— Não pergunte.

— Você que perguntou primeiro, lobão.

— Lobão?

Dou uma risada sarcástica.

— Quem você acha que é pra me dar apelidos?

— Sou seu amigo, ué.

Fiquei com tanta raiva que parei o carro.

— Por que parou?

— Escuta aqui. Você não é meu amigo e nunca será.

Ele ficou em silêncio.

Liguei o carro e fui imediatamente para a casa da senhora Lee.

Tinha acabado de chegar e ele nem pensou duas vezes de sair do carro.

Dirigi até a minha casa.

Parei o carro e comecei a chorar. Me debati, gritei e surtei.

Depois de algumas horas saí do carro e entrei.

Fui direto pro meu quarto. Liguei o chuveiro na água fria.

Não parava de pensar no Lee Know.

Será que ele havia esquecido o que tinha feito? Ou será que se lembra e agora quer se fingir de inocente?

Eu havia me arranhado um pouco, então ardia um pouco.

Fiquei umas 2 horas debaixo do chuveiro.

Deitei na cama e chorei.

...

— Querido, não vai trabalhar hoje?

Acordei ouvindo minha mãe me chamar.

— Não.

Falei um pouco baixo, mas acho que ela escutou já que estava saindo do quarto.

Fiquei no quarto a manhã inteira, meus olhos estavam inchados.

Eu não estava me sentindo bem e minha mãe havia percebido.

Ela chegou com uma sopa de algas com alguns acompanhamentos e remédio.

— Coma, filho. Está com muita febre.

Tentei pegar a colher, porém não conseguia.

— Deixe-me ajudar.

Ela pegou a colher e me ajudou a comer.

— Agora vamos tomar o remédio, querido.

Abri a boca e ela me deu o comprimento e depois a água.

— Mãe, eu estou bem.

Falo com dificuldade. Meu cachorro não saia da minha cama.

— Não está nada bem. Estou preocupada com você, nem abri a loja.

— Mãe, eu tô bem pode ir abrir a loja.

— Óbvio que não. Vou ficar cuidando de você.

Como era teimosa. Nem discuto.

Comecei a me lembrar do que eu havia passado.

17 anos atrás.

"

— Ele vai ficar bem, doutor?

— Creio que sim, senhora. Vamos esperar ele acordar para fazer alguns exames e depois daremos alta.

— Tudo bem, doutor.

Eu ouvia vozes baixas. Eram como sussuros.

Abri os olhos lentamente. Olhei em volta e eu estava em uma cama com cortinas brancas em volta, com apenas uma brecha de luz.

— Mamãe?

— Filho? Você acordou. Doutor!! Doutor!!

Minha mãe gritava por um doutor, parecia preocupa e ao mesmo tempo aliviada.

Em poucos minutos um homem vestindo um jaleco branco apareceu.

— Como está se sentindo, Christoffer Bang?

— Estou com um pouco de tontura, só isso.

— Certo, vamos fazer uns exames com você pra ver se está tudo certo e te daremos alta.

Vi minha mãe agradecendo o doutor e logo se virando para mim.

— Estou tão feliz de te ver, querido. Hannah já está chegando com roupas para você.

Minha mãe dizia enquanto lágrimas saíam de seu rosto.

— Omma, o que aconteceu?

Perguntei e ela só chorou ainda mais.

— Omma!

— Querido, você desmaiou ontem quando estava vindo pra casa e sofreu alguns hematomas. Mas está tudo bem agora.

Recebi alta no mesmo dia após uns exames.

Eu estava tão cansado de mim mesmo. O meu jeito sempre incomodava as pessoas ao meu redor e eu sempre seria a vítima do bullying.

Eu estava farto de carregar um peso que haviam colocado em mim.

Todos somos diferentes. Por que justo eu teria que ser o único diferente? O que eu tinha de diferente dos outros?

Eu era o problema.

Subi na janela alta do meu quarto. A vida será mais fácil se eu não existir.

Fechei meus olhos enquanto uma lágrima escorria.

— Christopher não!

Senti minha mãe me puxando para ela.

E lágrimas escorriam por todo o meu rosto, tanto o meu quanto o da minha mãe.

— Eu sou o problema, mãe.

Falava soluçando em meio ao choro.

— Você não é e nunca será o problema, querido.

Minha mãe me envolvia em seus braços calorosos.

"

+ Autora

O capítulo foi tenso, meus amores. Até eu chorei fazendo.
Deixem seus votos dyvas e dyvos!

𝗢 𝗡𝗼𝘃𝗮𝘁𝗼 | 𝖬𝗂𝗇𝖼𝗁𝖺𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora