002. 𝘬𝘦𝘺 𝘢𝘯𝘥 𝘴𝘵𝘰𝘯𝘦𝘴.

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FLORA DESCEU DO UBER QUE HAVIA PEDIDO AO SAIR DO AEROPORTO, e enfim estava sob o solo de Los Angeles. Sua primeira impressão sobre a cidade fora sobre o clima escaldante que pairava por lá, mas nada muito incomum, já que havia crescido no Texas.

Ela pegou sua mala, agradeceu ao motorista pela corrida e começou a andar por entre as ruas de Encino, procurando a moradia de Claire. Sua tia havia a informado que não estaria em casa no momento em que ela chegasse, então teria de se virar sozinha para achar uma entre várias casas iguais na região.
Rua Sherman Oaks 246 seria seu destino final.

Quando finalmente achou o endereço correto, lembrou que a mais velha tinha lhe informado que a chave reserva da porta estaria embaixo de uma pedra falsa no jardim. O que a tia não havia lhe dito era de que haviam diversas pedras espalhadas pela grama.

— Que Maravilha tia Claire! — Resmungou, abaixando-se para checar cada uma delas.

— Precisa de ajuda?— Flora levantou seu olhar para ver quem estava atrás da cerca branca, seus olhos pairaram sob uma menina que possuía cachos louros e óculos.

— Acho que não, eu me viro sozinha, obrigada.— Sorriu, vendo que a garota continuava no mesmo lugar.

— Você tem certeza? Eu não sei o que está procurando mas se estiver embaixo das pedras, levará bons minutos nesse sol quente.

— Tem razão né?— Confessou.— Qual é seu nome?— Indagou ao levantar, se aproximando da menina.

— Meu nome é Aisha, eu moro á umas três casas daqui, e você? Não lembro de ter te visto pelos arredores.

— Sou Florence, mas pode me chamar de Flora já que você vai me ajudar a mexer embaixo de pedras.— Ambas riram e Flora abriu a portinha da cerca para Aisha entrar.— Eu não moro aqui, vim passar um tempo com a minha Tia.

— E qual a razão para estar fazendo isso?— Apontou para a grama.

— Ela está no trabalho e disse que deixou a chave embaixo de uma pedra falsa, mas esqueceu de avisar que tem muitas.— Reclamou.

Aisha foi em direção a porta de entrada e começou a vasculhar o vaso de flores que tinha ao lado, em alguns segundos levantou a chave.

— Você tinha olhado aqui?— Proferiu, rindo.

— Como eu ia saber que teria uma pedra falsa no vaso de flores?— Falou desacreditada indo em direção da cacheada.

— Acho que seria a melhor opção já que o jardim é lotada delas né.

— Quer entrar?— Disse ao abrir a porta.— Quer dizer, eu acabei de te conhecer e você pode ser uma serial killer, mas acho que você é muito atenciosa para ser uma.

— E se caso você for uma serial killer?

— Eu não pensei por esse lado... — Colocou a mão no queixo.

— Pior que agora não vai dar, eu estava indo encontrar uns amigos. Mas qualquer dia a gente se encontra, foi um prazer te conhecer Flora. — Disse dando um beijo na bochecha da loura.

— O prazer foi meu, valeu pela ajuda.— Acenou ao vê-la se afastar.

Assim que cruzou a porta, o aroma de lavanda adentrou suas narinas. Seus olhos vagaram pelo ambiente, atentos a cada detalhe daquela enorme residência. A casa era extraordinária! Os corredores se estendiam como capítulos de livros intermináveis. O teto alto abrigava lustres de cristal que refletiam em retratos antigos da família Vanderbilt, e aquela enorme sala de estar que acolhia um dos maiores sofás já vistos! Com certeza, caberiam duas casas de Florence ali dentro.

A menina subiu as escadas deveras ansiosa para ver o restante da moradia. Sua tia havia lhe falado que poderia escolher o quarto que desejasse, mas assim que ela entrou no primeiro, seus olhos brilharam!

O quarto era revestido por cores suaves e vivas. Cortinas translúcidas emolduravam a porta que dava entrada para uma sacada. Ele estava vazio, apenas a espera para ser transformado pela imaginação de Flora.

Ela colocou sua mala em cima da cama e começou a retirar seus pertences. Estava imersa em seus devaneios, quando o barulho de batidas na porta ressoou pelo ambiente.

— Puta que pariu, tia! Você quer me matar do coração?!— Exclamou, sentindo que seu coração sairia pela boca.

— Você deixou a porta da frente aberta, imaginei que já teria chegado.— Falou, aproximando-se de Flora e a aconchegando em um abraço apertado.— Que saudade que eu estava de você, garota!

— Também tava com saudade de você!— Se desvencilhou dos braços da mulher, observando seu rosto.— Você ta mais loira!

— E você ta trinta centímetros mais alta. Uma mulher já! Meu deus, como estou ficando velha.

— Eu só tenho dezesseis anos, tia. Você ainda não ta tão caquética.— Brincou.

— Mias alta e mais engraçadinha né.

— Eu sempre fui assim.— Falou, voltando a colocar as roupas no guarda-roupa.

— E ai? O que achou da casa? E como foi o voo? Correu tudo bem? — Indagou, sentando-se na cama.

— A casa é linda! Tipo, caberiam literalmente cem da minha aqui dentro. O quarto é o maior que já tive na vida e essa sacada é maravilhosa, eu mal vejo a hora de colocar uma rede lá e ficar relaxando. — Contou extasiada.

— Isso me deixa muito contente, saber que você está feliz. E o voo?

— Ah, foi tudo normal. Dormi quase a viagem toda, não foi demorado.— Deu de ombros. — Aliás, por que você já está aqui? Pensei que sairia mais tarde do trabalho.

— Eu pensei em vir aqui e fazer uma surpresinha antes de você chegar, comprei aquele bolo de red velvet que você ama, ai... ah sei lá, depois disso te mostrar a cidade, etc.— Florence riu.

— Pode fazer isso ainda, só deixa eu terminar de arrumar as coisas. E eu também queria passar em uma lojinha de decoração, pra tirar esse ar de vazio do quarto, ele fica dando eco.

— É que a casa é grande, mas podemos passar sim. Eu vou lá para baixo, na cozinha para cortar o bolo e quando terminar desce, ok?

— Pode deixar. — Falou, indo em direção a tia e a dando outro abraço.— Obrigada por me deixar ficar aqui! Eu te amo muito.

— Eu também te amo muito! Vai ser um prazer dividir a casa com você, meu amoreco.

𝐏𝐑𝐈𝐌𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑𝐄 | 𝙘𝙤𝙗𝙧𝙖 𝙠𝙖𝙞 Onde histórias criam vida. Descubra agora